quinta-feira, 20 de setembro de 2007

INFORMATIVO

Este BLOG está fora do ar por tempo indeterminado.


Pedimos desculpas e agradecemos a compreensão.


Michel.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Comentários do dia

Amigos (as) leitores (as),

Na edição de hoje destaque para Festival USIMINAS com a matéria publicada no jornal O Tempo.

Os 60 filmes que serão exibidos em BH dentro do Anima Mundi e os dez filmes imperdíveis do Festival de Cinema do Rio.

A brilhante contribuição de Danny Elfman aos “Simpsons”.

A todos uma boa leitura.

Mostra teatral traz o teatro de Ipatinga

O público belo-horizontino pode conferir hoje, pela programação do Usiminas Festival, um pouco do teatro produzido em Ipatinga. Com 23 anos de trajetória, o Grupo Boca de Cena apresenta sua versão para o clássico de Moliére "Médico à Força" no Teatro da Cidade, enquanto o Grupo Perna de Palco mostra, no Sesi Holcim, "Conversa de Botequim", uma mistura de teatro e música em homenagem aos 90 anos do samba (confira programação ao lado). O espetáculo do Perna de Palco lida com clássicos do ritmo tipicamente nacional, mesclados à história de um bar quase centenário que está prestes a fechar, metáfora para a lenda de que, um dia, o samba poderia acabar.

"É mesmo uma conversa de bar, em que personagens como o dono do bar, os bebuns e a garçonete que virou cliente falam sobre amor, solidão, de suas histórias pessoais", adianta a diretora do Perna de Palco, Luzia di Resende, que convida o público a se soltar nesse encontro informal. "Queremos que o público se sinta tão à vontade como se estivesse numa mesa de bar, onde alguém puxa um samba e logo vira um coro", convida. O Grupo Boca de Cena encena "Médico à Força", que narra a história da mulher de um lenhador que toma umas pauladas do marido e quer que ele receba o troco. Paralelamente, dois homens procuram um médico para curar a suposta mudez da filha de seu patrão.


Clique na imagem para ampliar.


A esposa maltratada aproveita a oportunidade para dizer que seu marido é médico, mas que ele só admite sua habilidade com a medicina se tomar uma paulada. Esse é o pretexto para uma série de confusões. O Boca de Cena aposta na comédia de costumes de Moliére para pesquisar as possibilidades do uso de elementos característicos da commedia dell’arte. "Não utilizamos a máscara expressiva e optamos por criar uma língua imaginária que caracteriza cada um dos personagens", adianta Claudinei de Souza, ator e produtor do grupo.


FONTE: O Tempo
Por: SORAYA BELUSI

Anima Mundi exibe 60 filmes em BH

Maior festival de animação da América Latina ganha edição na capital e mostra melhor da produção mundial



Os traços em movimento ganham espaço nobre a partir de hoje na capital mineira. Depois de edições fixas no Rio de Janeiro e em São Paulo, agora é Belo Horizonte que entra no circuito do Anima Mundi - Festival Internacional de Animação do Brasil. Em sua 15ª edição, o evento de maior prestígio e importância no setor dentro da América Latina vai exibir aproximadamente 60 produções nas Gerais, numa espécie de versão compacta - porém, bastante encorpada - da mostra principal. "É uma seleção da seleção", define Aída Queiroz, uma das criadoras do Anima Mundi, sobre os filmes escolhidos para vir à cidade. "Desde quando começamos temos a intenção de levar o festival para Belo Horizonte, que é um centro de razoável produção em animação".

Ajudou o fato de Aída ser mineira de nascença. Natural de Governador Valadares, município do Vale do Rio Doce, ela morou na capital por sete anos e estudou na Escola de Belas Artes da UFMG - e justamente animação. Logo mudou-se para o Rio de Janeiro e, com a experiência adquirida na produção de desenhos, juntou-se a outros amigos - César Coelho, Léa Zagury e Marcos Magalhães - e, em 1993, deu forma ao primeiro Anima Mundi. De lá para cá (e depois da chegada a São Paulo, em 1998), o festival ganhou espaço e importância. "É uma janela de exibição imprescindível ao que de melhor é realizado em animação no mundo inteiro. Serve como formação de público e como espaço de visibilidade a esses trabalhos que não são realizados dentro do sistema de estúdio norte-americano", defende Aída.

"O Anima Mundi atualiza o espectador sobre o que está sendo feito ao redor do planeta e é uma ponte para o realizador levar para mais longe o seu trabalho. Tudo isso possibilita um novo fôlego ao setor". Nessa perspectiva, o espectador de Belo Horizonte não vai ter do que se queixar. Em quatro sessões diárias, as produções que para cá virão representam uma grande mescla de técnicas, países e idéias das mais variadas. Isso vale desde a técnica mais "primitiva", como traços cortando a tela, até a moderníssima tecnologia em computação gráfica. Entre os destaques, vale citar o brasileiro "Vida Maria", de Márcio Ramos, um dos curtas mais premiados em festivais recentes; "Até o Sol Raiá", de Fernando Jorge e Leandro Amorim, inspirado na literatura de cordel; e o russo "Moya Lyubov", de Alexandre Petrov.

"Alguns desses filmes são de enlouquecer de tão bons", exalta Aída. Mesmo com a ascensão cada vez maior do 3-D, Aída Queiroz não acredita na supremacia desse recurso na produção dos desenhos. "É algo que a grande indústria, especialmente nos EUA, incorporou nos últimos anos. Só que é uma técnica entre várias outras", afirma. Ela acredita que tal técnica tem servido bem ao momento atual da produção, mas o que conta, na recepção final de uma animação em contato com o público, é a boa idéia e a boa execução. "A forma mais simples pode gerar um filme genial. É isso que sempre vai contar".

AGENDA - 15º Anima Mundi - Festival Internacional de Animação, de hoje a 23 de setembro, no Espaço Oi Futuro do Teatro Klaus Vianna (av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras). Entrada franca. Informações: www.animamundi.com.br.


FONTE: O Tempo
Por: MARCELO MIRANDA

"Cinema nos Trilhos" ganha nova edição

Realizado pela Fundação Vale do Rio Doce, projeto leva a sétima arte para cidades sem cinema


Foi dada a largada para a terceira edição do Cinema nos Trilhos, projeto realizado pela Fundação Vale do Rio Doce que leva filmes brasileiros para perto de quem não tem acesso à sétima arte em cidades que não possuem uma sala de exibição. Este ano a programação está ampliada, levando também a outros Estados as atividades que incluem exibição de longas e curtas-metragens e oficinas de animação para crianças e adolescentes.

Os beneficiados serão moradores do interior de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Bahia, por onde passa a Estrada de Ferro Vitória a Minas e a Ferrovia Centro Atlântica. Dez comunidades do Pará e Maranhão, próximas à Estrada de Ferro Carajás, também terão acesso ao cinema gratuito. Minas Gerais e Espírito Santo são as primeiras localidades a receberem o Cinema nos Trilhos.

Durante oito dias, as comunidades de Antônio Dias, Tumiritinga, Conselheiro Pena, Resplendor e Aimorés, em Minas Gerais, poderão assistir ao filme "Tapete Vermelho", com Matheus Nachtergaele e Gorette Milagres no elenco, e ainda ao curta-metragem de animação "Albertinho", produzido por crianças e adolescentes da rede municipal de Vitória dentro do projeto Animação. Além disso, Minas Gerais recebe a exibição do curta "Da Janela do Meu Quarto", de Cao Guimarães, uma forma de mostrar o trabalho de cineastas dos Estados por onde o projeto passa.

Segundo Sérgio Dias, gerente geral de projetos da Fundação Vale do Rio Doce, a proposta do Cinema nos Trilhos é baseada na exibição de filmes brasileiros para um público que tem dificuldade de acesso ao cinema. Mas o projeto não se limita a isso. "Tudo é pensado para criar identificação entre o filme e a comunidade em que ele está sendo mostrado", afirma.

"A primeira coisa que fazemos é realizar um levantamento antropológico sobre as paisagens, as pessoas ilustres e importantes para aquela localidade. Esta é uma forma de fazer com que essas pessoas percebam que a cidade delas também pode virar cinema e que eles podem se ver na tela", defende Dias.

Os filmes que integram a programação (veja a lista no quadro) obedecem a critérios para agradar o maior número de pessoas em todas as cidades. "O longa-metragem escolhido é sempre do circuito comercial, mas que não tenha saído em DVD e ainda não tenha sido exibido na televisão. A lógica é que ele atenda todos os públicos: das crianças aos adultos", adianta.


FONTE: O Tempo
Por: SORAYA BELUSI

Discovery Channel 'mergulha' nadador gigante em Londres

Estátua, colocada ao lado do Rio Tâmisa, faz parte de campanha para novo reality-show sobre tatuagem



O canal de documentários The Discovery Channel decidiu chamar a atenção para seu novo reality-show de forma inusitada. Foi "mergulhado" na grama ao lado do Rio Tâmisa um nadador gigante, bem próximo à Tower Bridge, em Londres.

O programa, chamado de London Ink, é baseado em um reality sobre tatuagem americano, o Miami Ink. A série deve ir ao ar na Europa e Estados Unidos a partir de 15 de setembro.


FONTE: Estadão

Os dez imperdíveis do Festival de Cinema do Rio

Uma menina que pensa que é um robô, jovens que querem virar pára-quedistas, Bob Dylan, Harry Potter... Esses e muitos outros personagens desfilarão pelos cinemas cariocas a partir de depois de amanhã, quando começa mais um Festival do Rio. Com 15 dias de duração, a maratona cinéfila exibirá 300 filmes de mais de 60 países. Para ajudar, a Megazine selecionou os dez longas-metragens que você não pode perder. A programação completa está no site http://www.festivaldorio.com.br/.



"A PROVA DA MORTE"
O QUE É? Lançado nos EUA há alguns meses, o longa-metragem "Grindhouse" reúne dois filmes, um de Quentin Tarantino e o outro do seu amigo Robert Rodriguez. "A prova da morte" é a metade de Tarantino. "Planet terror", a metade de Rodriguez, também vai passar no festival.

POR QUE VER? Tarantino + oito mulheres belíssimas e vingativas + um carro assassino. Precisa dizer mais?

Assista ao trailer



"INLAND EMPIRE"
O QUE É?
Depois que se apaixona por um ator que está trabalhando com ela, atriz começa a enlouquecer. O diretor, claro, é David Lynch ("Cidade dos sonhos").

POR QUE VER? Simplesmente porque Festival do Rio sem David Lynch não é Festival do Rio.

Assista ao trailer



"NOME PRÓPRIO"
O QUE É? Adaptação para o cinema do livro "Máquina de pinball", da gaúcha Clarah Averbuck. A direção é de Murilo Salles ("Como nascem os anjos").

POR QUE VER? Porque Leandra Leal, que faz a protagonista, é uma das melhores atrizes brasileiras da atualidade e por causa do livro, que marcou a vida de muita gente.



"I‘M A CYBORG, BUT THAT’S OK"
O QUE É?
O novo longa de Park Chan-Wook ("Oldboy") é sobre uma menina que acha que é um robô e se apaixona por um cara que pensa que rouba almas.

POR QUE VER? Pela premissa para lá de inusitada e pela promessa de cenas tão, digamos, ousadas como as de "Oldboy".

Assista ao trailer



"I‘M NOT THERE"
O QUE É?
Biografia de Bob Dylan estrelada por Christian Bale, Cate Blanchett, Heath Ledger e Richard Gere. Detalhe: todos eles interpretam o cantor e compositor. Todd Haynes ("Velvet goldmine") é o diretor.

POR QUE VER? O elenco é excelente. O diretor, acima da média. O biografado é um dos gigantes da música pop mundial. Traduzindo: não dá para não ver esse filme.

Assista ao trailer



"UM VERÃO PARA TODA VIDA"
O QUE É?
Durante um verão, quatro órfãos disputam a atenção de uma mesma família.

POR QUE VER? Porque é o primeiro filme "adulto" de Daniel "Harry Potter" Radcliffe, que encara até uma cena de sexo.

Assista ao trailer




"PARANOID PARK"
O QUE É?
Novo filme de Gus Van Sant ("Elefante"), ele gira em torno de um jovem skatista que mata, acidentalmente, um segurança.

POR QUE VER? Porque, atualmente, ninguém consegue retratar a juventude americana e seus (muitos) problemas como Van Sant.



"PQD"
O QUE É?
Novo documentário de Guilherme Coelho, diretor de "Fala tu", "PQD" mostra 70 jovens tentando entrar naquela que é considerada a elite do Exército brasileiro, a Brigada Pára-Quedista.


POR QUE VER? Trata-se de um retrato interessante das ambições e dos medos de uma juventude carioca que raramente aparece na televisão.



"CONTROLE, A HISTÓRIA DE IAN CURTIS"
O QUE É?
Biografia de Ian Curtis, vocalista da lendária banda inglesa Joy Division, que se matou no dia 18 de maio de 1980, aos 23 anos. A direção ficou a cargo do fotógrafo Anton Corbijn, o preferido de bandas como U2 e Killers.

POR QUE VER? Primeiro, porque a morte de Curtis e o som do Joy Division mudaram a cara do rock da década de 80. Segundo, porque o talentoso Corbijn nasceu para filmar essa história.

Assista ao trailer



"A ÚLTIMA HORA"
O QUE É?
Apresentado por Leonardo DiCaprio, esse documentário badalado propõe soluções para o aquecimento global.

POR QUE VER? Porque o filme usa uma abordagem simples para tratar de um tema importante.

Assista ao trailer


FONTE: O Globo

O que seria dos Simpsons sem Elfman

Finalmente Danny Elfman é levado a sério...


Em homenagem ao filme "Os Simpsons", que me garantiu alguns minutos de diversão (só esperava mais ousadia dos roteiristas), aí vai uma homenagem ao gênio Danny Elfman. Como diz meu amigo Daniel Levi, "a melhor coisa que ele fez foi sair do Oingo Boingo". Para mim, foi ter criado o tema dos Simpsons e se juntado a Tim Burton.



Para quem não lembra da cara do sujeito, assista ao clipe clássico do Oingo Boingo nos anos 80, "Stay". Ah, Elfman não faz trilha apenas para Burton ("Noiva -cadáver", "A fantástica fábrica de chocolate", "Peixe grande", "Planeta dos macacos", etc) e Simpsons. Ele é o criador de músicas dos filmes do Batman, "Homens de preto", "Homem-Aranha", "Dragão vermelho", "Chicago", "Nacho libre", ufa, e muitos outros. Infelizmentem concorreu ao Oscar, ao Grammy e ao Globo de Ouro mas nunca venceu. Será que estão esperando ele ficar bem velhinho para ganhar o Oscar pela contribuição ao cinema?

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Comentários do dia

Amigos (as) leitores (as),

Na edição de hoje destaque para Festival USIMINAS que começou ontem em Belo Horizonte e deve chegar a Ipatinga no próximo mês, e para a abertura do Programa Oi de Patrocínios Culturais para 2008.

A Fundação Clóvis Salgado (Palácio das Artes) realiza em Belo Horizonte o I Fórum de Dança entre os dias 21 e 23 naquela cidade, vale a pena dar uma olhada na programação.

Vale ler a matéria “O Saci e o Eucalipto” .

A todos uma boa leitura.

Festival leva atrações gratuitas a praças e teatros da capital

De hoje até o próximo dia 22, Belo Horizonte sedia o Usiminas Festival, que vai oferecer atrações gratuitas na Praça da Liberdade e em outros espaços da capital mineira. A abertura, hoje, inclui também o cinema, com sessões com entrada franca no Usiminas Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, 1.581). Às 20 horas, no Espaço Cultural Ambiente (Rua Grão Pará, 185, Santa Efigênia), haverá apresentação de «Amor Fati», que também terá sessões amanhã e dia 19, sempre às 20 horas. O espetáculo de dança procura recriar o conflitante universo apresentado por Nietzche por meio da fórmula do amor fati: para atravessar a grande prova do eterno retorno, deve-se não apenas aceitar integralmente o destino, mas amá-lo e desejá-lo infinitamente. Em cena, a ex-bailarina do Grupo Corpo, Jacqueline Gimenes, e o ator Fabio Mazzoni, que também assina a direção.

Também hoje, no mesmo horário, mas no coreto da Praça da Liberdade, o Coral Usiminas apresenta «A Beleza da Música Coral». No Teatro da Cidade (Rua da Bahia, 1.341, Centro), hoje, às 20h30, haverá apresentação gratuita da comédia «Banheiro Feminino». Já no palco Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613, Horto), o Usiminas Festival apresenta, às 21 horas, «Os Três Patéticos», com o Grupo Trama (Teatro).

Amanhã, além de «Amor Fati», a programação inclui apresentação da Hibridus Cia. de Dança (às 17 horas, na Praça 7), do Grupo de Dança Camaleão (às 20 horas, no Museu de Artes e Ofícios, à Praça Rui Barbosa, s/nº, Centro) e da Cia. de Dança Balé de Rua (às 20 horas, na Praça da Liberdade).

Este é o quarto ano do evento, que até o ano passada se chamava Passarela da Cultura. Nesta edição, a expectativa é reunir um público superior a 20 mil pessoas até o encerramento. Uma das atrações é a estréia, no dia 20, às 20h30, na Praça da Liberdade, de «Ês Quiz», espetáculo da Cia. SeráQuê?, uma observação sobre as manifestações de fé nos festejos religiosos afro-mineiros, com música ao vivo (participação da cantora Júlia Ribas e de Sérgio Pererê).

Usiminas Festival - De 17 a 22. Confira a programação no site: www.usicultura.com.br


FONTE: Hoje em Dia
Publicado originalmente em 17/09/2007.

Programa Oi de Patrocínios Culturais 2008

A partir do dia 25 de setembro, estarão abertas as inscrições para o Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados 2008, que destinará recursos para o financiamento, total ou parcial, de projetos aprovados em leis de incentivo à cultura nos Estados da área de atuação da empresa.

Para a edição deste ano, serão considerados aspectos como a capacidade de transformação social do projeto, de geração de renda, de criação de novas oportunidades de trabalho, de formação de artistas e de novas platéias. Também serão priorizados iniciativas que valorizam talentos regionais. A seleção será feita até o dia 29 de outubro.

Seguindo o mesmo modelo das últimas edições, o Oi Futuro, organização sem fins lucrativos que atua na área de responsabilidade social, será responsável pela gestão do Programa. As propostas serão avaliadas por comissões especializadas em cada uma das áreas culturais e o resultado será divulgado em janeiro de 2008.

Mais informações podem ser obtidas através do site www.oi.com.br ou www.oifuturo.org.br

Fundação Clóvis Salgado realiza Fórum de Dança

A partir do dia 10 de setembro, segunda-feira, estarão abertas as inscrições para o I Fórum de Dança Fundação Clóvis Salgado e 2º Encontro de Companhias Públicas, que acontece entre 21 e 23 de setembro. Grandes nomes nacionais da dança vão participar de debates e mesas redondas que visam discutir os desafios e perspectivas da profissão do artista da dança. Durante o fórum, a Cia. de Dança Palácio das Artes apresenta os espetáculos Coreografia de Cordel e Transtorna. Os encontros vão acontecer em diversos espaços no Palácio das Artes e os espetáculos serão apresentados no Grande Teatro do Palácio das Artes. Toda a programação é aberta ao público e tem entrada franca. Para participar dos debates e mesas redondas, é necessário fazer inscrição pelo telefone da Cia de Dança 3236-7321.


Confira a programação:

21 de setembro
A abertura do Fórum de Dança Fundação Clóvis Salgado e 2º. Encontro de Companhias Públicas será no dia 21, sexta-feira, às 9h30, na Sala Juvenal Dias. Logo em seguida, a partir das 10h, haverá o debate Profissão do artista da dança: desafios, que discutirá aspectos da profissão do artista da dança, em especial os relacionados à inserção no mercado de trabalho, seguridade social e aposentadoria especial. O debate contará com Liliana Segnini, do Instituto de Educação Unicamp, Maria Pia Finocchio, Presidente do SINDIDANÇA, São Paulo, Paulo Pederneiras, Diretor do Grupo Corpo, e Neivaldo Ramos, procurador jurídico da Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte.

Ainda no dia 21, às 15h, no Foyer do Grande Teatro, haverá uma reunião com participantes para aprofundar as discussões sobre a profissão da dança e suas perspectivas. Às 21h, a Cia de Dança Palácio das Artes apresenta, no Grande Teatro o espetáculo Transtorna para os inscritos e o público em geral, que deverá retirar os ingressos um dia antes da apresentação.

22 de setembro
Já no dia 22, às 9h30, na Sala do Coral, será a vez da discussão Crise na arte contemporânea, crise de criadores? Serão apontados os aspectos da criação contemporânea, apresentando-se novas possibilidades de trabalho com o novo e original, sobretudo no século XX, quando os artistas partem para dançar/falar de temas de seu tempo moderno. O debate conta com as participações de Eduardo de Jesus, professor da PUC Minas, Paulo Pederneiras, Diretor do Grupo Corpo, Christina Machado, Diretora da Cia. de Dança Palácio das Artes, Mônica Mion, Diretora do Balé da Cidade de São Paulo, Leonardo Ramos, do Ballet de Londrina, e Rui Moreira, diretor da Companhia Será Quê?.

Às 15h30 do mesmo dia, também na Sala do Coral, haverá a mesa redonda Circulação de companhias de dança, difusão nacional, com Celso Frateschi (Presidente, FUNARTE, Rio de Janeiro), Maria Rita Strumpf (Antares, Rio de Janeiro), Myrian Dausberg (Dell´Arte), Eliana Costa - Petrobrás ou BR Distribuidora, representante, Ana Francisca Ponzio (Curadora CCBB e Mostra SESI de Dança, SP), Eliana Pedroso (Diretora e Produtora do Ateliê de Coreógrafos Brasileiros / Bahia). O objetivo deste grupo de discussão é apresentar novas propostas de circulação para companhias e grupos do Brasil, apontando-se possibilidades de atuação concreta a nível institucional, econômico e estratégico.

Mais tarde, às 20h, também na Sala do Coral, haverá outra mesa redonda, Apreciação crítica da dança no Brasil: formação, criação, memória e políticas públicas, com a presença Marcelo Castilho Avellar, crítico do jornal Estado de Minas, Michele Borges, editora de O Tempo, Roberto Pereira (crítico, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro), Ana Francisca Ponzio (Crítica da Folha de São Paulo e revista Bravo), Airton Tomazzoni (Coreógrafo, mestre em Ciências da Comunicação pela Unisinos, RS). Haverá apresentação e debate em torno da atividade crítica em dança, nos meios de comunicação tradicionais e novas mídias.

23 de setembro
O dia 23 encerra o fórum com dois debates: um às 9h30 e o outro às 15h. Com o tema Apontamentos para o futuro: propostas e encaminhamentos, o encontro vai culminar com o documento final: “Carta de Belo Horizonte”, em que serão registrados todos os principais pontos discutidos durante todo o encontro.

E, para encerrar, às 19h, haverá a apresentação gratuita e aberta ao público do premiado espetáculo Coreografia de Cordel, da Cia de Dança Palácio das Artes. Os interessados deverão retirar os ingressos um dia antes da apresentação.
Confira a sinopse dos espetáculos Transtorna e Coreografia de Cordel.

Serviço:
Evento: I Fórum de Dança Fundação Clóvis Salgado e II Encontro de Cias Públicas
Data: 21 a 23 de setembro. Inscrições de 10 a 20 de setembro.
Horário: Transtorna - 21 de setembro, sexta, às 21h. Coreografia de Cordel - 23 de setembro, domingo, às 19h.
Local: Grande Teatro do Palácio das Artes
Entrada Franca.
Balcão de Informações: (31) 3236-7400



FONTE: Fundação Clóvis Salgado

TJ revoga liminar que impedia a execução de obras do projeto Circuito Cultural Praça da Liberdade

A primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou, hoje (11/09), provimento ao Agravo de Instrumento, interposto pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra o projeto Circuito Cultural Praça da Liberdade. Desse modo, revogou a liminar que impedia as obras destinadas a executar o projeto, no prédio da Secretaria de Estado da Fazenda. Esse imóvel irá sediar a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.

A decisão acolheu a tese da Advocacia-Geral do Estado (AGE), defendida pelos procuradores do Estado Cleber Reis Grego e Alexandre Diniz Guimarães. Os procuradores argumentaram que, ao contrário do alegado pelo MPE, o Conselho Curador do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA) não tem competência técnica para opinar sobre projetos de intervenção em prédios tombados. De acordo com Grego e Guimarães, a Diretoria de Conservação e Restauração do IEPHA, que aprovou os projetos é o órgão responsável para deliberar sobre o assunto. Ressaltaram, ainda, a anuência dada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte.

O projeto Circuito Cultural busca em parceria com o setor privado dar uma nova destinação ao conjunto arquitetônico da Praça da Liberdade. Para isso, foi realizado um concurso público para definição do melhor projeto.


FONTE: Secretaria de Estado da Cultura

Incentivo às Expressões Culturais da Pessoa Idosa

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, assinou portaria criando o Programa de Fomento e Valorização às Expressões Culturais da Pessoa Idosa. Valorizar e ampliar o reconhecimento e a visibilidade das expressões culturais e também combater a violência e a discriminação contra o grupo etário são os objetivos do programa. A Portaria nº 41 foi assinada no dia 12 de setembro e publicada na edição do dia 13 do Diário Oficial da União (Seção 1, página 4).

A Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do MinC (SID/MinC) será responsável pela coordenação das ações desse programa. Ela concederá apoio e estímulo às iniciativas, aos projetos culturais e às ações que visem o desenvolvimento, o fortalecimento, a promoção e a divulgação das expressões artísticas dessa parcela da população brasileira.

De acordo com a portaria, a execução das ações vai acontecer por meio de processos seletivos públicos. Os recursos para a implantação das ações relacionadas ao programa serão oriundos da Lei Orçamentária, de parcerias e/ou de outras fontes eventuais de recursos.

Concurso Inclusão Cultural da Pessoa Idosa
Um grande passo já foi dado rumo às primeiras concretizações dos objetivos do programa. No dia 25 de julho deste ano, foi publicado no Diário Oficial da União o Edital do I Concurso Público Prêmio Inclusão Cultural da Pessoa Idosa, criado pela SID/MinC. As inscrições encerraram-se no dia 8 de setembro.

O concurso foi aberto às Pessoas Físicas e às Pessoas Jurídicas de natureza cultural, públicas ou privadas, sem fins lucrativos, que já desenvolveram ou ainda desenvolvem ações de inclusão das pessoas pertencentes a esse grupo etário. As propostas inscritas serão analisadas por uma comissão de avaliação, que se reunirá para o trabalho em meados do mês de outubro. Da comissão farão parte especialistas convidados, técnicos e dirigentes do Ministério da Cultura. Serão selecionadas 20 iniciativas, e cada uma delas receberá um certificado e o valor de R$ 20 mil. Os recursos são da Petrobras, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).


FONTE: Ministério da Cultura
Por: Gláucia Ribeiro

O Saci e o eucalipto

Em 32 estrofes, o agricultor e cantador Ditão Virgílio colocou em seu cordel, o “Estórias de uma perna só”, uma apaixonada defesa da cultura caipira e dos modelos de silvicultura tradicionais da região de São Luis do Paraitinga, seu município, que hoje enfrenta um momento de tensão política por causa do choque de interesses entre movimentos e empresas plantadoras de eucalipto (veja matéria sobre o tema aqui).

Morador do sítio Tarumã do Bom Retiro, no bairro de mesmo nome, Ditão é apicultor, e nos cedeu uma breve entrevista, pedindo somente que se publicássemos seu cordel (que segue abaixo) não deixássemos de dizer que é um dos 19 volumes do “Estórias”.

Na entrevista, Ditão, nos contou que o cordel nasceu de um pedido de membros de movimentos sociais locais, para uma audiência do Plano Diretor da cidade, ocorrida em agosto último. A idéia inicial era de que fosse uma poesia sobre o impacto do eucalipto nas nascentes, mas “não deu para ficar só nisso. Eles (as empresas) jogam muito mata-mato, muito veneno contra as formigas. Acho que passa um pouco da conta. Além disso, estão derrubando as casas grandes das fazendas, aterrando e comprando. E estão exigindo que mandem o pessoal das fazendas embora, e o pessoal vem para a cidade. Hoje o pessoal está vivendo disso, mas a chegada das máquinas, que trabalham por 100 homens, vai deixar o pessoal desempregado. No momento está bom para a prefeitura, que não está tendo problemas de desemprego, mas eu estou vendo o impacto disso para o futuro”.

O poeta, por sua vez, coloca que não é contra o eucalipto em si, mas contra a forma como ele é explorado, e completa: “Eu quero é que cuidem da nossa terra. É só um aviso meu, este cordel”. Então, vamos ao aviso:

O Saci e o eucalipto
(Por Ditão Virgilio 14/08/2007)


1
Um dia fui passear
Lá no reino encantado
E em cima de um cupim
Eu vi o saci sentado
Com os olhos cheios d?água
Que há pouco tinha chorado
Então lhe perguntei
Por que estava desolado

2
Deu um rodamoinho
E ele me respondeu
Olha para as montanhas
Veja o que aconteceu
Plantaram uns paus compridos
Que depressa cresceram
Todos os bichos foram embora
E alguns até morreram

3
É o tal de eucalipto
Planta que não é daqui
Uma mata silenciosa
Que acabou com tudo ali
Os macacos foram embora
Até o mico e o sagüi
Que saudade do sabiá
Do sanhaço e o bem-te-vi

4
Esta planta suga a terra
As nascentes estão secando
Nossos rios caudalosos
Devagar vão se acabando
As fazendas destruídas
Pelas máquinas vão tombando
O caipira sem destino
Pra cidade está mudando

5
As casinhas da fazenda
Também foram derrubadas
Só tem árvores no lugar
Quase não serve pra nada
Ressecando nossa terra
Expulsando a passarada
Não tendo onde criar
Não alegra a madrugada

6
Os peixes estão morrendo
Com o veneno espalhado
Um tal de mata-mato
Que seca até a invernada
Dão veneno pras formigas
Que nunca é controlado
Tamanduás e os tatus
Quase foram exterminados

7
Já não tem fogão de lenha
Onde fumo ia buscar
Não tem mais o galinheiro
Onde eu ia brincar
Acabou-se o chiqueiro
Não tem porco pra engordar
Os caipiras vão embora
Por não ter onde morar

8
Não tem vacas leiteiras
Nem bezerros a berrar
Mesmo o cavalo alazão
Já não tem o que pastar
O galo já não canta
Quando o dia vai clarear
Se continuar assim
O Saci não vai agüentar

9
Com a sombra desta árvore
As flores desapareceram
A juriti está calada
Não canta na capoeira
João-de-barro não faz casa
Pois não tem mais a paineira
O canarinho foi embora
Com o sabiá-laranjeira

10
Acabaram-se as algazarras
Das bonitas maritacas
Até mesmo garças brancas
Já ficaram muito fracas
Com esta falta de água
Também acabou a paca
O sertão está em silêncio
Com a praga que o ataca

11
O gavião-carcará
Já não tem o que comer
O curiango não canta
Quando chega o escurecer
A coruja em desespero
Voou no amanhecer
Até mesmo a cascavel
Não está tendo o que fazer

12
Não tem mais o milharal
Crescendo lá na baixada
Por isso o inhambu
Não pia mais na palhada
As rolinhas muito tristes
Já não fazem revoada
Tico-tico já não pula
Lá no meio da estrada

13
A saracura-três-potes
No brejo não pode morar
Naçanica-bico-verde
Não tem inseto pra pegar
Pois sem água o brejo seca
E não tem nada para dar
Os bichos morrem de sede
No seu próprio habitat

14
No rio não tem mais bagre
Nem traíra nem piaba
Pois com a falta de fruta
Vem a fome e tudo acaba
Veneno na enxurrada
Matou o pé de goiaba
Acabou fruta silvestre
E sumiu a jabuticaba

15
Também já secou
O Corguinho o lugar
Morreram os lambaris
Já não tem o que pescar
Camarão de água doce
Não sei onde foi parar
Sapo, perereca e rã
Pararam de coaxar

16
Até a bela siriema
Cantou lá na cachoeira
Tentando avisar o homem
Pra parar com essa besteira
Estão matando a natureza
Com uma flecha certeira
Este mal não vai ter cura
Vai durar a vida inteira

17
Queimaram os paus podres
Onde o pica-pau faz ninho
No oco dessas madeiras
Onde nascia o filhotinho
As mamangavas sumiram
Foram embora de mansinho
Só tem cheiro de eucalipto
Espalhado no caminho

18
Até mesmo as abelhas
Conseguiram enganar
Dizendo que essa árvore
Muitas flores ia dar
Mas quando os botões
Começaram a desabrochar
Eles fazem a derrubada
Não deixam nada sobrar

19
O pobre do vaga-lume
Não tem luz na escuridão
Pois esses paus compridos
Ficam distantes do chão
Atrapalhando o seu vôo
Nesta grande imensidão
Mesmo nos taquaris
Pode não ter salvação

20
Sou Saci estou preocupado
Se acabar o bambu
Como é que eu vou criar
No meio do taquaruçu
É lá onde também mora
Aquele bando de jacu
E eles estão sumindo
Juntinho com o anu

21
Com um veneno forte
Acabaram com o varjão
A baixada só tem pau
Já não planta mais feijão
A nossa mata nativa
Não tem mais brotação
Com a sombra dessa árvore
Nada nasce neste chão

22
Também a onça-pintada
Jaguatirica e suçuarana
Estão morrendo de fome
E ainda levam a fama
Porque o veado-mateiro
Morreu por falta de grama
Se você pensa que foi ela
Aí é que você se engana

23
O bem-te-vi já não canta
Na copada do pinheiro
E o sanhaço azul
Não senta no pessegueiro
A sombra acabou com tudo
Matou o pé de coqueiro
Tapera de pau-a-pique
Plantaram até no terreiro

24
O caipira indo embora
Vai acabar sua cultura
Não sou contra o eucalipto
Mas sim a monocultura
Não comemos celulose
Nem essa madeira dura
É com sede de dinheiro
Que cometem essa loucura

25
Na comida caseira
Não tem frango caipira
O porquinho na panela
Torresmo que se admira
Não tendo mais abobreira
Também não tem cambuquira
Nem toucinho no fumeiro
Nem couve rasgada em tira

26
Homem da roça apertado
Vai morar na cidade
E trabalha com eucalipto
Contra sua vontade
De vez em quando lembra
Que tinha felicidade
Num canto chora escondido
Do sertão sente saudade

27
Até o vento é diferente
Mudou a vegetação
Diz que é reflorestamento
Mas é uma enganação
Porque logo cortam tudo
Pra celulose e carvão
Deixando a nossa terra
Uma grande devastação

28
Por enquanto dão emprego
Dizendo que vão ajudar
Não passa muito tempo
Pra tudo isso acabar
Deixam tudo destruído
E saem pra outro lugar
Fica pra trás a miséria
E a fome vai se espalhar

29
Até mesmo a capelinha
Onde o povo ia rezar
Foi fechada a porteira
Para não poderem entrar
Tentam acabar com a festa
Que é tradição do lugar
Se deixarem trocam por pau
Até os santos do altar

30
Me chamaram de malvado
Pela minha esperteza
Gosto de traquinagem
Não sou mau com certeza
O que quero é defender
A nossa maior riqueza
Eu sou filho dessa terra
Brigo pela natureza

31
Vou indo rapidamente
Girando cisco no vento
Se você não pensar em mim
Agora neste momento
De pensar que eu já existo
Para isto fique atento
Não sou filho da mentira
Criação do pensamento

32
Dê um grito de alerta
Peça para o povo ajudar
Não deixe o eucalipto
Com o sertão acabar
Este deserto verde
Pouco tem e nada dá
Sou da terra das palmeiras
Onde canta o sabiá

FIM
(Publicada no "Estórias de Uma Perna Só" No. 19 - 13.08.2007 - São Luiz do Paraitinga - SP)


FONTE: Cultura e Mercado

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Comentários do dia

Amigos (as) leitores (as),

Na edição de hoje destaque para a opinião da produtora Marilda Lyra sobre o novo processo de abertura de contas para projetos a serem realizados com recursos da Lei Rouanet.

Destaque ainda para o documento TERRORISMO CULTURAL E ATENTADO POÉTICO produzido durante o ENARTCi.

No dia 11/09 publicamos um texto de Fernando Brant, a respeito do ministro Gilberto Gil com foco na política de direitos autorais. A pedido do ministro, a Folha de S. Paulo publicou sua posição a respeito da nota de Brant e, nós, na devida obrigação de permitir o direito de defesa, replicamos hoje a nota do ministro Gilberto Gil.

Vale lembrar que começa hoje o “Teatro Circular Farroupilha”, um curso livre de teatro. Os inscritos devem comparecer na Av.Londrina 180,com roupas leves e confortáveis para exercícios físicos.

O novo site USICULTURA é o marco de um novo passo digital para a instituição, a tempos a página linkada com o site da USIMINAS não era atualizada e agora eles possuem um canal direto. Vale a pena dar uma olhada e destacar a diagramação.

Antes de finalizar quero pedir desculpas pela falta de publicação nos últimos dias. Esperamos que não ter o mesmo problema novamente.

A todos uma boa leitura.

JOVENS BANDAS

Show: Wilson Sideral
Premiação: R$ 3.000,00
o evento será realizado de 18 a 20 de outubro, às 19h, no Centro Esportivo do Unileste-MG, campus I, em Coronel Fabriciano.

será cobrada uma taxa de R$ 50 de participação.

Mais informações em: www.jovensbandas.com.br

E VIVA A BUROCRACIA!!!

Prezados produtores, artistas e agentes culturais,

Está cada vez mais difícial trabalhar com projetos culturais neste país.

Não bastasse a morosidade com que o Ministério da Cultura vem trabalhando, agora, mesmo com o projeto aprovado, temos que passar pela burocracia da abertura de conta corrente.

É sabido por todos que captar recursos para projetos aprovados na Lei Federal não é tarefa fácil. Com a nova medida, o processo estabelecido pelo MINC, torna a captação uma tarefa mais árdua do que já era.

É que agora, depois do projeto aprovado e com publicação no Diário Oficial temos que solicitar a abertura de conta Bloqueada Vinculada. Só depois do projeto conseguir captar os 20%, exigidos pela Lei, é que será aberta a conta de Livre Movimentação.

Antes o próprio proponente abria a conta na instituição financeira de sua preferência, captava os recursos e, após atingir os 20%, solicitava autorização para movimentação da conta corrente. Só então iniciava a realização do projeto.

Tenho projeto aprovado, patrocinador interessado, já com valor definido, mas que não consegue efetivar o patrocínio porque não tenho onde depositar os recursos. Enviei carta, fiz solicitação por email, telefonei e até agora o único retorno que obtive, da funcionária que, para minha sorte, atendeu ao telefone, foi de que eu tenho que esperar, pois apesar da orientação da página do Ministério, de que, para agilizar o processo, devo enviar solicitação de abertura da conta para acompanhamento.sefic@minc.gov.br, só depois que da correspondência chegar ao órgão, via correio, é que as providências serão tomadas. Dá para entender isso?

Precisamos urgentemente fazer alguma coisa no sentido de conseguirmos junto ao Ministério da Cultura que o processo volte a ser como antes. As contas podem até ser centralizadas no Banco do Brasil, mas a abertura das mesmas devem ficar à cargo do proponente do projeto.
Senão daqui a pouco, a cada cheque emitido teremos que pedir autorização e enviar no mínimo três orçamentos dos serviços.

Precisamos nos posicionar à respeito. Por isso, proponho que quem estiver a favor de voltarmos ao processo antigo que envie email e correspondência ao MINC repudiando o novo processo.

os endereços são: fomento@minc.gov.br; acompanhamento.sefic@minc.gov.br

Ministério da Cultura
Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura
Caixa Postal - 8606 - CEP 70312-970, Brasília (DF)

ou

Ministério da Cultura
Esplanada dos Ministérios, Bloco B
Protocolo Central
CEP: 70.068-900

PRECISAMOS NOS POSICIONAR CONTRA ESTA BUROCRACIA. ALGUMA COISA PRECISA SER FEITA.

Conto com o apoio de todos.

cordialmente,


Marilda Lyra
Produtora Cultural e Jornalista
Ipatinga - MG


Confira abaixo como funciona o novo processo ou acesse http://www.cultura.gov.br/ e vá a apoio a projetos, abertura de contas.

Abertura de Contas
Incentivo Fiscal (Mecenato)

Abertura de Contas

Centralização das Contas no Banco do Brasil
O Ministério da Cultura (MinC) é responsável pela abertura das contas dos projetos, feitas exclusivamente no Banco do Brasil, para projetos que estejam a ponto de receber captação de recursos por parte dos patrocinadores. O procedimento é adotado a partir da divulgação da Portaria nº 9/2007, divulgada no dia 7 de março no Diário Oficial da União.

Cada projeto terá duas contas específicas, a conta Bloqueada Vinculada e a conta de Livre Movimentação, a serem abertas pelo Ministério da Cultura em diferentes momentos. Ambas serão vinculadas ao CNPJ ou ao CPF do proponente e individualizadas por projeto.

Os recursos captados deverão ser depositados somente na Conta Bloqueada.
A conta de Livre Movimentação é utilizada apenas para a execução do projeto.


Procedimentos para a abertura das contas de Incentivo Fiscal

1 – Escolha da Agência Bancária
Ao entregar o projeto ao MinC, o proponente deve indicar, no formulário do projeto, o número da Agência do Banco do Brasil de sua preferência para a abertura posterior da conta, caso seu projeto seja aprovado.
- O proponente deve estar atento ao perfil da agencia indicada, ou seja, se o projeto for apresentado por pessoa física, deve ser indicada uma agência que atenda esse perfil. O mesmo para pessoas jurídicas.
Agência de atendimento de Pessoa Jurídica – Pessoa Jurídica

Agência de atendimento de Pessoa Física – Pessoa Física

2 – Abertura da conta Bloqueada Vinculada
A primeira conta a ser aberta é a Bloqueada Vinculada, onde estarão centralizados os depósitos identificados pelo CPF e CNPJ do depositante. A conta, aberta para a arrecadação dos recursos, será aberta pelo MinC mediante solicitação do proponente que possua projeto aprovado e que já possua patrocinador, por meio do e-mail acompanhamento.sefic@minc.gov.br.

3 – Abertura da conta de Livre Movimentação
No momento em que o projeto obtiver captação de recursos mínima de 20% do total a ser incentivado o proponente deverá solicitar ao MinC a abertura da segunda conta, de Livre Movimentação. A solicitação deverá ser feita também pelo e-mail acompanhamento.sefic@minc.gov.br.

- Após esse procedimento, os recursos da Conta Bloqueada Vinculada serão transferidos para a conta de Livre Movimentação, a pedido do proponente, que será utilizada para a execução do projeto

Terrorismo Cultural & Atentado Poético

Memorando de Ipatinga

Ipatinga, 09 de setembro de 2007


De: Artistas da dança sofrendo e/ ou se divertindo no Enartci
Para: Todo mundo se divertindo e/ ou sofrendo no resto do Brasil

Estamos aqui para desenvolver variações em torno do tema "Corpo e barbárie" (independente da tradução que alguém faça de "corpo" e "barbárie"). Entre espetáculos, conversas, passeios de trem pela Ipatinga que turistas, empresários e governos não vêem, chegamos ao inevitável debate sobre políticas públicas. Para a cultura ou para além da cultura.

Passamos, como sempre, por questões como:
-Leis de incentivo, alternativas a elas, ou a falta de alternativas.
-Patrocinadores, ou a maneira como nossas publicações, imagens e paredes de teatros estão cada vez mais poluídas com logomarcas.
-Nossa postura no meio deste debate, sempre cheia de desejos e frustrações, mas com menos sugestões ou proposições do que seria eficiente.
-Urgência da implantação de medidas que estimulem a diversidade cultural, aqui entendida não apenas como uma diversidade de projetos ou idéias, mas de modos de criar, produzir, expressar.
-Dificuldade em agir por um bem comum quando o núcleo atual da estrutura de produção gira em torno de elaborar projetos, inscrever-se em editais, captar recursos - ou seja, atividades que premiam o individualismo e o isolamento, e inibem o surgimento de ações políticas coletivas.

Tendo isso em vista, propomos (convocamos, atentamos, sugerimos, clamamos e exclamamos):
- Circulação de sugestões, propostas, posicionamento afirmativo sobre como devem ser as políticas culturais. Ninguém tem a obrigação de nos salvar, de modo que nenhuma proposta de política pública será legítima e suficiente se não partir de nós.
- Implantação de processos que conduzam a um treinamento político-poético-ideológico, centrado em temas como - mas não somente - formas de organização, estratégias de comunicação com públicos (gente comum, mídia, comunidades específicas, capital, governantes etc.), estruturas de ação direta (intervenção, mobilização, terrorismo cultural e atentados poéticos), que nos dêem condições materiais e objetivas de encontrar as formas de nossa militância neste novo século.
-Determinação de objetivos, já que é necessário discutir - sempre - por que dinheiro de contribuintes deve ser aplicado neste programa ou naquele projeto. É inadmissível a postura dos grupos e artistas que, ao receberem recursos públicos, retiram-se do debate sobre as políticas, ou da pressão sobre os poderes.

-Estímulo aos programas que propiciem o encontro e a diversidade, e às estruturas de fomento, que sejam constantes e que não se abalem com mudanças governamentais.

-Uma nação com cultura continuada adoece menos e faz melhor suas escolhas.

No mais,

Aguardamos as notícias de vocês,

E pretendemos continuar a martelar a cabeça e a caixa postal de vocês com as nossas notícias.


FONTE: e-mail recebido de hibridus.mail@gmail.com

A importância dos direitos autorais

O debate sobre direitos autorais ganhou espaço importante de discussão pública. Trata-se de assunto estratégico para a cultura brasileira: a valorização e proteção aos autores e criadores é premissa fundamental de todo o trabalho que vem sendo realizado no Ministério da Cultura -instituição que tem a competência, no Estado brasileiro, de tratar o tema.

Em grande medida, suscitamos a discussão quando decidimos retomar a responsabilidade do ministério de atuar neste que é um dos mais importantes temas da cultura. Além de órgão regulador, o Ministério da Cultura tem se tornado um grande financiador de bens artísticos e criativos, aumentando seu orçamento ano a ano, e remunerando, via seleções públicas, milhares de autores de filmes, peças, livros e outros bens culturais que entram em circulação no país.

Na globalização, o Brasil precisa afirmar-se como um grande produtor de conteúdo em língua portuguesa e não apenas um gigante consumidor. Nossa balança comercial em propriedade intelectual (hoje deficitária) deve buscar o equilíbrio, em benefício do Brasil, das empresas e dos autores brasileiros.

O direito autoral voltou hoje a ser premissa e uma das finalidades da política cultural brasileira. A política para o direito autoral é estratégica porque diz respeito à soberania do Brasil e de nossos criadores na emergência da sociedade do conhecimento.

Passados dez anos da última alteração da Lei Autoral brasileira, é hora de a sociedade pensar se é necessária uma atualização. São muitas as insatisfações com o atual modelo, a começar pelos autores, que não se sentem inteiramente protegidos, nem bem remunerados. E acrescentemos o desafio dos novos modelos de negócios em base digital e, também, o aprofundamento da democracia e o desejo dos brasileiros de acessar a cultura, como parte de sua formação humana integral.

Hoje, a lei é anacrônica para atender, de forma equilibrada, tanto autores como consumidores e cidadãos. A simples reprodução de um arquivo musical para um tocador de MP3 contraria nossa legislação autoral, que não diferencia cópia privada de cópia com fins de pirataria. Tanto autores como consumidores concordariam que esta é forma relevante de circular cultura e remunerar artistas.

Tecnologia
O ambiente de desenvolvimento das tecnologias digitais promove, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade para o criador de obras literárias e artísticas. Desafio porque, dada a facilidade com que se reproduz ou se comunica ao público, uma obra ultrapassa largamente a capacidade tradicional de controle do autor sobre a sua utilização. Oportunidade, pois o autor nunca teve tanta facilidade em tornar público o seu trabalho, sem depender dos esquemas tradicionais que lhe submetem a um contrato com um investidor cujos termos são, por vezes, onerosos e mesmo leoninos contra os autores. Em algum momento de minha carreira musical, senti na própria pele como os autores nem sempre são os beneficiários.

A lei atual prescreve a utilização das medidas de proteção tecnológica (MPT), que permitem ao dono dos direitos sobrepor algum software ou programa específico sobre a mídia em que eles estão gravados, de maneira que seja impossível, por exemplo, copiar o filme ou a música. Na prática, em todo o mundo, tais medidas têm se revelado ineficientes e incapazes de manter a remuneração dos autores e investidores.

A tecnologia a serviço do cerceamento das liberdades produzidas pela própria tecnologia não é o melhor caminho, quando temos formas mais modernas de controle e novas formas de modelos de negócio, como a contribuição obrigatória sobre a mídia virgem. Essa contribuição, mínima, é revertida automaticamente para os autores como forma de compensá-los por perdas como as causadas pelos downloads. Limitações e exceções à proteção autoral permitem atividades culturais sem fins econômicos, que são perfeitamente legais em países avançados.

Devemos também enfrentar a vulnerabilidade dos criadores frente ao abuso de poder econômico do investidor, que se reflete, por vezes, em certas formas de contrato, de licenciamento ou cessão dos direitos sobre sua obra para que ela seja reproduzida, veiculada, distribuída ou comunicada ao público. O que sobra ao autor após a assinatura desse contrato é, via de regra, ínfimo, face à importância de sua criação para a mídia e para o usuário final da obra protegida.

As distorções da lei atual criam um claro desequilíbrio entre o incentivo à criação versus o acesso à cultura, de um lado, e, de outro, o incentivo ao criador versus a remuneração do investidor. A tecnologia, por certo, interfere nesse processo, nos colocando diante de desafios que serão enfrentados com muito debate social, negociação e inovação. A questão fundamental a ser enfrentada é: como remunerar de maneira condizente o criador nacional, o bem-estar que ele propicia a toda a sociedade?

Transparência
Devemos reforçar o papel das entidades de gestão coletiva autoral em suas tarefas de controlar a utilização das obras e de arrecadar uma remuneração justa, que seja efetivamente revertida aos autores. São legítimas as críticas constantes ao órgão central de arrecadação da execução pública musical, assim como a situação de falência da entidade mais antiga de gestão coletiva, no caso dos direitos de representação teatral, além da ausência de órgãos de gestão, por exemplo, na área do cinema.

No período recente, o Estado brasileiro praticamente foi desmantelado no seu papel de garantir mais transparência. Hoje, tornou-se necessário fortalecer o papel do Estado na área. O Ministério da Cultura apoiou a criação, no âmbito do Ministério da Justiça, do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP).

O governo tem sido bem-sucedido em coordenar os esforços entre a iniciativa privada e o Estado, com o objetivo de combater a reprodução não-autorizada de obras autorais. Isso tem sido feito, facilitando o trabalho das autoridades policiais e judiciárias na busca, apreensão e destruição do material pirateado.

Porém, temos insistido que não será suficiente somente a repressão pura e simples à pirataria, sem um trabalho de educação e informação para a população da importância do direito autoral e da relação intrínseca entre a pirataria e o crime organizado, mostrando que a compra de material pirata financia a criminalidade. A iniciativa privada também tem um papel importante nessa área, devendo buscar reduzir os preços dos CDs e DVDs comercializados para torná-los mais atrativos para o consumidor de material pirateado. O Estado não pode tudo nessa área: sem um esforço de toda a cadeia de comercialização, as medidas represssivas não serão suficientes.

A consolidação das leis autorais, ainda no século 19, teve sempre um objetivo fundamental: incentivar a criação como forma de aumentar o bem-estar da sociedade. Nossa lei atual está cumprindo esse objetivo? Em minha visão, não é o caso.

Por isso tudo, julgo que devemos rever esses desequilíbrios e induzir à melhor distribuição de benefícios, na qual o criador receba uma contrapartida justa em relação a seu papel na sociedade. Com o meio digital, o desafio é ainda maior. Independentemente de qual sejam esses instrumentos e seu foco de atuação, o Ministério da Cultura já vem trabalhando para dotar seu setor autoral de uma estrutura adequada, para fazer frente aos desafios impostos pelas novas tecnologias e, principalmente, pela grandeza cultural de nosso país.

Nesse sentido, é com satisfação que anuncio que o Ministério da Cultura realizará uma série de encontros, seminários e oficinas integrando um fórum nacional sobre direitos autorais que promoverá um amplo debate com a sociedade e com todos os atores envolvidos na questão autoral com vistas a definir qual a melhor forma de promover os equilíbrios que mencionei, bem como a atuação que o poder público deve ter para dotar o campo autoral de mais transparência e justiça.

GILBERTO GIL, 65, é compositor e atual ministro da Cultura.


FONTE: Folha de S. Paulo
Por: Gilberto Gil

Independentes se reúnem no Jambolada

Festival que aconteceu em Uberlândia promoveu shows de 25 bandas de vários Estados brasileiros, além de debates


UBERLÂNDIA - Troca de experiências, criação coletiva e cooperação são expressões recorrentes na cena da música independente brasileira. Pelo caráter aglutinador, os festivais são a realização prática de um movimento articulado que tem como objetivo produzir conteúdo alternativo, distribuir esse produto e fazer circular pelo país as bandas. Dentro desse espírito de "aprender fazendo", participar do movimento por vezes é até mais importante que a música em si, como pôde ser observado no Jambolada, festival que agitou Uberlândia, no Triângulo Mineiro, de sexta até ontem, com shows de 25 bandas de diversos Estados brasileiros.

Na sexta, a banda de Uberlândia Porcas Borboletas fez seu público pular bastante em uma apresentação para lá de irreverente, mas quem brilhou mesmo foram os acreanos do Los Porongas, com seu rock amazônico honesto, visceral e muito original. No sábado, os mineiros do Dead Smurfs foram a surpresa subversiva do festival. Como chamarizes de um público de milhares de pessoas, um Tom Zé deslocado e uma Nação Zumbi espetacular foram moldura honrosa para a materialização da cena indie nacional.

E nos bastidores, a cena realmente se realizou. "É o melhor backstage do país", ouviu-se nas coxias, onde centenas de músicos, produtores e jornalistas de todo o país trocavam CDs, contatos e, claro, experiências. "O objetivo é que os produtores pensem de maneira própria, criem tecnologias, usem as ferramentas à disposição e apliquem essas experiências às suas próprias realidades", traduziu bem o espírito da coisa o produtor e jornalista Israel do Vale na tarde de sexta, durante um debate que abriu o Jambolada.

Circuito mineiro
Na tarde do sábado, a música deu lugar à conversa em prol da articulação entre os artistas - e que também é uma das propostas do Circuito Fora do Eixo, ação da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) do qual o Jambolada é membro. Assim, numa reunião com produtores de Belo Horizonte, Uberlândia, Uberaba e São João del Rei, foi dado o pontapé inicial do Circuito Mineiro de Festivais, iniciativa semelhante à Abrafin, com foco regional. A idéia é que se estabeleçam roteiros para que bandas de Minas circulem dentro do próprio Estado.

Também no sábado divulgou-se em Uberlândia o Festival Garimpo, a ser realizado na capital mineira entre os dias 27 e 29 de setembro, com 20 artistas e grupos de Minas, São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Mato Grosso e Ceará. Exemplo dos conceitos e discussões da Abrafin e do Jambolada, o Garimpo pretende consolidar o recémcriado Festival de Música Independente de Belo Horizonte.

O repórter viajou a convite do festival


FONTE: O Tempo
Por: MARCELO FIUZA /ENVIADO ESPECIAL

Direitos autorais criam polêmica entre Brant e Gil

Parceiro mais constante de Milton Nascimento, Fernando Brant está do lado de Gilberto Gil no time dos principais autores da dita MPB. Mas, como presidente da UBC (União Brasileira de Compositores), sociedade arrecadadora mais antiga do país (criada em 1942), resolveu radicalizar sua oposição ao ministro da Cultura. Gil defende desde 2003 a flexibilização dos direitos autorais em função das mudanças provocadas pelas novas tecnologias.

"Ministro bárbaro, exterminador de criadores", atacou Brant em artigo publicado em "O Globo" na última sexta-feira. Em entrevista à Folha anteontem, ele economizou nos adjetivos duros, mas reafirmou a crença de que Gil está lutando contra os direitos dos autores de canções.

"Todas as ações dele são contra o direito autoral, principalmente o musical. Ele não pode transformar uma idéia que tem como artista em política de Estado. [A flexibilização] não está no programa do Lula, ele [Gil] não conversou com ninguém da classe", critica Brant.

O ministro informou, por meio de sua assessoria, que não responderia a Brant. Mas não foram poucas as vezes em que já falou do assunto. Para ele, como a internet permite a disseminação gratuita de músicas, deve-se pensar em outras formas de remuneração dos autores. E cabe ao ministério propor esse debate.

"A cultura digital carrega consigo uma nova noção sobre a propriedade intelectual, e esta nova cultura de compartilhamento pode e deve abastecer as políticas governamentais", afirmou ao "New York Times" em março passado.

Para Brant, "a tentativa de colocar a mão do Estado nisso" fere um direito privado. O letrista ressalta que está defendendo, especialmente, os autores que não fazem shows -como é o seu caso- e não podem ganhar dinheiro com venda de ingressos. "Se não proteger os autores, ninguém vai mais criar, por que do que vive o autor? Gil não precisa, faz shows. Por que ele não libera os ingressos dos shows dele?"

A polêmica está ligada ao Creative Commons, ONG que, a partir das idéias do norte-americano Lawrence Lessig, concede há seis anos licenças para quem deseja abrir mão de parte de seus direitos autorais em nome de maior divulgação do trabalho ou mesmo para compartilhar idéias pela internet. Artistas nacionais como B.Negão e Mombojó potencializaram assim suas carreiras.

"Brant diz que, no Creative Commons, o artista abdica de seus direitos. Não é verdade. O artista autoriza que pessoas utilizem as obras de acordo com certas condições. A licença mais escolhida proíbe o uso comercial. Se alguém violar isso, há recursos jurídicos para coibir. O Creative Commons, na verdade, só existe pois existem direitos autorais", afirma o advogado Ronaldo Lemos, representante do CC no Brasil.

Brant acredita que se vive um momento de transição e que, em breve, haverá dispositivos tecnológicos (uma "marca d´água digital", por exemplo) para cobrar pequenas quantias de quem baixa música. "A mesma tecnologia que cria facilidades cria possibilidades de controle. Mas Gil e o ministério são contra o uso da tecnologia para proteger", afirma.

CAETANO ACHA "INTERESSANTE"
Na terça passada, Caetano Veloso disse achar "interessante" a proposta do Creative Commons. "O autor ter o direito de liberar como ele quiser a parte da obra que quiser do jeito que quiser tem a ver com o sentido profundo do que seja o direito autoral, que é uma concessão", disse, ressaltando que respeita Brant.


FONTE: Folha de S. Paulo

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Comentários do dia

Amigos (as) leitores (as),

Na edição de hoje a abertura do primeiro Núcleo de Interiorização da Cultura em Minas Gerais, aberto na cidade de São João Del Rey e coordenado por Adenor Simões.

Na véspera do Ipatinga Live Jazz matérias publicadas pelo jornal O Tempo sobre o Tudo É Jazz que inicia as sua atividades amanhã em Ouro Preto e sobre a nova lenda do piano cubano, Roberto Fonseca, que lança seu novo disco “Zamazu” e pretende estender temporada no Brasil.

Destaque para Djavan que lança álbum livre de impostos, e que recebe O Estadão em sua casa no Rio para falar do projeto.

Não deixe de ler o sobre o histórico encontro nacional de Rappers e Repentistas em Campina Grande.

A todos uma boa leitura.

São João del-Rei recebe primeiro Núcleo de Interiorização da Cultura de Minas Gerais

O objetivo é valorizar a diversidade cultural e proporcionar o diálogo entre os municípios da região.


Inaugurado em abril deste ano, o Núcleo de Interiorização de São João del-Rei atende 35 cidades do interior de Minas Gerais. Criado para promover a interiorização e a descentralização da produção cultural do Estado e ampliar o acesso aos bens culturais, o Núcleo é a representação física da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais no interior.

Com o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo de São João del-Rei, a Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Superintendência de Interiorização, está acompanhando as ações desenvolvidas pelo Núcleo pioneiro, que servirá como modelo para os demais que serão instalados. Outros quatro serão implantados no Estado. Além de São João del-Rei, Araçuaí, Governador Valadares, Uberlândia e o Sul de Minas, serão contemplados com unidades da Secretaria de Estado de Cultura.

A intenção da Superintendência de Interiorização é fazer com que os Núcleos realizem o levantamento e o registro de manifestações culturais do Interior do Estado; recebam e encaminhem as demandas dos municípios pertencentes ao Núcleo; sejam um veículo facilitador no diálogo entre os municípios e a Secretaria de Estado de Cultura; estimulem a produção cultural do interior e investam na profissionalização e capacitação de novos agentes culturais, através de cursos e treinamentos.

O coordenador do Núcleo, Adenor Simões, afirma que a iniciativa é fundamental para manter o contato entre as cidades da região. “Assim, poderemos fazer um levantamento da diversidade cultural de cada localidade e promover um intercâmbio”, ensina, completando que é uma grande possibilidade para o nascimento de projetos culturais no interior. Ainda segundo Adenor, o Núcleo vai atuar como facilitador do diálogo entre as cidades e a Secretaria de Estado de Cultura e aproximar o interior das ações que são desenvolvidas na capital do estado.

Desde que foi inaugurado, o Núcleo de São João del-Rei já abrigou iniciativas importantes. Moradores de várias cidades da região tiveram acesso, em maio deste ano, a uma vídeo-conferência para apresentação do Fundo Estadual de Cultura. Em julho, a Secretaria de Estado de Cultura levou para o Núcleo o curso de capacitação para elaboração e captação de recursos na Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

Este mês, o Núcleo receberá a Oficina de Elaboração, Captação e Gestão de Projetos Culturais. A Oficina acontece nos dias 21, 22, 28 e 29 de setembro. Além disso, permanentemente, são atendidas demandas culturais dos 35 municípios pertencentes ao Núcleo, sobretudo para acompanhamento da elaboração de projetos culturais nas Leis Estadual e Federal e também no Fundo Estadual de Cultura.
O Núcleo também vai inventariar todas as manifestações culturais dos municípios que engloba e traçar um plano de ação para atender suas demandas.

Serviço:
Núcleo de Interiorização da Cultura – São João del-Rei (Sede temporária)
Secretaria de Cultura e Turismo de São João del-Rei
End: Av. Tiradentes 136 – Centro
Tel: (32) 3372-8711 ou 3372-7338
Horário de atendimento: 09:00h às 17:00h

Programa de Formação de Gestores Culturais – Oficina de Elaboração, Captação e Gestão de Projetos Culturais em São João del Rei
Data: 21, 22, 28 e 29 de setembro
Informações: (32) 3372.7338/8711 – cultura@saojoaodelrei.mg.org.br


FONTE: Secretaria de Estado da Cultura

Djavan tira poesia de pedra e imposto em novo álbum

Cantor e compositor lança disco de inéditas, 'Matizes', por sua própria gravadora



RIO - É o prazer da joaninha andando na folha ao sol, a inveja da pedra onde a amada se deita, a boca-luva, o rosa-vulva - e o Rio de Janeiro. Mas também a CPMF, a devastação da mata, a mulher que, se fosse planta, seria comigo-ninguém-pode. É o degradê sonoro e poético que Djavan faz no seu novo disco, Matizes (R$ 25), já nas lojas pela gravadora do cantor e compositor, a Luanda Records.


Matizes tem 12 músicas inéditas, pelo menos metade delas djavânicas. São aquelas canções que se tornaram a marca de Djavan, arranjos vigorosos, calcados em blues, para letras aparentemente simples, mas de soluções nem tanto, e imagens que instigam, ficam na cabeça. Caso de Pedra, tipo de música que pode ganhar nossa intimidade na marra e, quando a gente vê, está na lista das dez mais de cada um de nós.

Senhor de sua carreira, e certeiro nos passos dela, Djavan dá respostas aceleradas. Quando fala como arranjador, é matemático. Confessa que compõe para si mesmo, e que quando sai do estúdio achando que tem uma música boa, nem quer saber de opiniões alheias. E se mantém admiravelmente seguro, sem entretanto um pingo de empáfia, num mercado que classifica como convulso.

Disco nas lojas, começam os ensaios para o novo show, que estréia em outubro no interior de São Paulo, e segue para temporada na capital, no Citibank Hall. Na tarde de segunda-feira, 10, na tranqüilidade do MAM do Rio de Janeiro, Djavan recebeu o Estadão.


Quando a gente fala em matizes, pensa num conjunto harmonioso. Como foi, então, o processo de composição deste novo disco, e o quanto da idéia do todo você tinha na cabeça quando começou a compor?
Desta vez foi um pouco diferente, porque quando eu acabei a turnê do Vaidade (lançado em 2004), a Rafa (Rafaela, sua mulher) estava grávida do nosso segundo filho, Inácio. Ela teve uma gravidez difícil e eu quis ficar com ela. Então, não compus o disco de uma vez, gravei às vezes durante duas ou três semanas num mês, para depois ficar um mês sem gravar nada. Eu meio que fiz essa conjunção entre ficar com o bebê e a Rafa, e a produção do disco.

Em Matizes, chama a atenção a faixa 'Imposto', uma música de protesto, com uma base de bossa nova. Por que resolveu usar uma música tão suave para falar de um tema tão árido quanto o da carga tributária?
Acho que a credibilidade é maior, passa melhor a imagem. Você é obrigado a parar para ouvir. Em geral, uma música que conduz uma letra de protesto é exteriorizada, para fora, é mais agressiva e tal. Eu queria justamente o oposto.

Você mora no Rio há 30 anos. Por que só agora fez uma música para a cidade ('Delírio dos Mortais')?
O Rio de Janeiro é uma cidade muito cantada, muito decantada. Portanto, é um desafio grande você fazer música para a cidade, falar desses símbolos tão internacionalmente conhecidos com um certo frescor. Eu resolvi fazer por ser um desafio, e também pelo fato de eu achar que estava devendo uma música exaltando a cidade, por tudo o que ela me deu.

Como foi que uma mulher que se fosse planta seria comigo-ninguém-pode virou sua musa? Uma pessoa difícil de ser retratada numa música, não?
Sim, difícil. Mas é uma música de inspiração genérica. Não saberia dizer, pode até ser que eu tenha convivido com uma mulher difícil assim. Não agora, que estou casado, a Rafa é ótima, a gente se ama. E todo mundo, toda hora, se depara com um homem ou com uma mulher difícil de seduzir.

Mesmo assim, essa mulher merece uma música?
Quando você gosta, a pessoa merece qualquer coisa que você possa dar.

Parece que não termina nunca essa busca não sei se da crítica ou se do mundo da música em geral, pela vanguarda. Mesmo com 30 anos de carreira, seu nome ainda é associado à vanguarda. Isso é uma preocupação na hora de compor?
Não na vanguarda dos outros, mas na minha. Eu tenho uma busca incessante pela novidade que eu julgo novidade no trabalho que estou fazendo naquele momento. Tenho uma carreira longa, fiz muita coisa. E tenho uma autocrítica muito grande, é muito difícil eu me agradar. Fique certa disso: eu não penso em nenhuma outra coisa quando estou compondo a não ser agradar a mim mesmo. Nunca fiz para ninguém, fiz para mim mesmo.

Mas não acontece de mostrar uma canção que não achava tão boa e, diante da reação da pessoa, mudar de idéia?
Essa sua ressalva é ótima, porque embora eu pense dessa forma, eu tenho família, amigos, pessoas de quem eu respeito a opinião. Essas pessoas são capazes de me demover de uma idéia, mas é difícil. E acho que não pode ser diferente, porque para você sedimentar uma estilo, uma carreira, você tem de ter uma segurança, uma certeza.

É o terceiro disco da sua gravadora. Na elaboração de um trabalho autoral, faz diferença ser o dono da gravadora? Já se sente à vontade nesse papel de empresário?
Na verdade, eu nunca estive nesse papel, porque quem comanda tudo é minha empresária, Mara Rabello. Claro que eu estou ali para dizer as coisas mais importantes, mas abri a gravadora para exatamente ter mais campo livre para fazer o meu papel de compor e cantar. Quero conduzir minha carreira de maneira totalmente independente e individual. Eu não saí de gravadora para ter liberdade de trabalho, de criação, as gravadoras nunca interferiram nisso.

Li uma frase atribuída a você, de que é preciso ter sorte na vida até para atravessar a rua. Na fabricação de um hit, e você já fabricou muitos, quanto é sorte, quanto é tiro certeiro?
Eu me lembro de ter dito essa frase, mas não é minha. Sobretudo hoje em dia, na convulsão que está o mercado, ninguém tem certeza de nada, por mais que a música seja boa. É que quando ela é boa, a esperança é maior. É o tipo de coisa que a rigor, em época nenhuma esteve nas mãos de ninguém. Às vezes, uma música boa se perde, se dilui, numa veiculação malfeita. Ninguém tem certeza de nada, e a única pessoa que pode determinar o que vai fazer sucesso é o dono de uma rádio poderosa. Ele pode dizer essa música vai fazer sucesso porque eu quero. Agora, o artista, jamais.

FONTE: Estadão
Por: Patrícia Villalba
Crédito foto: Marcos Dpaula


Jazz com vigor

Nomes da cena contemporânea do gênero em Nova York se destacam na programação do Tudo É Jazz, festival que vai de amanhã a domingo em Ouro Preto



Com uma programação de 24 shows de amanhã a domingo em Ouro Preto, a sexta edição do festival Tudo É Jazz traz um leque amplo de atrações, entre brasileiros e estrangeiros, levando aos palcos do evento nada menos do que cerca de 130 músicos. Entre os artistas internacionais, se há um traço predominante é o de oferecer quatro nomes que estão na linha de frente do jazz contemporâneo em Nova York: o saxofonista Joshua Redman, o pianista Aaron Goldberg, a trompetista Ingrid Jensen e o contrabaixista Omer Avital. Isso, além das destacadas presenças da cantora Madeleine Peroux e da maestrina Maria Schneider.

Cada um dos quatro encabeça um espetáculo, acompanhados de outros grandes músicos, e todos são de uma geração que despontou nos anos 90 na cena nova-iorquina. "Eles estão na faixa etária dos 35 anos, costumam realizar trabalhos juntos lá, o Aaron já tocou com o Joshua e com a Madeleine Peroux, a Ingrid com a Maria Schneider, os músicos que os acompanham também poderiam estar liderando outros grupos, tudo isso dá um tom muito contemporâneo a essa parte do festival", diz Maria Alice Martins, uma das idealizadoras do evento e que divide a curadoria com Túlio Mourão e Ivan Monteiro. "Esses músicos tocam um jazz atual, mas não transgressor, são mais cerebrais", define ela. Dos quatro, Joshua e Aaron são norte-americanos; Ingrid, canadense; Omer, israelense. Com um tempo maior de estrada vem o trompetista Wallace Roney, que já gravou 12 CDs e se apresenta amanhã à frente de sexteto que inclui uso de pick-up.

E o veterano saxofonista Bud Shank, 84, vai dividir o palco no sábado com o amigo João Donato. Os dois se reencontraram recentemente depois de 30 anos e gravaram o CD "Uma Tarde com Bud Shank & João Donato" (Biscoito Fino), que deverá ser a base da apresentação em Ouro Preto. A cantora Madeleine Peroux, última atração da sexta-feira, promete um repertório diferente daquele que mostrou em Belo Horizonte em 2005, pois está em turnê de lançamento de seu novo álbum, "Half the Perfect World". Os nomes citados até aqui se apresentam no Salão Diamantina, no Parque Metalúrgico, onde também vão estar os brasileiros Mauro Senise Quarteto, Duofel, Samba Jazz Trio, Oscar Neves Quinteto e Concerto da Orquestra Experimental Ufop (confira abaixo a programação completa).

Até ontem os ingressos para a sexta e sábado estavam esgotados e restavam alguns para a quinta-feira. Outras 12 atrações poderão ser desfrutadas sem necessidade de ingresso. Serão shows diários ao ar livre a partir das 18h no largo do Rosário, incluindo a maestrina Maria Schneider, convidada para fazer o "grand finale" no domingo à tarde, quando vai reger uma big band formada por 22 músicos brasileiros, a maioria deles mineiros, com a participação ainda de Ivan Lins e da cantora Marina Machado. A Russo Jazz Band faz apresentações nas ruas de Ouro Preto e a bordo do trem da Companhia do Vale do Rio do Doce que faz o trajeto para Mariana. Completam o evento uma agenda de palestras, workshops, oficinas e lançamento de livros.


Renovação
Para a noite de abertura, um dos shows mais aguardados é o do saxofonista californiano Joshua Redman (leia entrevista com o artista na página C8). O mineiro Cléber Alves, que toca o mesmo instrumento, teve a oportunidade de assistir a quatro espetáculos de Joshua quando estudou música na Alemanha, e está com ingresso em mãos para o show de amanhã. "Não vou perder. Ele retoma a tradição do jazz, mas de uma forma renovada, e incorpora as influências fortes que possui do soul. É a abertura de uma nova página no percurso do jazz", avalia Cléber. Da fatia brasileira do evento, a curadora Maria Alice destaca a presença do quarteto liderado pelo saxofonista e flautista Mauro Senise, no trabalho de leitura da obra de Edu Lobo, gravada no CD "Casa Forte" (Biscoito Fino) e que em breve chega às lojas em DVD.

"É uma das coisas mais fortes da música brasileira que ouvi nos últimos anos", diz a curadora. Senise estará acompanhado por Itamar Assiere (piano), Paulo Russo (baixo acústico) e Ivan Conti (bateria). "Será um show mais solto, aberto ao improviso, o que dá o lado jazzístico à música instrumental brasileira que fazemos", promete o saxofonista. Sobre o repertório, ele antecipa que o quarteto pretende tocar de Edu Lobo, "Casa Forte", "Ponteio", "Choro Bandido", "História de Lilly Brown" e "Arpoador", esta última, composição inédita que Edu cedeu para a gravação do CD. "Só devemos fazer uma música fora desse repertório, que é a ‘Waltz for Phil’, composição do Victor Assis Brasil em homenagem ao também saxofonista Phil Woods", revela Senise. O instrumentista brasileiro se diz orgulhoso e ansioso por essa participação no Tudo É Jazz. "É uma programação de alto nível, da qual me sinto honrado em fazer parte, e numa cidade linda. O quarteto todo está na expectativa desse show que, esperamos, aconteça de uma forma muito emocionada, com toda a energia que o palco traz", afirma Senise.


AGENDA - 6º Tudo É Jazz, de amanhã a domingo em Ouro Preto, no Parque Metalúrgico e no Largo do Rosário. Mais informações: www.tudoejazz.com.br ou tel: (31) 3221-4173


FONTE: O Tempo
Por: Júlio Assis

A nova lenda do piano cubano, Roberto Fonseca

Sai pela Biscoito Fino, Zamazu, o festejado disco do jovem pianista de estilo percussivo




SÃO PAULO - Foi um espanto quando, em junho de 2004, após a morte do grande pianista cubano Rubén González, o que restou do Buena Vista Social Club retornou ao Brasil com um substituto de uns 30 anos, um sujeito cheio de ginga, com pinta de astro do hip-hop. A desconfiança só durou até Roberto Fonseca iniciar seu primeiro solo - a platéia no Via Funchal terminaria aplaudindo de pé o "intruso". Uma noite memorável, que marcava a entrada de uma nova estrela na constelação do piano cubano, já lendária - habitada, entre outros, por Bola de Nieve, Bebo Valdés, o próprio Rubén Gonzáles, Chucho Valdés e Gonzalo Rubalcaba.

Desde então, Robertito Fonseca voltou ainda duas vezes ao Brasil, uma delas acompanhando o cantor Ibrahim Ferrer e, em outra, a cantora Omara Portuondo. Também veio sozinho, com sua própria banda, ao Bourbon Street.
Foi aí que ele se associou ao pernambucano Alê Siqueira, uma espécie de ponte móvel entre Brasil e Havana, e que produziu seu disco Zamazu, lançado com admirável sucesso na Europa no ano passado. O CD chega agora ao Brasil via Biscoito Fino. "Nossa amizade começou quando ele produziu o disco de Omara Portuondo. Logo que começamos a trabalhar juntos, gostei demais do jeito dele. Ele sabe o que o músico quer. Não se importa com qual linguagem está lidando, sabe respeitar todas", disse Roberto Fonseca, ao Estado, por telefone, desde Cuba, na semana passada.


Piano como tambor


Roberto Fonseca é rápido e objetivo em suas opiniões. Linguagem, por exemplo, ele explica assim: "Cada músico tem seu modo de se expressar, e é a isso que chamamos linguagem. Sei que tenho um estilo diferente. Toco piano como se fosse tambor, mas à minha própria maneira. Isso se dá porque sempre gostei muito de percussão, desde tablas a timbaus."

Há dois anos, Fonseca, que tem agora 32 anos, tocou no desfile da estilista francesa Agnès B, no Men’s Fashion Show de Paris. Foi nessa ocasião que ele disse algo que pode ser lido como seu manifesto pessoal: "Todo mundo imagina um músico cubano com charuto, chapéu, camisa de flores e mojito. Não bebo nem fumo. Quero que saibam que em Cuba não há só praia, sol, palmeiras e maracas. Também temos dias chuvosos."

Isso significaria que o estilo de Robertito Fonseca em Zamazu é menos solar e celebrativo do que o de seus colegas cubanos? Nananina. Zamazu é simplesmente um dos melhores lançamentos do ano, e a cadência de Cuba se ouve em cada acorde.


Em Cuba e no Brasil


O álbum foi gravado em Cuba e no Brasil, em janeiro de 2006, quando Fonseca esteve no País com Omara (e quando gravou um disco inédito acompanhando Omara e Maria Bethânia, já no forno para sair), e tem participações de Carlinhos Brown e Toninho Ferragutti, dos cubanos Guajiro Mirabal, Cachaíto López ("O maior de todos", segundo Fonseca), Ramses M. Rodriguez e do espanhol Vicente Amigo. Traz ainda um duo como Omara e uma das últimas gravações do grande Ibrahim Ferrer.

É uma bela homenagem. "O sonho que sonhou Ibrahim Ferrer se converteu em realidade", diz o próprio cantor na letra, que é sua. "Perdi um grande amigo. Quando tocávamos, ele era sempre uma dádiva, porque se doava integralmente. Ele me ensinava o tempo todo. Foi um músico incrível", diz Roberto.


Candomblé cubano


Adepto da santería, o candomblé cubano, o orixá de Roberto Fonseca é Xangô, um soberano por excelência, o rei do trovão. "Sempre serei da santería. Para mim, a espiritualidade é o fator mais importante que tem na música", diz Fonseca.

Pode-se deduzir então que ele demonstraria predileção pelo tradicional em sua música, mas é uma dedução errada: Roberto é a própria modernidade. Adora a variante original do drum’n’bass, o jungle, além de funk, techno e hip-hop. "Um dia ainda farei um disco de jungle", diz o músico. "Interesso-me pela fusão e pela improvisação. Gosto da música folclórica, mas meu interesse é colocá-la em contato com outras tradições modernas, como o hip-hop, o funk, o jazz, o drum’n’bass", disse.

Parte de sua experiência gravando no Brasil e com brasileiros foi tentar aproximar a música afro-cubana da afro-brasileira. Talvez venha daí o estranho nome que escolheu para batizar o disco, Zamazu. "É como a palavra dada, que originou o dadaísmo. Não quer dizer nada. É uma palavra que minha sobrinha Paola, de 6 anos, usa com a família quando quer nos fazer crer que está falando uma língua estrangeira", ele conta. "É como se procede na música: inventa-se a linguagem com a qual a gente quer se expressar, e ela é compreendida, mesmo que nunca tenha existido."


Influência da bossa nova


O jazz, que também está incrustrado em seu estilo, não acontece por acaso. "Ouvi muito Thelonious Monk, Bill Evans, Oscar Peterson, Keith Jareth, que são os grandes do seu instrumento no jazz. Não tenho influência, entretanto, de Chucho Valdés, que é cubano, e que aprecio muito, assim como me encanta o estilo de Tom Jobim. Acho que tenho mais influência da bossa nova", ele considera.

"O primeiro disco, de 1998, é muito jazz fusion, marcado por minha admiração por Herbie Hancock e minha descoberta do Weather Report. Meu novo disco resume todas essas experiências e vai mais longe", considera.
Zamazu, que é seu quarto disco (os primeiros, pela ordem, são Tiene Que Hacer, No Limits e Elengó) abre com uma cantora, Mercedes Cortes Alfaro, fazendo um número a capela, com uma voz ancestral. "É minha mãe cantando um fragmento de uma missa popular. O significado é simples: é uma reza para trazer a paz e levar embora a energia ruim", explica. Robertito estudou piano desde os 8 anos, em sua Havana natal. Cursou três conservatórios. Toda a família é de músicos. "Minha mãe foi cantora de coral. Meu irmão mais velho é pianista. Outro dos meus irmãos toca bateria. Meu avô era percussionista."


Cantos orientais


Outra presença forte no seu disco são as faixas de textura orientalizada, como Congo Árabe, que usa o darbouka, tambor árabe, e um violão flamenco. "Não é música muçulmana, mas da cultura oriental em geral. Gosto muito, porque nos cantos orientais, há muita paixão, tudo é muito transparente", diz.

A recepção ao trabalho, na Europa, foi calorosa. Paola Genone, no L’Express, disse o seguinte: "Nesse disco impregnado de beleza e paixão, o pianista e cantor cubano Roberto Fonseca, de 31 anos, consegue reconstituir, canção após canção, o imenso mosaico de tradições musicais que habitam seu país pós-escravidão." A resenha da BBC inglesa foi ainda mais entusiasmada: "Zamazu é um set supervariado e bem seqüenciado, que deixa uma forte impressão de quem é Fonseca e promete muito mais para o futuro." Já o The Guardian, também britânico, assinalou: "É natural um notável pianista ganhar resenhas favoráveis após substituir o grande Rubén González, mas Roberto Fonseca é ainda mais especial, mesmo para os padrões cubanos."


Piano e skate


Se Don Rubén González (1920-2003) tratava o piano com carícias, com os dedos quase levitando sobre as teclas, Robertito parece cair sofregamente sobre ele, como se estivesse descendo uma ladeira com um skate. "É na rua que nascem todos os sons, e isso me interessa", diz.

O novo prodígio do piano cubano também se espanta com todas as perdas que a música cubana tem experimentado recentemente: além de González, Compay Segundo e Ibrahim Ferrer, também o jovem percussionista Angá Diaz. "Todos morremos um dia, mas é incrível como isso está se repetindo", considera. "São grandes amigos que se vão, mas que não são esquecidos."
Ele diz que já está em negociação uma nova turnê pelo Brasil para mostrar Zamazu com sua banda - Javier Zalba (clarineta, flauta e saxofone), Omar González (contrabaixo), Joël Hierrezuelo (percussão) e Ramsés Rodríguez (bateria).


FONTE: O Estado de São Paulo
Por: Jotabê Medeiros