Teatro, as galerias, o Cine Humberto Mauro e todos os outros espaços para o público do Palácio das Artes podem não saber que, além de ser um grande núcleo de apresentações artísticas, o local é, ainda, sede de uma grande movimentação para o desenvolvimento de novos artistas. Em salas que o espectador comum não costuma chegar funciona o Centro de Formação Artística (Cefar), fundado em 1986 pela Fundação Clóvis Salgado, entidade mantenedora do mesmo Palácio das Artes.
O Cefar, que, anualmente, fomenta cerca de 350 alunos nas suas escolas de música, dança e teatro, acaba de crescer mais um pouco com a fundação do Ballet Jovem, que reúne 16 bailarinos com idade entre 15 e 23 anos. "A nossa escola de dança profissionalizante no Cefar tem um número expressivo de jovens e, no terceiro ano, quando eles se formam, há uma grande insegurança pelo que virá pela frente. É igual faculdade: não adianta sair sem um estágio realmente forte porque, senão, haverá somente o título e não a experiência necessária para ser um profissional de verdade", diz Patrícia Avellar Zol, diretora de ensino de extensão do Cefar, apontando aí o principal motivo da criação do Ballet Jovem.
O número de jovens que se interessaram em tentar uma vaga no Ballet Jovem acabou surpreendendo o núcleo de dança do Cefar. "Foram 53 inscritos logo nessa primeira experiência e, na realidade, se houvesse recurso, teríamos ficado com todos eles. Mas, como tudo na vida é feito de escolhas, tivemos que fazer uma seleção, em que buscamos identificar o perfil ideal para um grupo. Foi um momento muito bonito, de muita emoção e muito difícil", conta Patrícia, lembrando que o Ballet Jovem não foi aberto apenas aos alunos do Cefar. Os 16 jovens selecionados não vão ter moleza até dezembro, quando vão fazer uma apresentação no Grande Teatro do Palácio das Artes, dentro da cerimônia de formatura dos alunos do curso profissionalizante. "Eles terão aula de segunda a sábado, das 9h às 13h30, com professores muito competentes que vão trabalhar técnicas clássicas e contemporâneas, a voz, a expressão como um todo. Vamos ter muito trabalho pela frente", afirma Patrícia.
“A nossa idéia é construir uma vitrine”Ao acompanhar, na última sexta-feira, a segunda aula do recém-formado Ballet Jovem do Cefar, a reportagem do Magazine identificou prontamente nos 16 aprendizes de bailarino um clima de grande concentração e de gana por aperfeiçoamento, por conhecimento. “É uma emoção muito grande estar aprendendo aqui nesse lugar, que é o principal ponto de cultura de Minas”, diz Dener Marlon, 18, vindo para a companhia com a experiência adquirida nos programas artísticos que o projeto Cariúnas realiza no bairro 1º de Maio.
Eleatrice Gischewski, 20, que está se formando agora no curso profissionalizante do Cefar, vê no Ballet Jovem um meio de consolidar sua carreira. “Vejo o meu futuro na dança e aqui é uma oportunidade muito legal para mim”, afirma ela.
Aliás, projetar esses jovens é o maior objetivo do núcleo de dança do Cefar. “A nossa idéia é construir uma vitrine. Isso é um exercício de desapego porque investimos e, quando as pérolas estiverem prontas, elas vão acabar em outras companhias. Mas é uma alegria poder espalhar pérolas pelo Brasil”, garante a diretora Patrícia Avellar Zol.
FONTE: O TEMPO
Por: Liliane Pelegrini