segunda-feira, 30 de julho de 2007

Divulgação

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Festa no Galpão

Elogiar os feitos do Grupo Galpão é, como diria o verbo popular, chover no molhado. Nascida nas ruas de Belo Horizonte, com toques circenses, canções afinadas ao vivo e releituras inesperadas de clássicos, a trupe chega aos 25 anos com um punhado de histórias na algibeira. Levou Brecht à praça pública em E a Noiva Não Quer Casar (1982), fez um Romeu e Julieta (1992) que foi parar no Globe Theatre, em Londres, recriou Molière em Um Molière Imaginário, e amealhou todos os prêmios nacionais com a fé profana de A Rua da Amargura (1994).

Este ano, o Galpão encena seu 16º espetáculo, Pequenos Milagres, que estreou em Belo Horizonte e agora põe os pés na estrada. A peça chega a São Paulo na sexta-feira 3, no Sesc Anchieta, onde fica até 26 de agosto, vai para o Rio e segue em turnê Brasil afora. Dirigida por Paulo de Moraes, da Armazém Companhia de Teatro (RJ), a montagem tem temperos incomuns ao Galpão. No lugar do tom burlesco, o texto adere a uma atmosfera intimista, calcada em quatro pequenas histórias nascidas de relatos reais. O risco é bem-vindo.

Se, em O Inspetor Geral (2004), de Gogol, o grupo acertou em cheio na mistura entre inocência e malícia, tradição e linguagem popular, em Um Homem É um Homem (2006), de Brecht, dava sinais de repetição. Talvez por isso tenha buscado outro torneado. “É um trabalho para espaços menores, que conta a história de pessoas comuns e lida com sentimentos, fora do tom farsesco”, define Eduardo Moreira, um dos criadores do grupo.

Para entender o Galpão é preciso anotar, primeiro, que se trata de uma companhia de atores (a atriz mais “nova” tem dez anos de grupo), que trabalha com diretores convidados, como Gabriel Vilela e Paulo José. O que mais? “Tem sempre a experimentação, o trabalho calcado no coletivo, não baseado em estrelas, e a linguagem popular, de comunicação direta”, diz Moreira.

Parte da trajetória é retomada neste ano de festa, a começar pelo site (www.grupogalpao.com.br) e por oito livros que reúnem dez peças. Além disso, Um Molière Imaginário será remontado em outubro, em Minas, Romeu e Julieta e A Rua da Amargura virarão DVD e O Inspetor Geral e Um Homem É um Homem terão as trilhas lançadas em CD. Fiéis à essência do teatro de grupo, os 13 atores atuais e todos os que passaram pelo Galpão conseguiram o que poucos conseguem na cultura brasileira: criar um público cativo e manter, com qualidade, uma produção regular e autêntica.


FONTE: Carta Capital

Stereoteca: um projeto além de musical

Eu gosto de ver investimentos inteligentes e benéficos para a cultura mineira. E um excelente exemplo disso é a Stereoteca 2007, que traz encontros [musicais] inéditos, fusões inusitadas e parcerias instantâneas toda quarta-feira (a partir da próxima até Outubro), no charmoso teatro da Biblioteca Pública Luiz de Bessa.

A Stereoteca trará diversidade de ritmos, de gêneros, de geografias: centro e periferia, morro e asfalto descendo de quadros fixos e experimentando os flashes da locomoção. A proposta é percorrer do rap à MPB, da surf music mineira ao regional, da música eletrônica àquela considerada simplesmente pop, com apresentações regulares (toda quarta-feira), em local acessível (Praça da Liberdade) e a preços populares (a inteira é R$6).

Segundo uma das idealizadoras do projeto, Danuza Carvalho, "fazer com que os artistas [mineiros] se prestigiem" é o maior objetivo dessa biblioteca onde ninguém vai pedir silêncio, que pretende repetir (e aumentar) o sucesso da estréia, no ano anterior.

Em 2006, cerca de quatro mil pessoas marcaram presença nesse que foi um dos mais bem sucedidos projetos culturais de Belo Horizonte. A casa cheia em todos os shows incentivou a produção a aumentar a duração da Stereoteca em 2007. Serão 19 shows durante essa edição, sendo sete lançamentos de CD: Makely Ka, Alda Rezende, Carlinhos Ferreira, Antônio Santanna, Meninas de Sinhá, Celso Moretti e Guarda de Moçambique.

CURADORIA
“Além do reconhecimento da platéia, (...) nos surpreendemos positivamente com o envolvimento dos artistas. Fomos procurados por muitos músicos querendo participar”, conta Danuza. Tanto foi o retorno que em 2007 nenhuma figurinha será repetida nos palcos da Stereoteca: convidar artistas que não se apresentaram em 2006 foi uma das preocupações da curadoria do evento.

A seleção de talentos ficou por conta dos jornalistas Kiko Ferreira (Rádio Inconfidência) e Wagner Merije, em conjunto com a própria Danuza Carvalho (Agência de Cultura Casulo). Também é a curadoria que propõe os encontros – muitos dos músicos nunca haviam dividido um palco.

FIDELIZAÇÃO
Assim como ao chamar colegas para parcerias musicais, os artistas realizam trocas e exercitam a cooperação, a distribuição de um álbum ilustrado é a estratégia de divulgação da organização para chamar atenção do público para o projeto. O material é uma atração à parte, com ilustrações feitas especialmente pelos artistas Fred Paulino, Alexandre B, Fernando Rabelo, Ju Mafra, João Maciel e Wally. O projeto foi elaborado de maneira artesanal, com colagens e textos manuscritos.

Concebido por Fred Paulino(Osso Design), o caderno de programação dos shows foi confeccionado com base em duas idéias, que estão diretamente ligadas ao espaço em se realizam os shows (uma biblioteca) e à proposta musical do projeto (parcerias musicais inusitadas).

PROMOÇÃO
As dez primeiras pessoas que apresentarem álbuns completos levam, no fim do ano, uma coleção de CDs. Para conseguir as figurinhas, basta comparecer aos espetáculos e garantir tanto o livreto ilustrado como as figurinhas adesivas de caricaturas dos artistas e ilustrações relacionadas ao seu estilo musical.

REALIZAÇÃO
O Stereoteca é produzido pela Casulo e pelo Mercado Moderno. Através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, o projeto captou R$ 200 mil da Telemig Celular, empresa parceira também em 2006. Segundo a representante da operadora, Maristela Fonseca, o diálogo entre artistas é um dos principais interesses da Telemig no projeto, que também se interessa pelo formato de apresentações regulares ao longo do ano em um teatro de boa estrutura.

Outro parceiro crucial é a Rádio Inconfidência, que além de colaborar na curadoria também veicula os shows toda sexta-feira, às 22 horas (FM 100,9). Segundo Gustavo Reis, a Stereoteca tem mérito não só em divulgar novos artistas, mas também em formar público consumidor de cultura, e reflete a “ideologia” da rádio, que pretende tocar “música inteligente sem ser pedante nos próximos 70 anos”.

DIÁLOGO
Paralelo às apresentações musicais, acontecerá um ciclo de debates em parceria com o coletivo Espaço Cubo. Nos dias 27, 28 e 29 de Junho, no Meia Ponta/Espaço de Cultura Ambiente, o Stereocubo discutirá “Música daqui para frente: cadeia produtiva da música”.

A organização ressalta que a organização do Stereocubo é trabalho voluntário de todos os envolvidos. “O patrocínio é importante, mas produtores podem procurar ferramentas e parcerias para fomentar a cultura também”, defende Danuza, que evita se prender a recursos captados no mercado.

Em 2006, o Overmundo co-produziu o Stereomundo: ciclo de debates que discutiu jornalismo cultural, cultura no terceiro setor, música fora do eixo e produção colaborativa na internet. Um dos convidados do ano passado foi antropólogo Hermano Viana

SERVIÇO
O Stereoteca começa na quarta-feira, 6 de junho, com o show do primeiro CD solo de Makely Ka. Excepcionalmente na quinta-feira, 7 de junho, Alda Rezende completa a programação de abertura do projeto. Até o dia 3 de outubro, 38 artistas mineiros se apresentam no Teatro da Biblioteca Luiz de Bessa. Os ingressos são vendidos na bilheteria apenas no dia do show, custam R$6 (a inteira) e garantem um pacote de figurinhas. No site tem a programação completa e dá para baixar um MP3 de cada artista.


FONTE: Overmundo