
“Brincando em Cima Daquilo” revela um mosaico da mulher contemporânea. “Todas as personagens são mulheres comuns que, como todas as outras, têm desejos, sonhos, desilusões, encontros e desencontros. São mães, esposas, amantes...O espetáculo é formado por três histórias. ‘Uma Mulher Sozinha’, que é sobre uma mulher que é trancada em casa pelo marido, ‘Volta ao Lar’ que fala sobre uma mulher que resolve se vingar do marido e acaba no motel com o colega de escritório e ‘Temos todas as mesma estória’ que foi dividida em três partes”, explica Debora que, sozinha em cena, dança funk, samba e canta músicas românticas. Debora e Otávio, que assistiram à montagem encenada por Marília Pêra nos anos 80, afirmam que na época o espetáculo foi marcante, mas que a nova montagem não guarda nenhuma referência da anterior. “Assisti e adorei, mas acho que sem querer, acabamos fazendo montagens diferentes”, diz Debora que faz dança, yoga, e aulas de voz. “Fazer um monólogo requer muita concentração, calma, preparo físico do corpo e da voz”, revela a atriz que contou com Dani Lima, na orientação corporal.
O projeto reúne na ficha técnica dois diretores em funções diferentes da de encenadores: Amir Haddad, na dramaturgia e Bia Lessa, como cenógrafa. ”Sempre admirei o Amir, inclusive, já trabalhamos juntos como atores e ele teve uma generosidade imensa neste trabalho. Em relação a Bia, estudei na CAL e considero que fiz pós-graduação e mestrado com ela, pois foram mais de 10 anos trabalhando juntos”, diz Otavio. Nas palavras de Debora trabalhar com Amir e Bia é “de um auxílio luxuosíssimo”. “Amir é meu mestre, sempre aprendo muito com ele. A Bia estou descobrindo agora de perto e estou encantada. O mais comovente e estimulante é a paixão, a fé no teatro que os dois têm, cada um à sua maneira. Me faz lembrar porque quis fazer teatro”, afirma Debora que está escalada para "À Deriva", próximo filme de Heitor Dhalia, diretor de O Cheiro do Ralo.
Na dramaturgia, Amir Haddad fez um trabalho de compreensão do texto e dos autores do espetáculo. “Dario Fo e Franca Rame fazem uso da improvisação e estabelecem um contato direto com o público, características essenciais ao Teatro que recupera a vida, sem ser sagrado. Brincando em cima Daquilo é eterno e tem uma dramaturgia em movimento que atinge todas as classes sociais. Esse texto é aberto para o mundo”, analisa Haddad, que durante o trabalho de carpintaria do texto intercalou cenas de peças curtas diferentes. Amir ainda ressalta que é justamente a presença do olhar feminino que aproxima o público masculino de “Brincando em cima Daquilo”. “Acredito, que toda a mulher adoraria que o homem assistisse a essa peça, pois ele abre uma reflexão em torno do relacionamento homem e mulher de uma forma muito espontânea. Há muitas coisas que as mulheres gostariam de dizer aos homens, mas que não sabem como”, lembra.
O cenário de “Brincando em Cima Daquilo” é composto por cinco caixas de som espalhadas pelo palco, além de cordas divisórias que marcam o espaço de atuação. “É quase um não cenário. A idéia é que o palco fique nu. As caixas de som existem, pois a música neste espetáculo tem um papel importante. Momentaneamente usamos pequenos recursos teatrais para poder brincar com a possibilidade cênica que o teatro oferece”, resume Bia Lessa. Para a diretora que está cenógrafa, o que mais chamou a atenção no espetáculo foi o que ele permite teatralmente. “A emoção de quando assisti o ensaio do Brincando com a Débora é a mesma de quando a vi no palco pela primeira vez. Tenho a sensação de que para este projeto ela reúne a força e a espontaneidade da juventude com a experiência cênica trazida pelo tempo. É um mistura do que ela era e vai ser daqui pra frente. Este é um espetáculo cru, sem subterfúgios ou truques, que proporciona o encontro direto da Débora com o Teatro. Muito despretensiosamente, ela está iluminada”, afirma.
A trilha sonora de Dany Roland complementa o que é dito em cena. “Pesquisei músicas atuais que falassem sobre cotidiano, amor, Rio de Janeiro, samba, subúrbio. Usei o nome do espetáculo como conceito para a criação desta trilha. Posso dizer que ela não é discreta, incidental, que faz a cama para as personagens deitarem. É diferente de tudo que já tinha feito”, revela Roland. O repertório do espetáculo foi escolhido junto com Otavio e Debora. “Tem Roberto Carlos com ‘Emoções’; Zeca Pagodinho cantando ‘Benjamim’ e ao lado de Erasmo Carlos interpretando ‘Cama e Mesa’; Seu Argemiro com músicas como ‘Saia da casa dos Outros’ e ‘Meu Sofrimento’, além vários funks remixados com o som das Tchutchucas e MC Catra”, detalha.
Cláudia Kopke também seguiu o mesmo conceito de brincar em todos os sentidos para a elaboração do figurino. “A base do figurino é uma roupa de ensaio composta por um macacão e um vestidinho de malha por cima. É como se todo aquele universo estivesse sendo criado no momento do espetáculo. Ao mesmo tempo em que o espectador observa o figurino de uma determinada cena, ele se depara com a joelheira usada pela Débora em praticamente todo o espetáculo”, diz a figurinista, que ainda afirma que os elementos do figurino serão agregados durante o espetáculo. “Nada está escondido em cena e as mudanças de roupa serão muito sutis, quase invisíveis aos olhos do público. A capa preta vestida por Débora numa cena posterior serve de cobertor para a cena anterior. Na cena da capa, por sua vez, ela já está com a sandália alta e dourada, usada com o vestido de carnaval numa cena seguinte”.
Brincando em cima Daquilo
Teatro Usiminas
Tel.: (31) 3822-3031
Data: 25 e 26 de agosto
Dias e Horários: Sábado e domingo às 20h30min
Ingressos: R$ 50 (inteira) R$ 25,00 (meia entrada)
Classificação indicativa: 16 anos.
Ficha Técnica
TEXTO: Dario Fo e Franca Rame
DIREÇÃO: Otávio Muller
DRAMATURGIA: Amir Haddad
ELENCO: Débora Bloch
CENÁRIO: Bia Lessa
FIGURINO: Claudia Kopke
ILUMINAÇÃO: Samuel Betts
TRILHA SONORA: Dany Roland
PROGRAMAÇÃO VISUAL: Fábio e Bleque (Cubículo)
ORIENTAÇÃO CORPORAL: Dani Lima
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Carla Nascimento
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO: Barata Comunicação
FOTOS DE DIVULGAÇÃO: Lenise Pinheiro
PRODUTORES ASSOCIADOS: DEBORA BLOCH e EDUARDO BARATA