quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Jazz com vigor

Nomes da cena contemporânea do gênero em Nova York se destacam na programação do Tudo É Jazz, festival que vai de amanhã a domingo em Ouro Preto



Com uma programação de 24 shows de amanhã a domingo em Ouro Preto, a sexta edição do festival Tudo É Jazz traz um leque amplo de atrações, entre brasileiros e estrangeiros, levando aos palcos do evento nada menos do que cerca de 130 músicos. Entre os artistas internacionais, se há um traço predominante é o de oferecer quatro nomes que estão na linha de frente do jazz contemporâneo em Nova York: o saxofonista Joshua Redman, o pianista Aaron Goldberg, a trompetista Ingrid Jensen e o contrabaixista Omer Avital. Isso, além das destacadas presenças da cantora Madeleine Peroux e da maestrina Maria Schneider.

Cada um dos quatro encabeça um espetáculo, acompanhados de outros grandes músicos, e todos são de uma geração que despontou nos anos 90 na cena nova-iorquina. "Eles estão na faixa etária dos 35 anos, costumam realizar trabalhos juntos lá, o Aaron já tocou com o Joshua e com a Madeleine Peroux, a Ingrid com a Maria Schneider, os músicos que os acompanham também poderiam estar liderando outros grupos, tudo isso dá um tom muito contemporâneo a essa parte do festival", diz Maria Alice Martins, uma das idealizadoras do evento e que divide a curadoria com Túlio Mourão e Ivan Monteiro. "Esses músicos tocam um jazz atual, mas não transgressor, são mais cerebrais", define ela. Dos quatro, Joshua e Aaron são norte-americanos; Ingrid, canadense; Omer, israelense. Com um tempo maior de estrada vem o trompetista Wallace Roney, que já gravou 12 CDs e se apresenta amanhã à frente de sexteto que inclui uso de pick-up.

E o veterano saxofonista Bud Shank, 84, vai dividir o palco no sábado com o amigo João Donato. Os dois se reencontraram recentemente depois de 30 anos e gravaram o CD "Uma Tarde com Bud Shank & João Donato" (Biscoito Fino), que deverá ser a base da apresentação em Ouro Preto. A cantora Madeleine Peroux, última atração da sexta-feira, promete um repertório diferente daquele que mostrou em Belo Horizonte em 2005, pois está em turnê de lançamento de seu novo álbum, "Half the Perfect World". Os nomes citados até aqui se apresentam no Salão Diamantina, no Parque Metalúrgico, onde também vão estar os brasileiros Mauro Senise Quarteto, Duofel, Samba Jazz Trio, Oscar Neves Quinteto e Concerto da Orquestra Experimental Ufop (confira abaixo a programação completa).

Até ontem os ingressos para a sexta e sábado estavam esgotados e restavam alguns para a quinta-feira. Outras 12 atrações poderão ser desfrutadas sem necessidade de ingresso. Serão shows diários ao ar livre a partir das 18h no largo do Rosário, incluindo a maestrina Maria Schneider, convidada para fazer o "grand finale" no domingo à tarde, quando vai reger uma big band formada por 22 músicos brasileiros, a maioria deles mineiros, com a participação ainda de Ivan Lins e da cantora Marina Machado. A Russo Jazz Band faz apresentações nas ruas de Ouro Preto e a bordo do trem da Companhia do Vale do Rio do Doce que faz o trajeto para Mariana. Completam o evento uma agenda de palestras, workshops, oficinas e lançamento de livros.


Renovação
Para a noite de abertura, um dos shows mais aguardados é o do saxofonista californiano Joshua Redman (leia entrevista com o artista na página C8). O mineiro Cléber Alves, que toca o mesmo instrumento, teve a oportunidade de assistir a quatro espetáculos de Joshua quando estudou música na Alemanha, e está com ingresso em mãos para o show de amanhã. "Não vou perder. Ele retoma a tradição do jazz, mas de uma forma renovada, e incorpora as influências fortes que possui do soul. É a abertura de uma nova página no percurso do jazz", avalia Cléber. Da fatia brasileira do evento, a curadora Maria Alice destaca a presença do quarteto liderado pelo saxofonista e flautista Mauro Senise, no trabalho de leitura da obra de Edu Lobo, gravada no CD "Casa Forte" (Biscoito Fino) e que em breve chega às lojas em DVD.

"É uma das coisas mais fortes da música brasileira que ouvi nos últimos anos", diz a curadora. Senise estará acompanhado por Itamar Assiere (piano), Paulo Russo (baixo acústico) e Ivan Conti (bateria). "Será um show mais solto, aberto ao improviso, o que dá o lado jazzístico à música instrumental brasileira que fazemos", promete o saxofonista. Sobre o repertório, ele antecipa que o quarteto pretende tocar de Edu Lobo, "Casa Forte", "Ponteio", "Choro Bandido", "História de Lilly Brown" e "Arpoador", esta última, composição inédita que Edu cedeu para a gravação do CD. "Só devemos fazer uma música fora desse repertório, que é a ‘Waltz for Phil’, composição do Victor Assis Brasil em homenagem ao também saxofonista Phil Woods", revela Senise. O instrumentista brasileiro se diz orgulhoso e ansioso por essa participação no Tudo É Jazz. "É uma programação de alto nível, da qual me sinto honrado em fazer parte, e numa cidade linda. O quarteto todo está na expectativa desse show que, esperamos, aconteça de uma forma muito emocionada, com toda a energia que o palco traz", afirma Senise.


AGENDA - 6º Tudo É Jazz, de amanhã a domingo em Ouro Preto, no Parque Metalúrgico e no Largo do Rosário. Mais informações: www.tudoejazz.com.br ou tel: (31) 3221-4173


FONTE: O Tempo
Por: Júlio Assis

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