segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Comentários do dia

Amigos (as) leitores (as),

Na edição de hoje destaque para a opinião da produtora Marilda Lyra sobre o novo processo de abertura de contas para projetos a serem realizados com recursos da Lei Rouanet.

Destaque ainda para o documento TERRORISMO CULTURAL E ATENTADO POÉTICO produzido durante o ENARTCi.

No dia 11/09 publicamos um texto de Fernando Brant, a respeito do ministro Gilberto Gil com foco na política de direitos autorais. A pedido do ministro, a Folha de S. Paulo publicou sua posição a respeito da nota de Brant e, nós, na devida obrigação de permitir o direito de defesa, replicamos hoje a nota do ministro Gilberto Gil.

Vale lembrar que começa hoje o “Teatro Circular Farroupilha”, um curso livre de teatro. Os inscritos devem comparecer na Av.Londrina 180,com roupas leves e confortáveis para exercícios físicos.

O novo site USICULTURA é o marco de um novo passo digital para a instituição, a tempos a página linkada com o site da USIMINAS não era atualizada e agora eles possuem um canal direto. Vale a pena dar uma olhada e destacar a diagramação.

Antes de finalizar quero pedir desculpas pela falta de publicação nos últimos dias. Esperamos que não ter o mesmo problema novamente.

A todos uma boa leitura.

JOVENS BANDAS

Show: Wilson Sideral
Premiação: R$ 3.000,00
o evento será realizado de 18 a 20 de outubro, às 19h, no Centro Esportivo do Unileste-MG, campus I, em Coronel Fabriciano.

será cobrada uma taxa de R$ 50 de participação.

Mais informações em: www.jovensbandas.com.br

E VIVA A BUROCRACIA!!!

Prezados produtores, artistas e agentes culturais,

Está cada vez mais difícial trabalhar com projetos culturais neste país.

Não bastasse a morosidade com que o Ministério da Cultura vem trabalhando, agora, mesmo com o projeto aprovado, temos que passar pela burocracia da abertura de conta corrente.

É sabido por todos que captar recursos para projetos aprovados na Lei Federal não é tarefa fácil. Com a nova medida, o processo estabelecido pelo MINC, torna a captação uma tarefa mais árdua do que já era.

É que agora, depois do projeto aprovado e com publicação no Diário Oficial temos que solicitar a abertura de conta Bloqueada Vinculada. Só depois do projeto conseguir captar os 20%, exigidos pela Lei, é que será aberta a conta de Livre Movimentação.

Antes o próprio proponente abria a conta na instituição financeira de sua preferência, captava os recursos e, após atingir os 20%, solicitava autorização para movimentação da conta corrente. Só então iniciava a realização do projeto.

Tenho projeto aprovado, patrocinador interessado, já com valor definido, mas que não consegue efetivar o patrocínio porque não tenho onde depositar os recursos. Enviei carta, fiz solicitação por email, telefonei e até agora o único retorno que obtive, da funcionária que, para minha sorte, atendeu ao telefone, foi de que eu tenho que esperar, pois apesar da orientação da página do Ministério, de que, para agilizar o processo, devo enviar solicitação de abertura da conta para acompanhamento.sefic@minc.gov.br, só depois que da correspondência chegar ao órgão, via correio, é que as providências serão tomadas. Dá para entender isso?

Precisamos urgentemente fazer alguma coisa no sentido de conseguirmos junto ao Ministério da Cultura que o processo volte a ser como antes. As contas podem até ser centralizadas no Banco do Brasil, mas a abertura das mesmas devem ficar à cargo do proponente do projeto.
Senão daqui a pouco, a cada cheque emitido teremos que pedir autorização e enviar no mínimo três orçamentos dos serviços.

Precisamos nos posicionar à respeito. Por isso, proponho que quem estiver a favor de voltarmos ao processo antigo que envie email e correspondência ao MINC repudiando o novo processo.

os endereços são: fomento@minc.gov.br; acompanhamento.sefic@minc.gov.br

Ministério da Cultura
Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura
Caixa Postal - 8606 - CEP 70312-970, Brasília (DF)

ou

Ministério da Cultura
Esplanada dos Ministérios, Bloco B
Protocolo Central
CEP: 70.068-900

PRECISAMOS NOS POSICIONAR CONTRA ESTA BUROCRACIA. ALGUMA COISA PRECISA SER FEITA.

Conto com o apoio de todos.

cordialmente,


Marilda Lyra
Produtora Cultural e Jornalista
Ipatinga - MG


Confira abaixo como funciona o novo processo ou acesse http://www.cultura.gov.br/ e vá a apoio a projetos, abertura de contas.

Abertura de Contas
Incentivo Fiscal (Mecenato)

Abertura de Contas

Centralização das Contas no Banco do Brasil
O Ministério da Cultura (MinC) é responsável pela abertura das contas dos projetos, feitas exclusivamente no Banco do Brasil, para projetos que estejam a ponto de receber captação de recursos por parte dos patrocinadores. O procedimento é adotado a partir da divulgação da Portaria nº 9/2007, divulgada no dia 7 de março no Diário Oficial da União.

Cada projeto terá duas contas específicas, a conta Bloqueada Vinculada e a conta de Livre Movimentação, a serem abertas pelo Ministério da Cultura em diferentes momentos. Ambas serão vinculadas ao CNPJ ou ao CPF do proponente e individualizadas por projeto.

Os recursos captados deverão ser depositados somente na Conta Bloqueada.
A conta de Livre Movimentação é utilizada apenas para a execução do projeto.


Procedimentos para a abertura das contas de Incentivo Fiscal

1 – Escolha da Agência Bancária
Ao entregar o projeto ao MinC, o proponente deve indicar, no formulário do projeto, o número da Agência do Banco do Brasil de sua preferência para a abertura posterior da conta, caso seu projeto seja aprovado.
- O proponente deve estar atento ao perfil da agencia indicada, ou seja, se o projeto for apresentado por pessoa física, deve ser indicada uma agência que atenda esse perfil. O mesmo para pessoas jurídicas.
Agência de atendimento de Pessoa Jurídica – Pessoa Jurídica

Agência de atendimento de Pessoa Física – Pessoa Física

2 – Abertura da conta Bloqueada Vinculada
A primeira conta a ser aberta é a Bloqueada Vinculada, onde estarão centralizados os depósitos identificados pelo CPF e CNPJ do depositante. A conta, aberta para a arrecadação dos recursos, será aberta pelo MinC mediante solicitação do proponente que possua projeto aprovado e que já possua patrocinador, por meio do e-mail acompanhamento.sefic@minc.gov.br.

3 – Abertura da conta de Livre Movimentação
No momento em que o projeto obtiver captação de recursos mínima de 20% do total a ser incentivado o proponente deverá solicitar ao MinC a abertura da segunda conta, de Livre Movimentação. A solicitação deverá ser feita também pelo e-mail acompanhamento.sefic@minc.gov.br.

- Após esse procedimento, os recursos da Conta Bloqueada Vinculada serão transferidos para a conta de Livre Movimentação, a pedido do proponente, que será utilizada para a execução do projeto

Terrorismo Cultural & Atentado Poético

Memorando de Ipatinga

Ipatinga, 09 de setembro de 2007


De: Artistas da dança sofrendo e/ ou se divertindo no Enartci
Para: Todo mundo se divertindo e/ ou sofrendo no resto do Brasil

Estamos aqui para desenvolver variações em torno do tema "Corpo e barbárie" (independente da tradução que alguém faça de "corpo" e "barbárie"). Entre espetáculos, conversas, passeios de trem pela Ipatinga que turistas, empresários e governos não vêem, chegamos ao inevitável debate sobre políticas públicas. Para a cultura ou para além da cultura.

Passamos, como sempre, por questões como:
-Leis de incentivo, alternativas a elas, ou a falta de alternativas.
-Patrocinadores, ou a maneira como nossas publicações, imagens e paredes de teatros estão cada vez mais poluídas com logomarcas.
-Nossa postura no meio deste debate, sempre cheia de desejos e frustrações, mas com menos sugestões ou proposições do que seria eficiente.
-Urgência da implantação de medidas que estimulem a diversidade cultural, aqui entendida não apenas como uma diversidade de projetos ou idéias, mas de modos de criar, produzir, expressar.
-Dificuldade em agir por um bem comum quando o núcleo atual da estrutura de produção gira em torno de elaborar projetos, inscrever-se em editais, captar recursos - ou seja, atividades que premiam o individualismo e o isolamento, e inibem o surgimento de ações políticas coletivas.

Tendo isso em vista, propomos (convocamos, atentamos, sugerimos, clamamos e exclamamos):
- Circulação de sugestões, propostas, posicionamento afirmativo sobre como devem ser as políticas culturais. Ninguém tem a obrigação de nos salvar, de modo que nenhuma proposta de política pública será legítima e suficiente se não partir de nós.
- Implantação de processos que conduzam a um treinamento político-poético-ideológico, centrado em temas como - mas não somente - formas de organização, estratégias de comunicação com públicos (gente comum, mídia, comunidades específicas, capital, governantes etc.), estruturas de ação direta (intervenção, mobilização, terrorismo cultural e atentados poéticos), que nos dêem condições materiais e objetivas de encontrar as formas de nossa militância neste novo século.
-Determinação de objetivos, já que é necessário discutir - sempre - por que dinheiro de contribuintes deve ser aplicado neste programa ou naquele projeto. É inadmissível a postura dos grupos e artistas que, ao receberem recursos públicos, retiram-se do debate sobre as políticas, ou da pressão sobre os poderes.

-Estímulo aos programas que propiciem o encontro e a diversidade, e às estruturas de fomento, que sejam constantes e que não se abalem com mudanças governamentais.

-Uma nação com cultura continuada adoece menos e faz melhor suas escolhas.

No mais,

Aguardamos as notícias de vocês,

E pretendemos continuar a martelar a cabeça e a caixa postal de vocês com as nossas notícias.


FONTE: e-mail recebido de hibridus.mail@gmail.com

A importância dos direitos autorais

O debate sobre direitos autorais ganhou espaço importante de discussão pública. Trata-se de assunto estratégico para a cultura brasileira: a valorização e proteção aos autores e criadores é premissa fundamental de todo o trabalho que vem sendo realizado no Ministério da Cultura -instituição que tem a competência, no Estado brasileiro, de tratar o tema.

Em grande medida, suscitamos a discussão quando decidimos retomar a responsabilidade do ministério de atuar neste que é um dos mais importantes temas da cultura. Além de órgão regulador, o Ministério da Cultura tem se tornado um grande financiador de bens artísticos e criativos, aumentando seu orçamento ano a ano, e remunerando, via seleções públicas, milhares de autores de filmes, peças, livros e outros bens culturais que entram em circulação no país.

Na globalização, o Brasil precisa afirmar-se como um grande produtor de conteúdo em língua portuguesa e não apenas um gigante consumidor. Nossa balança comercial em propriedade intelectual (hoje deficitária) deve buscar o equilíbrio, em benefício do Brasil, das empresas e dos autores brasileiros.

O direito autoral voltou hoje a ser premissa e uma das finalidades da política cultural brasileira. A política para o direito autoral é estratégica porque diz respeito à soberania do Brasil e de nossos criadores na emergência da sociedade do conhecimento.

Passados dez anos da última alteração da Lei Autoral brasileira, é hora de a sociedade pensar se é necessária uma atualização. São muitas as insatisfações com o atual modelo, a começar pelos autores, que não se sentem inteiramente protegidos, nem bem remunerados. E acrescentemos o desafio dos novos modelos de negócios em base digital e, também, o aprofundamento da democracia e o desejo dos brasileiros de acessar a cultura, como parte de sua formação humana integral.

Hoje, a lei é anacrônica para atender, de forma equilibrada, tanto autores como consumidores e cidadãos. A simples reprodução de um arquivo musical para um tocador de MP3 contraria nossa legislação autoral, que não diferencia cópia privada de cópia com fins de pirataria. Tanto autores como consumidores concordariam que esta é forma relevante de circular cultura e remunerar artistas.

Tecnologia
O ambiente de desenvolvimento das tecnologias digitais promove, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade para o criador de obras literárias e artísticas. Desafio porque, dada a facilidade com que se reproduz ou se comunica ao público, uma obra ultrapassa largamente a capacidade tradicional de controle do autor sobre a sua utilização. Oportunidade, pois o autor nunca teve tanta facilidade em tornar público o seu trabalho, sem depender dos esquemas tradicionais que lhe submetem a um contrato com um investidor cujos termos são, por vezes, onerosos e mesmo leoninos contra os autores. Em algum momento de minha carreira musical, senti na própria pele como os autores nem sempre são os beneficiários.

A lei atual prescreve a utilização das medidas de proteção tecnológica (MPT), que permitem ao dono dos direitos sobrepor algum software ou programa específico sobre a mídia em que eles estão gravados, de maneira que seja impossível, por exemplo, copiar o filme ou a música. Na prática, em todo o mundo, tais medidas têm se revelado ineficientes e incapazes de manter a remuneração dos autores e investidores.

A tecnologia a serviço do cerceamento das liberdades produzidas pela própria tecnologia não é o melhor caminho, quando temos formas mais modernas de controle e novas formas de modelos de negócio, como a contribuição obrigatória sobre a mídia virgem. Essa contribuição, mínima, é revertida automaticamente para os autores como forma de compensá-los por perdas como as causadas pelos downloads. Limitações e exceções à proteção autoral permitem atividades culturais sem fins econômicos, que são perfeitamente legais em países avançados.

Devemos também enfrentar a vulnerabilidade dos criadores frente ao abuso de poder econômico do investidor, que se reflete, por vezes, em certas formas de contrato, de licenciamento ou cessão dos direitos sobre sua obra para que ela seja reproduzida, veiculada, distribuída ou comunicada ao público. O que sobra ao autor após a assinatura desse contrato é, via de regra, ínfimo, face à importância de sua criação para a mídia e para o usuário final da obra protegida.

As distorções da lei atual criam um claro desequilíbrio entre o incentivo à criação versus o acesso à cultura, de um lado, e, de outro, o incentivo ao criador versus a remuneração do investidor. A tecnologia, por certo, interfere nesse processo, nos colocando diante de desafios que serão enfrentados com muito debate social, negociação e inovação. A questão fundamental a ser enfrentada é: como remunerar de maneira condizente o criador nacional, o bem-estar que ele propicia a toda a sociedade?

Transparência
Devemos reforçar o papel das entidades de gestão coletiva autoral em suas tarefas de controlar a utilização das obras e de arrecadar uma remuneração justa, que seja efetivamente revertida aos autores. São legítimas as críticas constantes ao órgão central de arrecadação da execução pública musical, assim como a situação de falência da entidade mais antiga de gestão coletiva, no caso dos direitos de representação teatral, além da ausência de órgãos de gestão, por exemplo, na área do cinema.

No período recente, o Estado brasileiro praticamente foi desmantelado no seu papel de garantir mais transparência. Hoje, tornou-se necessário fortalecer o papel do Estado na área. O Ministério da Cultura apoiou a criação, no âmbito do Ministério da Justiça, do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP).

O governo tem sido bem-sucedido em coordenar os esforços entre a iniciativa privada e o Estado, com o objetivo de combater a reprodução não-autorizada de obras autorais. Isso tem sido feito, facilitando o trabalho das autoridades policiais e judiciárias na busca, apreensão e destruição do material pirateado.

Porém, temos insistido que não será suficiente somente a repressão pura e simples à pirataria, sem um trabalho de educação e informação para a população da importância do direito autoral e da relação intrínseca entre a pirataria e o crime organizado, mostrando que a compra de material pirata financia a criminalidade. A iniciativa privada também tem um papel importante nessa área, devendo buscar reduzir os preços dos CDs e DVDs comercializados para torná-los mais atrativos para o consumidor de material pirateado. O Estado não pode tudo nessa área: sem um esforço de toda a cadeia de comercialização, as medidas represssivas não serão suficientes.

A consolidação das leis autorais, ainda no século 19, teve sempre um objetivo fundamental: incentivar a criação como forma de aumentar o bem-estar da sociedade. Nossa lei atual está cumprindo esse objetivo? Em minha visão, não é o caso.

Por isso tudo, julgo que devemos rever esses desequilíbrios e induzir à melhor distribuição de benefícios, na qual o criador receba uma contrapartida justa em relação a seu papel na sociedade. Com o meio digital, o desafio é ainda maior. Independentemente de qual sejam esses instrumentos e seu foco de atuação, o Ministério da Cultura já vem trabalhando para dotar seu setor autoral de uma estrutura adequada, para fazer frente aos desafios impostos pelas novas tecnologias e, principalmente, pela grandeza cultural de nosso país.

Nesse sentido, é com satisfação que anuncio que o Ministério da Cultura realizará uma série de encontros, seminários e oficinas integrando um fórum nacional sobre direitos autorais que promoverá um amplo debate com a sociedade e com todos os atores envolvidos na questão autoral com vistas a definir qual a melhor forma de promover os equilíbrios que mencionei, bem como a atuação que o poder público deve ter para dotar o campo autoral de mais transparência e justiça.

GILBERTO GIL, 65, é compositor e atual ministro da Cultura.


FONTE: Folha de S. Paulo
Por: Gilberto Gil

Independentes se reúnem no Jambolada

Festival que aconteceu em Uberlândia promoveu shows de 25 bandas de vários Estados brasileiros, além de debates


UBERLÂNDIA - Troca de experiências, criação coletiva e cooperação são expressões recorrentes na cena da música independente brasileira. Pelo caráter aglutinador, os festivais são a realização prática de um movimento articulado que tem como objetivo produzir conteúdo alternativo, distribuir esse produto e fazer circular pelo país as bandas. Dentro desse espírito de "aprender fazendo", participar do movimento por vezes é até mais importante que a música em si, como pôde ser observado no Jambolada, festival que agitou Uberlândia, no Triângulo Mineiro, de sexta até ontem, com shows de 25 bandas de diversos Estados brasileiros.

Na sexta, a banda de Uberlândia Porcas Borboletas fez seu público pular bastante em uma apresentação para lá de irreverente, mas quem brilhou mesmo foram os acreanos do Los Porongas, com seu rock amazônico honesto, visceral e muito original. No sábado, os mineiros do Dead Smurfs foram a surpresa subversiva do festival. Como chamarizes de um público de milhares de pessoas, um Tom Zé deslocado e uma Nação Zumbi espetacular foram moldura honrosa para a materialização da cena indie nacional.

E nos bastidores, a cena realmente se realizou. "É o melhor backstage do país", ouviu-se nas coxias, onde centenas de músicos, produtores e jornalistas de todo o país trocavam CDs, contatos e, claro, experiências. "O objetivo é que os produtores pensem de maneira própria, criem tecnologias, usem as ferramentas à disposição e apliquem essas experiências às suas próprias realidades", traduziu bem o espírito da coisa o produtor e jornalista Israel do Vale na tarde de sexta, durante um debate que abriu o Jambolada.

Circuito mineiro
Na tarde do sábado, a música deu lugar à conversa em prol da articulação entre os artistas - e que também é uma das propostas do Circuito Fora do Eixo, ação da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) do qual o Jambolada é membro. Assim, numa reunião com produtores de Belo Horizonte, Uberlândia, Uberaba e São João del Rei, foi dado o pontapé inicial do Circuito Mineiro de Festivais, iniciativa semelhante à Abrafin, com foco regional. A idéia é que se estabeleçam roteiros para que bandas de Minas circulem dentro do próprio Estado.

Também no sábado divulgou-se em Uberlândia o Festival Garimpo, a ser realizado na capital mineira entre os dias 27 e 29 de setembro, com 20 artistas e grupos de Minas, São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Mato Grosso e Ceará. Exemplo dos conceitos e discussões da Abrafin e do Jambolada, o Garimpo pretende consolidar o recémcriado Festival de Música Independente de Belo Horizonte.

O repórter viajou a convite do festival


FONTE: O Tempo
Por: MARCELO FIUZA /ENVIADO ESPECIAL

Direitos autorais criam polêmica entre Brant e Gil

Parceiro mais constante de Milton Nascimento, Fernando Brant está do lado de Gilberto Gil no time dos principais autores da dita MPB. Mas, como presidente da UBC (União Brasileira de Compositores), sociedade arrecadadora mais antiga do país (criada em 1942), resolveu radicalizar sua oposição ao ministro da Cultura. Gil defende desde 2003 a flexibilização dos direitos autorais em função das mudanças provocadas pelas novas tecnologias.

"Ministro bárbaro, exterminador de criadores", atacou Brant em artigo publicado em "O Globo" na última sexta-feira. Em entrevista à Folha anteontem, ele economizou nos adjetivos duros, mas reafirmou a crença de que Gil está lutando contra os direitos dos autores de canções.

"Todas as ações dele são contra o direito autoral, principalmente o musical. Ele não pode transformar uma idéia que tem como artista em política de Estado. [A flexibilização] não está no programa do Lula, ele [Gil] não conversou com ninguém da classe", critica Brant.

O ministro informou, por meio de sua assessoria, que não responderia a Brant. Mas não foram poucas as vezes em que já falou do assunto. Para ele, como a internet permite a disseminação gratuita de músicas, deve-se pensar em outras formas de remuneração dos autores. E cabe ao ministério propor esse debate.

"A cultura digital carrega consigo uma nova noção sobre a propriedade intelectual, e esta nova cultura de compartilhamento pode e deve abastecer as políticas governamentais", afirmou ao "New York Times" em março passado.

Para Brant, "a tentativa de colocar a mão do Estado nisso" fere um direito privado. O letrista ressalta que está defendendo, especialmente, os autores que não fazem shows -como é o seu caso- e não podem ganhar dinheiro com venda de ingressos. "Se não proteger os autores, ninguém vai mais criar, por que do que vive o autor? Gil não precisa, faz shows. Por que ele não libera os ingressos dos shows dele?"

A polêmica está ligada ao Creative Commons, ONG que, a partir das idéias do norte-americano Lawrence Lessig, concede há seis anos licenças para quem deseja abrir mão de parte de seus direitos autorais em nome de maior divulgação do trabalho ou mesmo para compartilhar idéias pela internet. Artistas nacionais como B.Negão e Mombojó potencializaram assim suas carreiras.

"Brant diz que, no Creative Commons, o artista abdica de seus direitos. Não é verdade. O artista autoriza que pessoas utilizem as obras de acordo com certas condições. A licença mais escolhida proíbe o uso comercial. Se alguém violar isso, há recursos jurídicos para coibir. O Creative Commons, na verdade, só existe pois existem direitos autorais", afirma o advogado Ronaldo Lemos, representante do CC no Brasil.

Brant acredita que se vive um momento de transição e que, em breve, haverá dispositivos tecnológicos (uma "marca d´água digital", por exemplo) para cobrar pequenas quantias de quem baixa música. "A mesma tecnologia que cria facilidades cria possibilidades de controle. Mas Gil e o ministério são contra o uso da tecnologia para proteger", afirma.

CAETANO ACHA "INTERESSANTE"
Na terça passada, Caetano Veloso disse achar "interessante" a proposta do Creative Commons. "O autor ter o direito de liberar como ele quiser a parte da obra que quiser do jeito que quiser tem a ver com o sentido profundo do que seja o direito autoral, que é uma concessão", disse, ressaltando que respeita Brant.


FONTE: Folha de S. Paulo