segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Terrorismo Cultural & Atentado Poético

Memorando de Ipatinga

Ipatinga, 09 de setembro de 2007


De: Artistas da dança sofrendo e/ ou se divertindo no Enartci
Para: Todo mundo se divertindo e/ ou sofrendo no resto do Brasil

Estamos aqui para desenvolver variações em torno do tema "Corpo e barbárie" (independente da tradução que alguém faça de "corpo" e "barbárie"). Entre espetáculos, conversas, passeios de trem pela Ipatinga que turistas, empresários e governos não vêem, chegamos ao inevitável debate sobre políticas públicas. Para a cultura ou para além da cultura.

Passamos, como sempre, por questões como:
-Leis de incentivo, alternativas a elas, ou a falta de alternativas.
-Patrocinadores, ou a maneira como nossas publicações, imagens e paredes de teatros estão cada vez mais poluídas com logomarcas.
-Nossa postura no meio deste debate, sempre cheia de desejos e frustrações, mas com menos sugestões ou proposições do que seria eficiente.
-Urgência da implantação de medidas que estimulem a diversidade cultural, aqui entendida não apenas como uma diversidade de projetos ou idéias, mas de modos de criar, produzir, expressar.
-Dificuldade em agir por um bem comum quando o núcleo atual da estrutura de produção gira em torno de elaborar projetos, inscrever-se em editais, captar recursos - ou seja, atividades que premiam o individualismo e o isolamento, e inibem o surgimento de ações políticas coletivas.

Tendo isso em vista, propomos (convocamos, atentamos, sugerimos, clamamos e exclamamos):
- Circulação de sugestões, propostas, posicionamento afirmativo sobre como devem ser as políticas culturais. Ninguém tem a obrigação de nos salvar, de modo que nenhuma proposta de política pública será legítima e suficiente se não partir de nós.
- Implantação de processos que conduzam a um treinamento político-poético-ideológico, centrado em temas como - mas não somente - formas de organização, estratégias de comunicação com públicos (gente comum, mídia, comunidades específicas, capital, governantes etc.), estruturas de ação direta (intervenção, mobilização, terrorismo cultural e atentados poéticos), que nos dêem condições materiais e objetivas de encontrar as formas de nossa militância neste novo século.
-Determinação de objetivos, já que é necessário discutir - sempre - por que dinheiro de contribuintes deve ser aplicado neste programa ou naquele projeto. É inadmissível a postura dos grupos e artistas que, ao receberem recursos públicos, retiram-se do debate sobre as políticas, ou da pressão sobre os poderes.

-Estímulo aos programas que propiciem o encontro e a diversidade, e às estruturas de fomento, que sejam constantes e que não se abalem com mudanças governamentais.

-Uma nação com cultura continuada adoece menos e faz melhor suas escolhas.

No mais,

Aguardamos as notícias de vocês,

E pretendemos continuar a martelar a cabeça e a caixa postal de vocês com as nossas notícias.


FONTE: e-mail recebido de hibridus.mail@gmail.com

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