sexta-feira, 7 de setembro de 2007

ENARTCi - PROGRAMAÇÃO DE SÁBADO E DOMINGO

Clique na imagem para ampliar.


SÁBADO
15h

Encontro: Políticas Pùblicas. Jackeline de Castro/BH. 120 min. Classificação livre. Biblioteca Central de Idéias (50 lug.).Centro Cultural Usiminas. Shopping do Vale do Aço. Única exibição. 08/09 (sáb), 16h. Entrada franca.


17h
Lançamento da caixa Rumos Dança Itaú Cultural. Sônia Sobral/SP. 60 min. Classificação livre. Biblioteca Central de Idéias (50 lug.).Centro Cultural Usiminas. Shopping do Vale do Aço. Única exibição. 08/09 (sáb), 16h. Entrada franca.


20h
A (não) Violência destas Coisas (ou o) que faremos a seguir. Quadra Pessoas e Idéias/Votorantim-SP. 35 min. 14 anos. Teatro do Centro Cultural Usiminas (724 lug.). Shopping do Vale do Aço. Única apresentação. 08/09 (sáb), 20h30. R$ 1,99 (inteira). Debate após apresentação.


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DOMINGO
10h

Poética de um Andarilho a escuta do movimento no espaço de fora. Dudude Herrmann/BHZ. 120 min. Classificação livre. Parque Ipanema. Única apresentação. 09/09 (dom), 10h. Entrada franca.


16h
Mostra Vídeo – Dança Programa Rumos Dança Itaú Cultural 2006. Sônia Sobral/SP. 35 min. Classificação livre. Biblioteca Central de Idéias (50 lug.).Centro Cultural Usiminas. Shopping do Vale do Aço. Única exibição. 09/09 (dom), 16h. Entrada franca. Debate após.


17h
Debate: Conversa Publica ENARTCI 2007/2008. Hibridus Cia. de Dança/IPA-MG. 60 min. Classificação livre. Biblioteca Central de Idéias (50 lug.).Centro Cultural Usiminas. Shopping do Vale do Aço. Único encontro. 09/09 (dom), 17h. Entrada franca.


20h
O estável pertence ao que muda... ou 1ª possibilidade de Corpo e Cidade – Território de Relações . Hibridus/IPA-MG. 15 min. Classificação: Livre. Foyer do Centro Cultural Usiminas (724 lug.). Shopping do Vale do Aço. Única apresentação. 09/09 (dom), 20h. R$ 1,99 (inteira).


20h30
Solução para todos os problemas do mundo. Coletivo Couve Flor/CWB–PR. 40 min. Classificação livre. Teatro do Centro Cultural Usiminas (724 lug.). Shopping do Vale do Aço. Única apresentação. 09/09 (dom), 20h30. R$ 1,99 (inteira). Debate após apresentação.


Mais detalhes em: http://www.hibridus.com.br/


FONTE: Divulgação
Colaborou: Wenderson Godoy por telefone

Comentários do dia

Amigos (as) leitores (as),

Abro a edição de hoje, edição de final de semana, lançando uma provocação. A cidade de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, lançou uma proposta que, acredito, deva se espalhar para as principais capitais do Brasil e por cidades do interior com produção cultural efervescente.

Os agentes culturais de lá propõe ao seu município um orçamento anual, calcado em 1% do montante global do orçamento. Até aí nada de novo, já tramita na Câmara dos Deputados uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 150/2003, já aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Este é o caminho a ser adotado para a devida responsabilização dos entes federados, com uma gestão de política cultural efetiva para todos os brasileiros.

Na Conferencia Nacional de Cultura, realizada em Brasília, quando Marcelo Melo ainda era chefe do Departamento de Cultura, entre os 30 pontos considerados prioritários, o terceiro deles vai direto a este ponto propondo:


“3. Vincular de modo não contingenciável para a Cultura, o mínimo de 2% no Orçamento da união, 1,5% no orçamento dos Estados e Distrito Federal, 1% do orçamento dos municípios com aprovação e regulamentação imediata da PEC 150/2003.”

Quando disse aqui no início do meu texto sobre “provocação” estava me referindo à nossa realidade, aqui no Vale do Aço. Nenhuma das prefeituras deste nosso eixo metropolitano aplicam sequer 1% de seu orçamento em cultura. A isso eu aplico 3 perguntas básicas:

1) você (agente cultural) sabe quanto o seu município destina anualmente para a cultura, e quanto isso representa, proporcionalmente, ao orçamento anual?

2) de que forma ele é aplicado? (investimentos diretos, apoios, eventos, munifestações de continuidade, incentivos, fundos ou leis).

3) o que você (agente cultural) está fazendo para conseguir um percentual maior?

Ainda na edição de hoje a abertura das inscrições para o Festival de Teatro de Curitiba, do edital do BNDES a fim de destinar R$12 milhões para o cinema nacional e a biblioteca de fachada construída com dinheiro público, localizada a 500 metros da Esplanada dos Ministérios em Brasília.

Destaque ainda para a programação de sábado e domingo do Encontro Nacional de Artes Cênicas – ENARTCi, conforme acima.

A todos uma boa leitura

Artistas de Campo Grande querem 1%

O artigo abaixo é mais uma provocação! Um chamado para o debate coletivo. Acredito que o Overmundo também tenha esta vocação e precisa ser explorada. D.E.B.A.T.E.

Então vamos lá: em Campo Grande está acontecendo um movimento (lento, bem lento) que com certeza já pipocou, está pipocando ou vai pipocar em várias cidades brasileiras. Lanço duas perguntas para abrir as discussões: quanto do orçamento do seu município vai para a cultura? E os artistas locais estão fazendo o que para conseguir um percentual maior?

Conheça a realidade de Campo Grande, capital de MS!


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Um movimento da classe artística de Campo Grande vem ganhando corpo. Após debates entre artistas, produtores culturais, autoridades e vereadores cresce o movimento batizado de Campanha 1% para a Cultura. Trata-se de uma reivindicação para que 1% do valor do orçamento do município seja destinado à cultura. O orçamento de Campo Grande atualmente é de R$ 1 bilhão e 200 milhões e são destinados R$ 300 mil para a cultura, algo em torno de 0,025%. O objetivo é que até o dia 15 de dezembro de 2007 seja entregue na Câmara de Vereadores de Campo Grande um plano para que o 1% para a cultura esteja na peça orçamentária para o ano de 2008. A decisão seria então tomada pelo prefeito Nelson Trad Filho de aceitar ou não o pedido e transformar a campanha em lei municipal.

Já foram realizadas oito reuniões para debater o assunto. Está previsto para o mês que vem uma audiência pública na Câmara dos Vereadores com pessoas de outros municípios envolvidas com campanhas semelhantes e que já conseguiram o 1% do orçamento para a cultura em suas cidades. A Universidade Federal de MS está oferecendo um curso de formação para profissionais ligados à cultura chamado Industria Cultural: Artes Criativas, Economia da Cultura e Comunicação. Uma nova reunião aconteceu no último dia 30 também para dar prosseguimento ao planejamento de como será o projeto entregue à Câmara dos Vereadores.

O vereador Athayde Nery (PPS) explica que a audiência pública que vai acontecer será a base para a justificação da campanha do 1%. Ele ressalta que será preciso fazer um levantamento da vocação de Campo Grande para a cultura e que deverá ser entregue um plano detalhado de como será utilizado o dinheiro, dividindo para todas as áreas artísticas da Capital. "Temos que mostrar que este 1% vai ajudar a classe artística a se profissionalizar e que não é uma aventura. Que este 1% vai gerar retorno financeiro, ajudar o turismo, criar empregos e uma cadeia produtiva para a cultura na cidade. O orçamento atual é pequeno e precisa aumentar", acredita o vereador.

A presidente da Fundação Municipal de Cultura de Campo Grande (FUNDAC), Solimar Alves de Almeida, é favorável a campanha. Ela segue a linha de raciocínio do vereador Athayde de que a classe artística precisa mostrar como vai utilizar este 1% para convencer o prefeito, mas garante que Nelson Trad Filho é sensível à causa. Ela lembra que no ano passado o prefeito já se mostrou favorável quando precisou assinar o protocolo de intenção para Campo Grande se cadastrar e se inserir no Sistema Nacional de Cultura e que a verba do município para a área seria justamente de 1%. "Tanto eu aqui na FUNDAC como o prefeito somos favoráveis. Agora tem que resolver o lado burocrático e os artistas chegarem a um consenso quanto à proposta. O poder público está sensível e acha pertinente a campanha", garante Solimar.

O aumento da verba municipal para a cultura é mais que desejado pelos artistas e personalidades que atuam na área. Um exemplo é a professora Maria da Glória Sá Rosa, que está envolvida com a questão cultural da cidade desde a década de 50. Para ela, o governo tem o dever de valorizar mais a cultura. "Apoio totalmente a campanha do 1%. Mas sei que os artistas só conseguem as coisas na teimosia. Tem que insistir", aconselha. "O prefeito (Nelsinho) deve sancionar este pedido dos artistas sim. Ele dá valor e estimula a cultura. Só falta amadurecer a idéia e organizar para convencer ele", completa.

A bailarina, coreógrafa e professora de dança, Gisela Dória, lembra que a cota de 1% é o mínimo aceitável. Gisele reivindica também que o município crie um departamento dedicado as artes cênicas para os profissionais terem onde estudar as teorias relacionadas as suas áreas e desta maneira se profissionalizar realmente. "Um departamento é até mais importante que um corpo de baile municipal. Porque temos que formar profissionais e não apenas bailarinos, mas professores, cenógrafos, iluminadores...", enumera. Gisela se formou na Inglaterra, deu aulas no Canadá por dois anos e há duas décadas está envolvida com a dança campo-grandense. "Este 1% não é um favor, mas um direito da classe artística. Na verdade, seria o valor mínimo aceito. Cultura não é perfumaria", atesta.

O cantor Carlos Colman também é solidário a campanha. O compositor e professor de música garante que se o 1% for oficializado uma verdadeira revolução pode acontecer na cultura campo-grandense e desta maneira modificar a relação entre artistas e governantes. "Atualmente os artistas que desenharam o que chamam de música de MS são tratados como cidadão de segunda categoria. Este 1% pode melhorar o nível de tudo, porque atualmente as fundações esqueceram o objetivo principal que é divulgar e promover cultura para só investir em entretenimento", opina Colman.

Um dos primeiros a levantar a bandeira pela campanha do 1% foi o jornalista e cineasta Cândido Alberto da Fonseca. Foi ele que primeiro se dirigiu aos vereadores sobre a necessidade de aumentar a verba do município para a cultura. "O movimento começou quando os artistas acharam uma imoralidade um orçamento de apenas 300 mil para a cultura de uma capital como Campo Grande. Os políticos devem muito a sociedade brasileira e os artista não são pedintes, mas uma categoria especial de trabalhadores e queremos ser tratados com profissionais pelo município", alerta Cândido.

O vereador Athayde vai mais longe e lembra que a campanha para aumentar a verba do município para a cultura é só o começo de uma luta para atrair mais investimentos para a área em MS. "Este movimento serve também para ajudar na negociação com os deputados estaduais e federais. Das emendas propostas pelos parlamentares em Brasília não tem um centavo para a cultura. Ninguém vai ao Ministério da Cultura propor algo para a arte de MS. Talvez este movimento do 1% quebre esta barreira do silêncio e comece uma parceria com deputados federais e estaduais", assegura o vereador.


FONTE: Overmundo
Por: Rodrigo Teixeira

Gravação de 'Cidade do Samba' reúne ícones do samba no Rio

Clássicos da música brasileira foram cantados por Zeca Pagodinho, Jair Rodrigues, D2, Pitty, entre outros


RIO - Cantores de diferentes gerações, entre ícones do samba e artistas de estilos musicais distintos, reuniram-se na terça e na quarta-feira, 5, no Rio, para celebrar o ritmo nacional. Era a gravação do CD e do DVD Cidade do Samba - uma continuação do projeto Casa de Samba, que agora sai pelo selo que Zeca Pagodinho está lançando, o ZecaPagodiscos.

Sob a batuta de Rildo Hora, maestro e arranjador, escudeiro inseparável de Zeca, passaram pelo palco da Cidade do Samba (espaço na Gamboa onde desde 2005 ficam os barracões das escolas de samba do Rio) duplas inusitadas e algumas escolhas acertadas.

O repertório? Um clássico atrás do outro, todos cantados por gente como Ivete Sangalo e o cantor dominicano Juan Luis Guerra e Gilberto Gil e a cantora-atriz Marjorie Estiano - por conta de gravações na TV Globo, ela acabou deixando o ministro da Cultura esperando à toa na terça-feira (eles acabaram se apresentando só no dia seguinte). Teve ainda: Jair Rodrigues e Claudia Leitte (do Babado Novo), Walter Alfaiate e Negra Li (da série e filme Antônia), Marcelo D2 e Pitty, Beth Carvalho e Diogo Nogueira (filho de João Nogueira), Fundo de Quintal e Gabriel O Pensador e Dudu Nobre e Chorão (do Charlie Brown Jr).

O elenco (de 46 nomes) e as músicas foram escolha de Rildo. Quem avisava era o "patrão" Zeca, nos bastidores, pouco antes do início do show de terça-feira, que foi aberto por ele e Martinho da Vila cantando Mulheres (de Toninho Geraes, sucesso na voz de Martinho). "O Rildo sempre escolhe bem. Eu só estou recebendo as pessoas, sou tipo um relações-públicas. Sou bom nisso", disse Zeca. Entre os cantores, o que mais se ouvia era um discurso sobre o caráter agregador do samba, "que está no DNA de todo brasileiro", acredita Lenine (ele cantou Bebete Vão bora, de Jorge Ben Jor, com Zélia Duncan).

Por vezes cansada com as muitas repetições das músicas (era preciso fazer registros dignos de entrar no CD e no DVD), a platéia de convidados fez coro em sambas de várias épocas, composições de Zé Keti (Diz que fui por aí, cantada por Luis Melodia e Seu Jorge), Almir Guineto (em ótimo número com Dorina com sua Mel na boca), Sinhô (Jura, com Alfaiate e Negra Li), e Paulinho da Viola (Onde a dor não tem razão, com a Velha Guarda da Portela, Monarco e Vanessa da Mata).

A noite teve momentos bem engraçados, como as provocações da rebolativa Ivete a Juan Luis Guerra, que não conseguia sambar - "Juan, se solta! Manda mais uma caipirinha para Juan!" -; a atuação de Rildo pedindo "aquela força" e palmas para os artistas; a empolgação de Jair Rodrigues, que rebocou Claudia Leitte para junto do público; Daniela Mercury tentando comandar a massa.

Projeto cujo objetivo é reunir intérpretes variados em torno de nosso gênero maior, o Casa de Samba começou há dez anos. Já vendeu mais de 650 mil CDs e DVDs. Este é sua quinta edição. A iniciativa foi de Max Pierre, quando na direção artística da Universal Music - ele se juntou agora à PagoDiscos nesta empreitada. Os CDs de Zeca continuarão saindo pela Universal, pelo menos por enquanto.


FONTE: O Estado de S. Paulo
Por: Roberta Pennafort

Festival de Teatro de Curitiba dá a partida para 2008

O Festival de Teatro de Curitiba está, mais uma vez, de portas abertas para receber projetos para Mostra Oficial, Fringe, Atrações Infantis, Oficinas e Eventos Especiais. Para participar da edição 2008 do FTC, os interessados devem acessar o link “Cadastro de Projetos”, na página inicial do site, e após lerem atentamente e concordarem com as Condições de Participação, realizar o cadastro de seu projeto.


Para o Fringe, a dica para as companhias é cadastrar o quanto antes a proposta, porque a grade de programação é formada por ordem de chegada. Como a procura é maior a cada ano que passa, cadastre-se o quanto antes.

O maior festival de teatro das Américas tem como objetivo agregar em março a maior diversidade artística e humana em Curitiba. A imensa vitrine das artes cênicas será formada, entre os dias 20 e 30 de março, por Mostra Oficial, um retrato do que é atualmente produzido no país; Fringe, uma oportunidade para companhias nacionais e estrangeiras exibirem seus trabalhos; e Atrações Infantis, que promovem entre as crianças um contato inicial com essa arte.

Para o aprimoramento de quem leva a arte como profissão ou de quem a aprecia, o FTC oferece também as Oficinas. Propostas de ministrantes podem ser cadastradas também por meio do mesmo link.

Além disso, os Eventos Especiais, que promovem a inovação e a integração entre o teatro e as diversas manifestações artísticas, recebe também propostas para diferentes mostras, exposições, lançamentos de livros, entre outros.

A visibilidade para o trabalho de quem participa do FTC, não se dá só em março. Durante todo o ano o público de todo o Brasil pode conferir, no site oficial do evento, por onde andam as companhias que aqui se apresentaram. O Festival de Teatro de Curitiba já deu a partida para 2008, não deixe de participar!


FONTE: Festival de Teatro de Curitiba

BNDES lança edital para investir R$ 12 milhões no cinema nacional

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai investir até R$ 12 milhões em projetos de produção e finalização de filmes de longa metragem, realizados por empresas brasileiras independentes. O Edital de Seleção Pública, lançado nesta quarta-feira (5), abrange os gêneros de ficção, animação e documentário.

Somente poderão concorrer ao apoio do BNDES projetos já aprovados pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), com registro de emissão e distribuição de Certificados de Investimento Audiovisual na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), vinculada ao Ministério da Fazenda. Não serão aceitas inscrições de projetos que tenham sido apoiados em editais anteriores ou de diretores que estejam em dívida com o banco.

Desde 1995, o sistema BNDES apóia o cinema brasileiro, tendo investido até o ano passado o equivalente a R$ 93 milhões em 284 produções. O volume foi crescente ao longo desses 12 anos, atingindo a média de R$ 12 milhões por ano a partir de 2006, relatou Luciane Gorgulho, chefe do departamento de Economia da Cultura do BNDES.

O BNDES é um dos maiores patrocinadores do cinema nacional. O banco apóia ainda os projetos cinematográficos através de fundos regulamentados pela CVM, denominados Funcines e destinados ao investimento no setor audiovisual (cinema e televisão), envolvendo toda a cadeia produtiva, cujo orçamento este ano atinge R$ 25 milhões. Além disso, o BNDES criou no ano passado o Programa de Apoio à Cadeia Produtiva do Audiovisual (Procult), que prevê investir no setor até 2008 um total de R$ 175 milhões.


FONTE: Jornal do Commercio

Biblioteca de fachada

Fincada na Esplanada dos Ministérios, a 500 metros da célebre catedral, a Biblioteca Nacional de Brasília, mais recente projeto de Oscar Niemeyer a tomar forma na capital, foi inaugurada duas vezes no ano passado, mas hoje é pouco mais que um enfeite na avenida-cartão-postal da cidade.

Não há um único livro na estante, não há data para que comece a funcionar e, entre os muitos obstáculos para que isso aconteça, está a discordância do escritório de Niemeyer ao plano dos administradores de pôr insulfilm nas janelas.

Construída e gerida pelo GDF (Governo do Distrito Federal), a Biblioteca Nacional forma, com o Museu da República -este já em funcionamento-, o Conjunto Cultural da República. Os dois prédios são a primeira metade do último elemento para finalizar o projeto original de Niemeyer e Lúcio Costa para Brasília -faltam um espaço para shows e um conjunto de cinemas, a serem construídos ali perto.

Dois governadores inauguraram a biblioteca, que custou sozinha R$ 42 milhões ao GDF (o complexo inteiro ficou em torno de R$ 130 milhões). Em 31 de março de 2006, a inauguração coube a Joaquim Roriz (PMDB), que viria a ser eleito senador e posteriormente renunciar ao mandato, para escapar de cassação. Às vésperas de deixar o cargo, a sucessora de Roriz, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), fez, em 15 de dezembro, a inauguração dela. Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Já há livros doados, cerca de 10 mil dos 250 mil que a biblioteca poderá abrigar. Ocorre que, de acordo com a atual direção, o prédio novo em folha não tem as condições necessárias para armazená-los.

À parte as rixas políticas que criam o habitual "jogo de empurra" em transições de governo -o governador José Roberto Arruda (DEM), que assumiu em janeiro, virou adversário de Roriz e de Abadia-, uma visita ao prédio revela que há de fato inúmeros problemas.

As salas projetadas para o acervo recebem sol incidente. Uma parede vazada em tese minimizaria o efeito sobre os livros, mas, segundo a Secretaria de Cultura do DF, os cobogós (blocos vazados) foram feitos mais abertos do que o previsto no projeto. "Para economizar, infelizmente, não seguiram o projeto do Niemeyer, que previa um cobogó menor", afirma o secretário Silvestre Gorgulho.

A saída encontrada pelo GDF foi colocar nos 1.700 m2 de área de vidraças uma película protetora escura. Segundo o diretor da biblioteca, Antonio Miranda, uma licitação no valor de R$ 150 mil será aberta nos próximos dias para comprar o material, que, ele afirma, veda 92% da luz.

Ao ser informado do plano pela reportagem, o escritório de Niemeyer reagiu com espanto. "No nosso projeto, não tinha insulfilme, jamais colocaríamos, não é adequado. Eles têm de nos consultar. É melhor uma tela ou proteção interna", queixou-se Jair Valera, colaborador de Niemeyer que desenvolveu o projeto.

Consultado, o próprio Niemeyer, que em dezembro fará cem anos, disse não saber do caso. "Eu gosto muito da biblioteca, porque ela está defronte ao museu [da República] e combina bem. É uma biblioteca moderna, com tudo o que é preciso, mas desse detalhe eu não estou a par", afirmou.

Desperdício
A ausência ou inadequação de equipamentos essenciais para a biblioteca funcionar escancaram o desperdício de dinheiro público: o prédio foi entregue na gestão passada com um sistema contra incêndio do tipo sprinkler (esguichos de água no teto), mas a atual diz que terá de trocá-lo. "Com esse [sistema], se você salvar os livros do fogo, não salva da água", explica o diretor Miranda.

Será preciso colocar portas de segurança. Há ainda divergências de, digamos, visões de mundo, entre os que inauguraram o prédio e os atuais administradores. Miranda não gostou do layout dos espaços para leitura, divididos em salas individuais. Vai pôr as divisórias abaixo e criar salas coletivas.

"O governo anterior não inaugurou uma biblioteca, mas um prédio vazio", dispara Miranda, que, como o secretário Gorgulho, faz questão de isentar o escritório de Niemeyer de responsabilidade.

Até que a biblioteca funcione -não há prazo, mas a certeza de que só no ano que vem-, o GDF vem gastando para manter o prédio. Só com energia, são em média R$ 125 mil por mês. Nove funcionários dão expediente no prédio, além de dez seguranças por turno na vigilância.

Os secretários de Cultura das gestões passadas divergem em relação às causas. Enquanto o de Roriz se isenta, faz coro à atual gestão e alfineta a gestão Abadia, o secretário desta alega que a obra foi entregue de acordo com o contratado.

Nem tudo parado
A Biblioteca Nacional é uma obra grandiosa, com quatro andares, 120 m de comprimento e 10 mil m2 de área construída. Em formato retangular, o pavilhão faz contraponto ao Museu da República, este uma cúpula convexa semelhante a muitas projetadas por Niemeyer. Estão separados por 50 metros, e entre eles há uma praça com três espelhos d´água e um prédio para restaurante.

Apesar dos obstáculos que impedem a abertura ao público, já funciona no local uma pequena parte de um ambicioso projeto -o primeiro módulo de um centro de inclusão digital, fruto de parceria do GDF com o Ministério de Ciência e Tecnologia. Um salão de exposições também está em atividade.

O diretor diz ter acordos com universidades e editoras, e o apoio da Câmara Brasileira do Livro e da Unesco para doação do acervo.

"Recebo rapidamente 150 mil livros, o problema é preparar o prédio. Além disso, nossa biblioteca digital será das mais avançadas do país, vamos produzir e disseminar conteúdo para escolas. Há parcerias com os ministérios da Educação e da Cultura, a Rede Nacional de Pesquisa, o Ibict [Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia] e a UnB [Universidade de Brasília]. Vencida essa etapa, não tenho dúvida de que teremos um centro cultural de vanguarda", empolga-se Miranda, escritor e professor do Departamento de Ciência da Informação e Documentação da UnB.


FONTE: Folha de S. Paulo
Por: Fábio Victor