quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Anima Mundi exibe 60 filmes em BH

Maior festival de animação da América Latina ganha edição na capital e mostra melhor da produção mundial



Os traços em movimento ganham espaço nobre a partir de hoje na capital mineira. Depois de edições fixas no Rio de Janeiro e em São Paulo, agora é Belo Horizonte que entra no circuito do Anima Mundi - Festival Internacional de Animação do Brasil. Em sua 15ª edição, o evento de maior prestígio e importância no setor dentro da América Latina vai exibir aproximadamente 60 produções nas Gerais, numa espécie de versão compacta - porém, bastante encorpada - da mostra principal. "É uma seleção da seleção", define Aída Queiroz, uma das criadoras do Anima Mundi, sobre os filmes escolhidos para vir à cidade. "Desde quando começamos temos a intenção de levar o festival para Belo Horizonte, que é um centro de razoável produção em animação".

Ajudou o fato de Aída ser mineira de nascença. Natural de Governador Valadares, município do Vale do Rio Doce, ela morou na capital por sete anos e estudou na Escola de Belas Artes da UFMG - e justamente animação. Logo mudou-se para o Rio de Janeiro e, com a experiência adquirida na produção de desenhos, juntou-se a outros amigos - César Coelho, Léa Zagury e Marcos Magalhães - e, em 1993, deu forma ao primeiro Anima Mundi. De lá para cá (e depois da chegada a São Paulo, em 1998), o festival ganhou espaço e importância. "É uma janela de exibição imprescindível ao que de melhor é realizado em animação no mundo inteiro. Serve como formação de público e como espaço de visibilidade a esses trabalhos que não são realizados dentro do sistema de estúdio norte-americano", defende Aída.

"O Anima Mundi atualiza o espectador sobre o que está sendo feito ao redor do planeta e é uma ponte para o realizador levar para mais longe o seu trabalho. Tudo isso possibilita um novo fôlego ao setor". Nessa perspectiva, o espectador de Belo Horizonte não vai ter do que se queixar. Em quatro sessões diárias, as produções que para cá virão representam uma grande mescla de técnicas, países e idéias das mais variadas. Isso vale desde a técnica mais "primitiva", como traços cortando a tela, até a moderníssima tecnologia em computação gráfica. Entre os destaques, vale citar o brasileiro "Vida Maria", de Márcio Ramos, um dos curtas mais premiados em festivais recentes; "Até o Sol Raiá", de Fernando Jorge e Leandro Amorim, inspirado na literatura de cordel; e o russo "Moya Lyubov", de Alexandre Petrov.

"Alguns desses filmes são de enlouquecer de tão bons", exalta Aída. Mesmo com a ascensão cada vez maior do 3-D, Aída Queiroz não acredita na supremacia desse recurso na produção dos desenhos. "É algo que a grande indústria, especialmente nos EUA, incorporou nos últimos anos. Só que é uma técnica entre várias outras", afirma. Ela acredita que tal técnica tem servido bem ao momento atual da produção, mas o que conta, na recepção final de uma animação em contato com o público, é a boa idéia e a boa execução. "A forma mais simples pode gerar um filme genial. É isso que sempre vai contar".

AGENDA - 15º Anima Mundi - Festival Internacional de Animação, de hoje a 23 de setembro, no Espaço Oi Futuro do Teatro Klaus Vianna (av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras). Entrada franca. Informações: www.animamundi.com.br.


FONTE: O Tempo
Por: MARCELO MIRANDA

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