sexta-feira, 25 de abril de 2008

Mudança

NOVIDADES NO BLOG:

NOVO ENDEREÇO (www.forumdacultura.blogspot.com)
NOVO LAYOUT - notícias rápidas, fácil leitura e com link para as matérias principais

CONFIRA!!!

WWW.FORUMDACULTURA.BLOGSPOT.COM

quinta-feira, 24 de abril de 2008

E A CULPA NÃO É DE NINGUÉM

Depois de muita insistência – desde sexta-feira (18/04), consegui falar com o Sr. Daniel, responsável pela limpeza das praças na cidade sobre os moradores de rua que estão residindo em baixo da obra do artista plástico Amílcar de Castro, instalada na praça 1º de Maio no centro.

Alegando desconhecer o estado em que se encontrava a obra, inicialmente Daniel disse não ser da responsabilidade de seu setor a limpeza e conservação do monumento pois este era um encargo do Departamento de Cultura. Após saber que o próprio departamento foi quem o indicou para falar sobre o assunto ele postergou dizendo que a responsabilidade então era da Secretaria de Obras.

foto da obra antes de chegar a Ipatinga - 1995.

Ao falar com a referida Secretaria a resposta foi a mesma: “responsabilidade do departamento comandado pelo Sr. Daniel”. Enfim telefono novamente a ele que me atende com a seguinte frase: “se não é lá, então não tem ninguém na prefeitura para limpar isso”, diz isso assegurando que irá apurar o caso, ou seja, descobrir se a responsabilidade era mesmo de seu setor, e pede para que eu retorne em alguns minutos.

fotos da obra tirada hoje (24/04)

O RETORNO
Por telefone, Daniel reconheceu a responsabilidade de seu departamento, alegando que uma empresa terceirizada, a ENFRATER, era a contratada para este serviço e, segundo a empresa, na praça é feita varreção diária além de jardinagem a cada três meses. A empresa afirma ainda que, embora proceda limpeza, os indigentes retornam após a praça estar totalmente limpa e encerrou dizendo que a limpeza (que é de responsabilidade deles) é feita conforme o contrato em vigência, mas que a manutenção durante o dia e a noite, para que os indigentes não voltem a habitar lá, não é de responsabilidade da empresa.

Terminei a entrevista com uma pergunta que ainda me assola:

DE QUEM É A CULPA? Acho que a culpa é minha por morar em Ipatinga e me preocupar com as obras de arte instaladas na cidade prestando homenagens, ora à cidade ora à população.

Comente você também: DE QUEM É A CULPA?

E para os desavisados do poder público vou poupar esforço e deixar abaixo QUEM É AMILCAR DE CASTRO?

Amílcar têm obras expostas em praças no Japão, na University of Essex (EUA), Rio de Janeiro e em todo país. Clique no nome dele e vá direto para o site que têm todas as informações.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Será o fim da Lei Rouanet?

Dias após a publicação do mesmo artigo com duas versões, dois títulos e um só conteúdo diferentes, ocorrida no Jornal do Brasil, primeniramente e que retumbava: “O teatro não é inviável economicamente”de autoria do Sr. Celso Frateschi, presidente da Funarte.

E a outra publicação trazendo a assinatura conjunta deste com o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira, e publicado na Folha de S.Paulo sob o título “Incentivo ao Teatro?”. Em comemoração do dia do teatro.

Com as mãos abanando diante do caos vivido pela produção teatral, vieram a público colocar a culpa pelos desmandos à Lei Rouanet, da falta de público à diminuição das temporadas. Só faltaram pedir o pescoço dos governantes, diante do descaso do mecanismo governamental em relação às necessidades das artes cênicas brasileiras.

Quase nos fizeram acreditar que o problema da lei é a própria lei, como se tivesse pernas próprias e não dependesse de governo para seguir o caminho correto, ou desejável. Cinco anos de poder foram necessários para descobrir verdadeiros exus: empresas e produtores culturais que lucram com a lei. A pena para a doença, matar o doente. Em português claro: acabar com a lei.

Mas como pode a Lei Rouanet ter esse poder todo se ela é tão-somente um mecanismo de estímulo ao investimento privado? Isso deixa claro o quanto o governo apostou na Lei como a solução dos problemas da humanidade cultural e deixou de exercer seu papel fundamental de promover a cultura.

Leia matéria completa aqui.

terça-feira, 22 de abril de 2008

volta Chico Anysio

Com 77 anos completos no último dia 12, o humorista Chico Anysio voltou à mídia graças ao programa "Pânico na TV", da "Rede TV!", desde domingo (20/04). Tudo por causa de uma campanha iniciada pelos humoristas Wellington Muniz (Sílvio) e Rodrigo Scarpa (Vesgo) querendo de volta Chico Anysio na TV.

Chico, a dois anos está fora do ar e sem programa próprio, fazendo apenas pequenas pontas em novelas da TV Globo.


Os humoristas da Rede TV! Prometem infernizar a vida dos executivos da Globo nas próximas semanas. Veja a matéria completa aqui.


Veja ainda a entrevista exclusiva de Chico Anysio ao repórter Miguel Arcanjo Prado, da FOLHA ONLINE aqui.

ainda sobre Descaso

“...eu resumo tudo isso numa palavra: DESCASO!. Ainda sem ler a matéria publicada ontem aqui no BLOG, falei com o artista plástico Amauri K’rus, enquanto ele coordenava a montagem de feirarte, por volta das 18h de ontem, sobre o descaso com a obra em homenagem aos trabalhadores instalada na praça 1º de Maio, no centro de Ipatinga (que pode ser lida abaixo).

Amauri não poupou críticas e emendou dizendo que “a obra foi apenas colocada ali e nunca foi feito qualquer tipo de manutenção na área, exceto a limpeza da praça”, ele reclama que os próprios artistas, que deveriam dar o exemplo, não o fazem - referindo-se aos arranjos natalinos colocados por sobre a obra no ano de 2006, “nem o próprio artista plástico que fez os arranjos respeitou a obra do Amílcar” disparou.

Ele reclama ainda que quando a obra embaixo do viaduto da amizade, próximo ao shopping do vale, foi pintada a promessa era de que a área seria gramada, colocados refletores para valorizar a obra e, em troca, a criação deveria ter duração mínima de cinco anos. “Nada disso foi feito! Apenas os artistas cumpriram com a parte deles, a obra está lá há mais de dez anos e a gramada, as luzes, cadê?”

Quanto à obra de Amílcar de Castro, o artista acha lamentável e sugere que a área seja tratada adequadamente com gramado, luzes recolocadas em seus devidos lugares e que, efetivamente funcionem, além do aumento da fiscalização efetiva durante o dia evitando a acomodação de indigentes.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Descaso

Faço coro também à matéria abaixo e peço que divulguem:

____________________________________________________________________

Passei por uma cena no mínimo inusitada hoje a tarde... o descaso do órgão público responsável pela conservação da Praça 1º de Maio, a praça do trabalhador, no centro de Ipatinga, o departamento de meio ambiente, é absurdo ao ponto da obra, em homenagem ao trabalhador, estar tomada por objetos de indigentes, isso sem contar as pixações.

Em 1995 a praça recebeu uma obra de Amilcar de Castro no formato de um coração. De certo este departamento, comandando por Daniel Martins Júnior desconhece o valor artístico da obra e do artista em questão.

As fotos abaixo são de um telefone celular e mostram o estado em que se encontra:


Será essa a homenagem aos trabalhadores?

Até o presente momento o responsável pelo setor não foi encontrado para comentar o assunto. O diretor do Departamento de Cultura prefere manifestar-se por escrito. Ficamos aguardando. Faço coro para que se peça a limpeza imediata do local, ligue: 3829-8079.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Comentários do dia

Amigos(as) leitores,


Na edição de hoje do BLOG, com muito atraso por sinal, recheamos no conteúdo com matérias direcionadas a todos nós militantes das artes.

A chegada de Bob Dylan ao Brasil com a turnê de seu novo disco e ingressos oscilando entre R$400 a R$900.

No BOA LEITURA de hoje a receita para uma nova estrela. em tempos de Big Brother's é impossível não falar sobre ele.

A todos uma boa leitura.

Bob Dylan chega ao Brasil para turnê do CD 'Modern Times'

Nesta terça, ainda havia ingressos para os show no Via Funchal, em SP, com preços entre R$ 400 e R$ 900


SÃO PAULO - Ele fala tão pouco, e no entanto suas palavras são exaustivamente repetidas década após década. Algumas de suas canções, como Like a Rolling Stone, Knockin’ on Heaven’s Door, Mr. Tambourine Man, I Want You e Just Like a Woman foram gravadas por artistas tão distintos quanto Sonic Youth, Bob Marley, U2, Billy Joel, Pearl Jam, Guns ‘N Roses, Rolling Stones, Zé Ramalho, entre dezenas de outros. É de cortar o coração a voz de Nina Simone sangrando na gravação de I Shall be Released, que ele compôs em 1967.

Bob Dylan, o ídolo calado, chegou a São Paulo nesta terça-feira, 4, de madrugada. Toca na quarta, 5, e quinta, 6, para 5 mil felizardos no Via Funchal. Nesta terça, ainda havia ingressos para os dois dias, com preços entre R$ 400 e R$ 900. No sábado, Dylan toca no Rio de Janeiro, no Arena Rio.

Na Cidade do México, último lugar onde Dylan tocou antes do Brasil, na noite de domingo, ele até que falou alguma coisa. Ou melhor: escreveu. "Lindo país, lindo céu, lindas pessoas", foi o que deixou rabiscado no livro de visitantes do Auditório Nacional, onde tocou. A frase já virou preciosidade para os seguidores mexicanos mais exaltados, e está guardada a sete chaves.

Bob Dylan inscreveu sua lenda pessoal nos anos 60 como o poeta da consciência política, um bardo (que muitos consideraram) de recursos musicais limitados, "pero" intelectual refinado, ungido por referências literárias. Nem muito isso nem muito aquilo. Dylan é um artista que dá forma às suas visões pessoais e as transporta para um universo de associações musicais.

Sua música tem atravessado décadas de novos modismos, mas nunca se rende às tendências dominantes. Está sempre fundada nas formas mais básicas (e às vezes mais rudimentares) da música original da América do Norte: blues, swing, folk ballads, gospels, bluegrass, country. Ao mesmo tempo, é furiosamente anticonservadora, vigorosamente atenta aos desafios formais.

Um pé no passado, outro no futuro. É por isso que em Modern Times (Sony-BMG), de 2006, seu 44º disco e o mais recente, você poderá claramente ouvir Johnny B. Goode, clássico de Chuck Berry e das formas mais primitivas do rock’n’roll, escorrendo dos solos de Thunder of the Mountain, uma canção novíssima.

Não há uma canção chamada Modern Times no disco. É o primeiro mistério: o que permitiu a Dylan escolher esse título? Ele poderia estar aludindo ao filme de Chaplin de 1936, ao nome de discos pregressos do Jefferson Starship e de Al Stewart, ou ainda a uma comunidade anarquista de Nova York no século 19. O jornal The New York Times matou a charada em uma reportagem: o disco faz alusão a um obscuro poeta sulista americano do século 19, Henry Timrod, que escreveu poemas sobre a Guerra Civil americana e morreu em 1867, aos 39 anos. Versos de Timrod temperam canções.

Dylan, sempre irônico, zomba de si mesmo, da compulsão que os caras mais velhuscos como nós temos de ficar praguejando contra as contradições do progresso e da tecnologia. "Fiz o que pude, e fiz tudo certinho", ele lamenta. Na canção de abertura, ele menciona de forma sarcástica uma das estrelas da canção dos tempos modernos, a musa do R&B Alicia Keys.

Mesmo ilhado do mundo, vivendo numa redoma de mudez e estranhamento, ele conhece como ninguém os personagens de uma América subterrânea. "Não posso mais ir para o Paraíso/eu matei um homem lá", ele canta, em Spirit on the Water, com uma gaita limpa e a voz clara.

O blues country Rollin’ and Tumblin’ equilibra-se sobre doces duelos de guitarra, evocando os perdidos anos 50, dos quais Dylan nunca demonstrou ter saudade - ele já não os estimava durante seu auge. "Alguma jovem vadia esvaziou meus miolos", esbraveja o bardo, mas de um jeito lânguido, displicente, de falso conformado.

Furiosamente harmônico e melódico, Modern Times é o disco de um artista que esgrime contra o seu tempo, mas não por odiá-lo, senão pela ternura infinita que sente pelo humano e pelos sentimentos. Há pelo menos umas quatro obras-primas no disco, além de grandes achados, como The Levee’s Gonna Break (O Dique se Rompeu, cover de clássico blues de Memphis Minnie). A tragédia do Katrina em New Orleans revista pela lente esmaecida do passado.

A turnê atual, baseada neste disco e apropriadamente batizada de A Turnê Sem Fim, está sujeita às próprias mudanças de espírito de Dylan, que altera o repertório a seu bel prazer. Na Cidade do México, ele abriu a noite tocando a guitarra elétrica, instrumento com o qual escandalizou os puristas em 1966, e tocando na seqüência Rainy Day Woman #12 & 35, It Ain’t Me, Babe e Watching The River Flow.

Rainy Day Woman foi gravada em Nashville, em 1966. O jornalista Bill Flanagan conta que há uma lenda sobre a canção. Dylan levou os músicos para um estacionamento, onde receberam instrumentos novos para a gravação. Gestava uma nova revolução e entregava as "armas" aos combatentes.

Outra música que ele tem incluído no seu set list é Maggie’s Farm (alusão ao clássico folk Penny’s Farm), "sobre o homem comum que tenta simplesmente levar a vida enquanto o mundo amontoa pilhas de indignidades sobre ele", diz Bill Flanagan. Talvez ele não toque All Along the Watchtower, mas se há um rock de Dylan que não deveria faltar em nenhum show é esse. Ele o fez após um acidente de moto, em 1966. Hendrix a gravou e a transformou num monumento do rock psicodélico. Dylan gostou tanto que, após a morte de Hendrix, passou a tocá-la ao estilo do guitarrista.

E atenção quando ele tocar Things Have Changed (pela qual ele ganhou um Oscar em 2003, pela trilha do filme Garotos Incríveis). Por conta disso, ele dispõe sua estatueta do Oscar em cima de um amplificador durante o show. Ele termina o show com Summer Days e Like a Rolling Stone e uma versão impraticável para os Suplicy de Blowin’ in the Wind, o hino dylanesco para todas as lutas pelos direitos civis.


FONTE: O Estado de S. Paulo
Por: Jotabê Medeiros

Roteiro indica o que ler de Carlos Drummond de Andrade

Consagrado como um dos maiores poetas do Brasil e um dos grandes do mundo em sua época, Carlos Drummond de Andrade e sua obra são explicadas em "Drummond", livro da coleção "Folha Explica". O primeiro capítulo do livro pode ser lido a seguir.

O livro sobre o escritor, que tem o núcleo de sua obra em dez livros, apresenta um roteiro de leitura tanto para quem nunca leu nenhuma obra de Drummond quanto para quem já as conhece e pretende repassar sinteticamente a obra do poeta, iluminada por comentários pontuais e interpretações de contexto.

O volume da série "Folha Explica" é assinada por Francisco Achcar, professor de língua e literatura latina da Unicamp.

Como o nome indica, a série "Folha Explica" ambiciona explicar os assuntos tratados e fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só para que fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país.

"Carlos Drummond de Andrade"
Autor: Francisco Achcar
Editora: Publifolha
Páginas: 128
Quanto: R$ 17,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha

De 1930, ano de sua estréia em volume, até 1962, quando completou 60 anos, Carlos Drummond de Andrade (1902-87) publicou dez livros de poesia que contêm um dos conjuntos de textos mais prestigiados e importantes de toda a nossa tradição literária. Esses poemas fizeram que a opinião predominante no Brasil consagrasse seu autor como o maior poeta do país e um dos grandes do mundo em sua época. Mesmo os que preferem atribuir a primazia brasileira a João Cabral de Melo Neto consideram que caberia a Drummond, não fosse o isolamento imposto pela língua portuguesa, uma posição de destaque no panorama internacional.

Sua obra, elaborada ao longo de mais de seis décadas, compreende poesia e prosa. Apesar das qualidades e da quantidade da prosa (17 livros de crônicas e contos, fora o que ficou nos jornais), o núcleo de sua produção é a poesia - mais de 20 livros cuja porção capital é o conjunto de poemas acima referido, ou seja, os melhores poemas das dez primeiras coletâneas.

É matéria de discussão quais sejam, exatamente, os melhores poemas (ou mesmo apenas os bons poemas) daquela extraordinária série de livros. Drummond é irregular e há divergências quanto ao que seriam seus altos e baixos.1 Por exemplo: boa parte dos críticos incluiria em sua antologia drummondiana dois poemas narrativos, "O Padre, a Moça" e "Os Dois Vigários", que Haroldo de Campos descarta como "poemas padrescos".2 A "mineiridade" (o que quer que seja), valorizada por muitos, para alguns é parte da quota de "prendas" provincianas de que o poeta não se teria livrado. Os sonetos dos anos 50 são vistos por uns (José Guilherme Merquior, por exemplo) como uma das culminâncias da obra do poeta; outros (Haroldo de Campos, notadamente) os tomam como retrocesso "neoclássico" e melancólico tributo ao gosto "restaurador" em voga na época. Há quem inclua entre os melhores poemas de Drummond numerosas composições das mais de dez coletâneas de versos que ele publicou depois de 1962; outros, embora admitindo aqui e ali alguns momentos notáveis, consideram esses livros secundários, bem abaixo do nível da produção anterior. Apesar das divergências, porém, há um número significativo de poemas (todos dos dez livros iniciais) que constaria de todas as antologias, qualquer que fosse a tendência do compilador.

Aqui, propomos um passeio pela poesia de Drummond, privilegiando alguns livros capitais entre aqueles dez. O percurso deverá ser necessariamente rápido, mas não deixaremos de nos deter em alguns poemas. Tratando-se de textos geralmente sobrecarregados de significação, explicá-los será, conforme o significado original do verbo, "desdobrá-los" - desfazer algumas das "dobras" onde se alojam seus sentidos.

MODERNISMO

Quando Drummond começou a publicar poemas, na década de 20, o Brasil estava passando ainda pela fase inicial do abalo modernista, apesar de datarem dos anos de 1890 as tentativas dos simbolistas de atualizar a sensibilidade nacional. Gestos de renovação artística e literária já eram perceptíveis no fim dos anos 10 (despontavam Anita Malfatti, Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Mário de Andrade), mas eram gestos isolados, que só ganhariam momentum na Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922. A partir daí, o movimento se alastrou por grande parte do país, como testemunham as revistas que se publicaram e os grupos que se formaram um pouco por toda a parte. A esses "anos heróicos", de implantação polêmica de novas atitudes culturais, sucedeu um período de consolidação e diversificação, em meio a agitado contexto social.

A crise econômica, que se estendeu por toda a década, a partir de 1929 afetou duramente o café, e com ele a oligarquia dominante, logo golpeada pela Revolução de 1930. A imposição ditatorial que inaugura o Estado Novo em 1937, os anos de repressão, a guerra iniciada em 1939, as esperanças conseqüentes ao fim da guerra e da ditadura Vargas em 1945 --esperanças que logo cederiam lugar à ansiedade dos anos da Guerra Fria e da ameaça nuclear--, estes são alguns dos acontecimentos que balizaram uma época em que a literatura brasileira conheceu desenvolvimento e aprofundamento extraordinários.

O ano de 1930 foi memorável também para a poesia (embora a "revolução", no âmbito da literatura, tivesse eclodido oito anos antes). Nesse ano, além da estréia de Drummond, houve outras novidades: Mário de Andrade publicou Remate de Males, início de um período em que sua escrita se afasta de exterioridades e trejeitos do período anterior, e ganha em concentração e intensidade; Manuel Bandeira lançou Libertinagem, seu quarto livro, mas o primeiro de fato moderno, com alguns dos melhores poemas de toda a sua obra; Murilo Mendes e Vinícius de Moraes também estrearam em livro. Com Murilo e Jorge de Lima, iniciar-se-ia depois o influxo surrealista na poesia brasileira. Mas o modernismo, ao mesmo tempo que se afirmava diante da literatura acadêmica combalida, conhecia também tendências mais convencionais, de tons neo-românticos ou pós-simbolistas (primeira fase de Vinícius de Moraes, Augusto Frederico Schmidt, Cecília Meireles).

Nessa segunda etapa do movimento modernista --que vai, grosso modo, de 1930 a 1945--, desenvolvem-se na poesia algumas das características mais marcantes de seu primeiro tempo (inovações rítmicas, humor, paródia, temas cotidianos, linguagem coloquial, elipses e associações surpreendentes), ao mesmo tempo que se amplia a temática e se diversificam os recursos e as tendências estilísticas. Esboça-se então o perfil contemporâneo da literatura brasileira, que, como a literatura internacional, testemunha a emergência de três sistemas explicativos do homem e da sociedade: o existencialismo, a psicanálise e o marxismo. Independentemente de adesão por parte dos escritores, esses sistemas fornecem diversas das grandes imagens que integram o horizonte mítico da época. Contra tal fundo imaginário, novo em muitos de seus aspectos, desenha-se a figura de uma consciência fenomenológica, ou autoconsciência artística que, no caso da poesia, fará da linguagem e do trabalho do poeta temas privilegiados da obra poética.

Esquematicamente, o segundo momento modernista se distingue, sobretudo, por:

o generalização e aprofundamento da mistura de estilos (estilo misto ou mesclado), em que se combinam o elevado e o banal, o grave e o grotesco: temas sérios e problemáticos são tratados com linguagem vulgar e o tom sublime é aplicado a assuntos "baixos" ou banais;

o renovação da temática existencial, ou seja, busca de novos registros para temas como o tempo, o amor e a morte (lembre-se que, em seus inícios, o modernismo brasileiro tem preferência por assuntos nacionais, cotidianos e atuais, e não pelos "grandes temas", associados à poesia do passado);

o elaboração de imagens surpreendentes ou oníricas, em associações inesperadas, revelando influência do surrealismo e da então recente voga da teoria freudiana (importante na obra de Murilo Mendes e Jorge de Lima, a influência surrealista, embora restrita, é notável em momentos isolados da poesia de Drummond);

o envolvimento do escritor nas questões sociais, em textos marcados por revolta e esperança socialista. (durante a guerra e sob a ditadura Vargas, a temática social conheceu, compreensivelmente, seu momento de mais alta incidência);

a reflexão da poesia sobre a própria poesia, ou seja, autoconsciência do poeta em relação a seu trabalho com as palavras. Curioso notar que, se a temática metalingüística interessou intensamente ao experimentalismo poético (que Drummond praticou não só nos anos "heróicos" do modernismo, mas também, ocasionalmente, na época de ebulição do vanguardismo - a poesia concreta - dos anos 50-60), os temas da linguagem e da própria poesia não deixam de estar presentes no neoclassicismo do Drummond dos anos 50, com incidências ocasionais em todo o seu desenvolvimento posterior.

Ao longo de todo o arco de tempo que vai de Alguma Poesia a Lição de Coisas (1930 a 1962), esse quadro de caracteres foi-se constituindo, desenvolvendo, alargando e aprofundando, de livro em livro. Com A Rosa do Povo (1945), a poesia drummondiana atingiu um dos pontos culminantes da estética modernista no Brasil. A partir de então, numa série de obras que inclui Claro Enigma (1951), Drummond realizou uma das mais bem-sucedidas tentativas de associar o modernismo a formas poéticas e lingüísticas da tradição (metros regulares, soneto, fraseado de gosto clássico). Em seu último período, o dado novo que se acrescentou ao repertório drummondiano foi a poesia erótica, surpreendentemente franca em seu espantoso amoralismo.

TEMÁTICA

No annus mirabilis de 1962, em que completou 60 anos de idade e publicou Lição de Coisas, Drummond lançou também a Antologia Poética, na qual distribuiu os poemas em nove seções, designadas segundo o "ponto de partida" ou a "matéria de poesia" predominante em cada uma delas. Os nove núcleos temáticos discernidos pelo poeta são (entre aspas os títulos das seções, que valem por súmulas do sentido de cada tema): 1. o indivíduo: "um eu todo retorcido"; 2. a terra natal: "uma província: esta"; 3. a família: "a família que me dei"; 4. amigos: "cantar de amigos"; 5. o choque social: "na praça de convites"; 6. o conhecimento amoroso: "amar-amaro"; 7. a própria poesia: "poesia contemplada"; 8. exercícios lúdicos: "uma, duas argolinhas"; 9. uma visão, ou tentativa de, da existência: "tentativa de exploração e de interpretação do estar-no-mundo".

Diversos poemas (observa o poeta) podem caber em mais de uma dessas seções; por outro lado (acrescento), serão poucos os poemas, no conjunto da obra, que não se encaixem em nenhuma dessas rubricas.

1 Há, naturalmente, os que só vêem altos na "Obra" (com a maiúscula ao gosto de um desses fervorosos drummondianos, e bom estudioso de Drummond, Antônio Houaiss).
2 Haroldo de Campos, "Drummond, mestre de coisas"; em: Metalinguagem & Outras Metas (São Paulo: Perspectiva, 1992, p. 49-55). Desse ensaio procedem todas as citações de Haroldo de Campos que faremos adiante.

FONTE: Folha de S. Paulo

Perguntas e mais perguntas sobre o Jornalismo Cultural

Neste texto sobre jornalismo cultural, integrado a outros já difundidos e aos que advirão dentro da presente proposta temática, é permitido expressar dúvidas, a começar por esta da primeira frase, ao invés de justapor certezas pessoais e alheias?

Sem esperar pela primeira resposta, existe realmente o que pensamos entender por cultura? Subsiste o jornalismo? Apenas como hipótese, se a cultura desaparece e o jornalismo transmuta-se em qualquer coisa, menos a essência legitimatória da atividade, como podemos pensar em jornalismo cultural? Quanto mais praticá-lo?

Retrocedamos ao milênio, ao século e à década passados. Em algum dia qualquer de um agosto definido, busquei no órgão público municipal responsável pelo controle de trânsito as providências para o fechamento dominical de importante via em Porto Alegre (RS) para mais uma edição anual, no outubro vindouro, da Festa da Criança na Avenida.

Evento comunitário, ao ar livre, sem cobrança de ingressos, com dois palcos onde se alternariam, durante horas, grupos locais de canto e dança. Nas imediações, algumas dezenas de barracas servindo lanches com renda revertendo para clubes de mães, de pais e mestres, entidades assistenciais, de escoteiros, entre outros segmentos organizados da sociedade.

Cerca de oitocentos metros da avenida seriam fechados para o tráfego de qualquer coisa sobre rodas que não fosse bicicleta, triciclo, patins e afins. Quatro a cinco centenas de voluntários na organização e nas apresentações artísticas para público estimado em vinte mil a vinte e cinco mil participantes - e não assistentes.

O funcionário pegou o ofício, leu atentamente e informou que seria analisado para verificar se poderia haver autorização. Foi necessário alerta-lo de que a entidade comunitária que eu representava na oportunidade, coordenadora de toda a iniciativa, não estava ali para perguntar se podia. Estava, isto sim, para informar que faria, e quando o faria.

A tese desenvolvida então é que a Prefeitura não era proprietária daquele espaço público. Até porque aí ele não seria público… Ela gerenciava um bem coletivo que, um domingo por ano, era, por tradição, subtraído de carros, ônibus e caminhões.

Um jornal do bairro, providencialmente levado, permitiu evidenciar a importância da Festa da Criança na Avenida para quem não a conhecia. A licença saiu, o trânsito foi desviado dois meses mais tarde - estávamos em agosto e aconteceria em um domingo de outubro, lembra? - e tudo correu como esperado.

O evento festivo resumido acima pode ser considerado uma manifestação cultural? Não pode? Nem se pensarmos que se trata de uma afirmação orgânica da comunidade envolvida? Dela surgida e por ela coordenada? O bailado de crianças de uma escolinha de dança - apresentando no palco o Bolero, de Ravel, por exemplo,- não é expressão cultural ? É uma forma menor de arte? Devemos confiná-lo ao gueto do lazer, quem sabe da educação socializadora, mas nunca da Cultura com cê maiúsculo?

Quando nos livraremos da arrogância cultural e da sua manifestação mais perversa - pois dissimulada - que é a falsa humildade cultural?

A notícia veiculada no jornal do bairro era jornalismo cultural? Ou simples relato noticioso de atividade comunitária? Poderia ser ambos?

A cobertura pela imprensa do jogo de futebol é jornalismo esportivo? A da do dia do pleito é jornalismo político? A do café da manhã quando o empresário anuncia novos investimentos é jornalismo econômico? A da troca de tiros na subida do morro é jornalismo policial? Uma com outra, outra com umas ou até mesmo todas juntas, não poderiam integrar texto único, convergente, transversal, tangenciando aqui, atravessando ali, que mostrasse o quanto é tola a busca de compartimentação em um mundo de realidades complexas que só pode ser tentativamente expresso por pensamentos idem?

Quem atribui a nós, jornalistas, o direito divino da definição do que seja mais, menos ou ausente de cultura, decisão caracterizada pelo espaço e tempo proporcionais que dedicamos e/ou pela crítica pretensamente arrasadora ou laudatória?

Seria o diploma? Mas muitos dentre nós não reconhecem a necessidade da graduação para o exercício das práticas umbelicalmente ligadas a ideais traduzidos por condutas éticas que convencionamos chamar de jornalismo.
Seria a autoria cumulativa de conteúdos difundidos anteriormente por plataformas midiáticas e, face à qualidade, coerência e isenção - avaliadas por quem? -, reconhecida como merecedora de credibilidade?

Seria o reconhecimento dos pares sobre aquele que é ímpar? O fruto do carisma pessoal, o amparo de grande circulação ou audiência? O testemunho incensador do mito inconteste, amigo de longa data? Ou uma postura impávida, tipo “cumpro
minha missão e não estou nem aí para a crítica da minha crítica”?

Qual o motivo de ainda insistirmos com o conceito de “formadores de opinião” quando somos, tão somente e felizmente, apenas repassadores da opinião própria ou da de terceiros? E por que necessitamos tecer uma aura de intangibilidade que nos permita flutuar sobre o comezinho e o comecinho do importante?

O quê de produtivo para o debate surge de um jogo de palavras como o proposto pela sentença anterior? Quantas vezes a falta do que dizer é mascarada pelo estilo elegante, pelo hermetismo vocabular, ou por chistes, pilhérias, motes, motejos, facécias, galhofas e quejandos?

Se liquidificados, pouco resta de incontáveis textos do jornalismo cultural e, dos que sobram, expressiva parte ainda revela-se melancolicamente incompleta frente à possibilidade que estava descortinada antes da primeira capitular ser aposta.

Aí, quem capitula é o receptor.

O ponto anterior é o 5.664º caracter (com espaços) dos seis mil solicitados. Cumpre, portanto, encaminhar o fechamento destas considerações, não sem antes agradecer pela paciência dos que até aqui chegaram e, especialmente, a quem leu mais nas entrelinhas do que nas próprias.

Invejo, genuinamente, a quem tem respostas. Não as encontro, até porque muito me custa formular perguntas.

Parafraseando o pensador espanhol, eu sou eu e minhas perplexidades.

Reconheço algum (enorme?) distanciamento entre a propositura original deste texto e o efetivamente apresentado.

Lamento tolher expectativas porventura existentes. Mas, em havendo debate, poderei recuperá-la.

De momento, é o que tenho a dizer sobre o jornalismo cultural. Na falta momentânea de apoio latino especializado, arrisco-me a garantir de memória que quod scripsi, scripsi. In claris non fit interpretatio.

FONTE: Cultura e Mercado
Por: Mário Villas-Boas

Programa Territórios da Cidadania

Investimentos de R$ 11,3 bilhões em 135 ações de promoção do desenvolvimento regional e dos direitos sociais


Na última segunda-feira, dia 25 de fevereiro, às 11h30, no Palácio do Planalto, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, participou do lançamento do Programa Territórios da Cidadania. Na ocasião, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu quinze de seus ministros para anunciar o novo programa do Governo Federal, que traz 135 ações voltadas para o desenvolvimento regional e a garantia de direitos sociais, beneficiando 24 milhões de brasileiros.

A iniciativa prevê investimentos da ordem de R$ 11,3 bilhões, que devem chegar a cerca de mil municípios brasileiros, apenas neste primeiro ano. Os 60 territórios foram escolhidos por apresentarem os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país e baixo dinamismo econômico.

O Ministério da Cultura destinará 22 milhões do seu orçamento ao programa. Com esses investimentos, serão criados 110 novos Pontos de Cultura e instaladas 151 bibliotecas em municípios que ainda não dispõem desse equipamento. O MinC também promoverá ações de modernização de bibliotecas em todo o país.

“O programa Territórios da Cidadania vem se somar a outros programas do MinC para atacar problemas latentes no país. Estamos, por exemplo, zerando o número de municípios sem bibliotecas. Ainda em 2008, pretendemos instalar, ao todo, 631 novas bibliotecas, já temos os recursos garantidos para 300 e dependemos da votação do orçamento deste ano para garantir as demais”, explica o ministro Gilberto Gil.

“Também neste ano, chegaremos a cerca de 2.000 Pontos de Cultura. Em 2008, investiremos um total de R$ 104 milhões nesses Pontos. Esse é um número revelador, quando comparado com o nosso primeiro ano de gestão, pois o que investimos nessa ação equivale praticamente à metade do primeiro orçamento do MinC, em 2003 , completa.

“Este é um esforço concentrado do Governo Federal para superar de vez a pobreza no meio rural com um planejamento que alia visão territorial e eficiência nos investimentos públicos. O país está crescendo e já era hora de fazermos um programa desta magnitude para que ele cresça para todos”, ressalta o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, responsável pelo programa no conjunto do governo.

Territórios da Cidadania
Por sua concepção e gerenciamento, o Programa Territórios da Cidadania se difere de outros projetos sociais por não se limitar a enfrentar problemas específicos com ações dirigidas. Ele combina ações transversais de forma a contemplar as diversas dimensões e origens dos problemas a serem enfrentados. Um exemplo concreto: não basta financiar a construção de um laticínio em uma região desprovida de eletricidade suficiente para fazer funcionar os equipamentos ou sem estradas para escoar sua produção. É necessário, antes, suprir a região com eletrificação e estradas. Por essa razão, o programa integra as três esferas governamentais e a sociedade civil que compõem, em cada território, um Conselho Territorial que define o plano de desenvolvimento local. Os governos estaduais participam de todas as atividades e organização do programa.

Maiores que o município e menores que o estado, os territórios conseguem demonstrar de uma forma mais nítida a realidade dos grupos sociais, das atividades econômicas e instituições de cada localidade, o que facilita o planejamento de ações para o desenvolvimento dessas regiões. Cada território reúne municípios que tenham as mesmas características econômicas e ambientais, além de semelhanças na organização social, geográfica e cultural.

Em 2008, serão beneficiados 60 territórios. Em 2009, serão 120 em todo o país. Mais de dois milhões de famílias de agricultores, de assentados da reforma agrária, de quilombolas, de indígenas, de pescadores e de comunidades tradicionais terão acesso às ações do programa. A integração do conjunto de políticas públicas e dos investimentos previstos contribuirá para melhorar o IDH, evitar o êxodo rural e superar as desigualdades regionais.

Confira o calendário de ações do programa Territórios da Cidadania www.mda.gov.br.
Leia mais: Territórios da Cidadania www.cultura.gov.br e www.territoriosdacidadania.gov.br www.territoriosdacidadania.gov.br

Ministério da Cultura promove cadastramento de propostas culturais

O Diário Oficial da União publicou nesta quarta-feira (27) a Portaria N° 4, de 26/02/2008, do Ministério da Cultura que dispõe sobre a documentação obrigatória para o cadastramento de proponentes e de propostas culturais, com vistas à autorização para captação de recursos mediante o mecanismo de incentivo a projetos culturais (incentivo fiscal).

As propostas culturais deverão ser elaboradas em formulários específicos, divulgados pelo próprio ministério, sem prejuízo de outras exigências legais e documentais relativa a natureza ou especificidade da proposta.


FONTE: Em Tempo Real

BOA LEITURA

Como nasce uma artista hoje no Brasil

Se nada mudar, a Globo fará sua nova milionária

Gyselle Soares já ganhou o Big Brother Brasil 8, da Globo. Ao menos esta é a opinião dos internautas que votam em várias pesquisas sobre o reality show na internet, duas delas promovidas por grandes portais. Afinal, o que é que a ‘sister’ tem?

A garota de Teresina, no Piauí, começou a conquistar a preferência do público na primeira semana de programa. A modelo foi indicada ao paredão de estréia pela então líder Juliana Góes porque não estava entrosada na casa. Pura verdade. O jeitinho blasé, porém, contou a favor. Sobreviveu à berlinda e Jaqueline Khury, a outra emparedada, foi eliminada com 87% de rejeição.

A vitória deu a Gyselle o posto de mocinha. Outro ‘brother’ já eliminado, Rafael Galego, não acreditou na personagem e a mandou para um segundo paredão. Ela saiu ilesa e ainda mais forte.

A morena fica na dela até quando o circo pega fogo. O BBB 8 era a edição mais sem graça até que o médico Marcelo Arantes chutou o balde com Thalita Lippi e Fernando Mesquita. O que fez Gyselle? Ficou na platéia e disse que não tinha nada a ver com o problema dos outros.

Há três dias, o médico virou monstro de novo e armou o barraco com Thatiana Bione - a ‘menina pastora do BBB’. E Gyselle? Nada. Mas a moça, confidente de Marcelo, começa enfim a dar pinta de rebelde. Na sexta-feira, escreveu no blog da atração: “Estive sozinha no começo e agora me sinto mais ainda. Eu e Marcelo temos desavenças.”

O ar ‘tô nem aí’ é apontado pelos fãs como qualidade. “Gyselle é a mais autêntica, as outras meninas são muito estrelas. Ela é igual desde o primeiro dia. Continua fiel às poucas amizades que fez e não finge gostar de quem não gosta”, diz a dona de casa Cirlene do Nascimento.

O clima de ‘já ganhou’ chegou à casa da família em Timon, no Maranhão. “Pela quantidade de gente que eu nunca tinha visto batendo aqui na porta para dizer que gosta da minha filha, ela é a vencedora”, aposta a mãe, Josélia. “Outro dia uma família de nove pessoas, de Salvador, veio até Timon só para dizer que torce por ela. As pessoas dizem que se apaixonaram pelo jeitinho e pela conduta da minha filha.”

Gyselle virou até tema de marchinha. O bancário aposentado José Hélio Silva compôs Gyselle no BBB: “Todo mundo comenta na TV/ Gyselle, você é a melhor do BBB/ No Big Brother só tem gente bacana/ Mas a sua beleza é a sensação”, diz parte da letra.

“Ela é simpática, meiga, não tem preparo intelectual, mas não tem vergonha disso. Representa o povo brasileiro”, fala Silva. “E não faz fofoca, não fala mal dos outros. Quem manda no programa pode não gostar disso, pode preferir confusão, mas quem está em casa gosta.”

A jovem é uma das preferidas até para campeões de temporadas anteriores. Dhomini, que ganhou o BBB 3, aposta em uma final com Gyselle, Rafinha e Marcos Parmagnani. “Ela é gente boa, tem um coração puro, mas não é uma bobinha como muita gente pensa. No dia em que precisou falar mais, colocou a Thalita para correr.”

A modelo é a filha mais velha de Josélia Soares e Joaquim Estevão. Os pais se separaram quando ainda era criança. A mãe sustentou os filhos sem ajuda financeira do ex-marido. “Passamos por dificuldades quando o meu casamento acabou. Fomos morar em uma casa que não tinha cama, eu dormia no chão e ela, na rede”, lembra Josélia, hoje dona de um restaurante.

Mãe e filhos foram obrigados a se separar por um breve período. Josélia tentou ganhar a vida como caminhoneira e pediu para a avó materna cuidar dos herdeiros já que ficava muito tempo fora de casa. Apesar das dificuldades, a primogênita teve uma infância feliz, garante.

A paixão pelo mundo artístico nasceu cedo. Desde pequena, é louca por dança e teatro. Corria para participar de concursos e peças amadoras que o colégio promovia. O desempenho diante dos livros, entretanto, era sofrível. Ficava na média em matérias como Português e História e derrapava em Matemática e Química. A mãe não acredita que os erros de português que comete na TV e que viraram piada entre ‘brothers’ e ‘sisters’ sejam resultado do histórico escolar. “Ela morou cinco anos fora, é natural esquecer as palavras.”

Gyselle terminou o 2º grau e quis cursar Direito. Um convite para trabalhar na Suíça como babá mudou os planos. Na Europa, tentou sobreviver como doméstica e garçonete. Servia mesas em um restaurante quando um produtor de moda apostou que seria modelo.

A carreira no mundo fashion caminhava a passos lentos quando outro produtor, desta vez de TV, a viu circulando por Paris e a chamou para participar do L’Île de la Tentation (Ilha da Tentação). A exposição na mídia francesa rendeu uma proposta para ser cantora. Com saudade do Brasil, decidiu gravar um clipe na terra natal e se inscreveu no BBB, lembra a mãe. “Gyselle não quer R$ 1 milhão. Quer é ser famosa e voltar para casa.”

FONTE: O Estado de S. Paulo

Por: ANDREZZA CAPANEMA, andrezza.capanema@grupoestado.com.br

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Comentários do dia

Olá amigos leitores,

Na edição de hoje apresentamos como capa a matéria LUZ, CÂMERA E CRÍTICA como um ressaltona relação da crítica com o cinema nacional publicada pelo Jornal O Tempo de Belo Horizonte.

Notas rápidas como o Prêmio para Fotógrafos em Brasília e o primeiro beijo gay da televisão brasileira, que vai ao ar através da minisérie "Queridos Amigos".

Trazemos ainda a estréia no Brasil do filme "Jogos do Poder" com Julia Roberts e Tom Hanks. Tomara que chegue até aqui.

No BOA LEITURA uma matéria sobre "Os esquivocos que envolvem a arte e o ensino".

A todos uma boa leitura.

Luz, câmera, crítica

I Mostra Filmes Polvo, que começa hoje em Belo Horizonte, quer ampliar o debate sobre a crítica e suas relações com a produção cinematográfica

Não apenas com filmes se constrói a cinematográfica de um país. É fundamental que haja também alguma forma de articulação entre eles, estabelecendo parâmetros estéticos e ideológicos e criando, com isso, um conjunto cuja identidade seja capaz de expressar uma cultura. A crítica e suas variadas relações com a produção cinematográfica é o principal instrumento dessa articulação necessária e foi tomada como o tema central da I Mostra Filmes Polvo de Cinema e Crítica: Entre a Reflexão e a Realização, que começa hoje, no Cine Humberto Mauro, e reúne críticos, cineastas e sobretudo aqueles que exercem as duas atividades, além da exibição de filmes que tratam da temática (veja programação abaixo).

A mostra vem celebrar o primeiro ano de vida da revista eletrônica "Filmes Polvo" (www.filmespolvo. com.br), composta de nove integrantes e dedicada exclusivamente a textos e ensaios sobre cinema. "Queremos apresentar uma nova fase, inaugurando outro visual do site", afirma Rafael Ciccarini, editor da "Filmes Polvo" e coordenador da mostra. "O que mais nos interessa, porém, é a reflexão. Não basta apenas a celebração do aniversário. A idéia é tentar retomar a tradição crítica e cineclubista que Minas Gerais sempre teve."

A escolha por exibir filmes de quem antes pensou o cinema veio ao encontro de um histórico que vai além das fronteiras nacionais (remetendo a Godard e Truffaut, fundadores da revista "Cahiers du Cinema" e importantes autores nas telas francesas), mas guarda por aqui significativos momentos. "O próprio Glauber Rocha, o nosso maior cineasta, foi também um crítico. E é preciso entender o que ele escrevia para entendermos o diretor que foi", afirma Ciccarini.

A mostra tem início hoje com a exibição do documentário "Crítico", do pernambucano Kleber Mendonça Filho. Repórter e analista de cinema no "Jornal do Commercio", do Recife, Kleber passou dez anos registrando entrevistas com críticos e cineastas para abordar justamente a relação entre um lado e outro e se é possível a "convivência" entre ambos. "O filme é, antes de tudo, sobre relações humanas e busca pensar, em parte, como cada um lida com aceitação e rejeição", explica o diretor, acrescentando que o longa é um subproduto direto do seu trabaho como jornalista. Toda a obra em curta-metragem do pernambucano, composta por quatro trabalhos (como os premiados "Vinil Verde" e "Eletrodoméstica"), ganhará uma retrospectiva na mostra.

Além de Kleber Mendonça, participam da Mostra Filmes Polvo, tanto em presença nos debates como em filmes exibidos, cineastas-críticos experientes, como Carlos Reichenbach ("Filme Demência") e os mineiros Paulo Augusto Gomes ("Idolatrada") e Geraldo Veloso ("Perdidos e Malditos"), e outros de uma geração recente, casos de Tiago Mata Machado ("O Quadrado de Joana"), Cléber Eduardo ("Almas Passantes") e Eduardo Valente ("Um Sol Alaranjado").

"Há muito o que ser pensado. O cinema brasileiro tem uma série de problemas, da relação com o público até a distribuição", comenta Ciccarini. "E uma cinematografia não se faz apenas a partir de filmes, mas também da reflexão, criando parâmetros e dando sentido ao que é produzido". Ele frisa que a mostra serve ainda como forma de agregar um novo viés de pensadores de cinema que vem se formando em revistas virtuais, como Contracampo, Cinética e Cinequanon.

O crítico Marcelo Miranda, que atua no Magazine e na "Filmes Polvo", comenta que, numa mesa de debates com os editores dessas revistas, a ser realizada amanhã, os participantes deverão estar "numa espécie de berlinda". "Queremos que eles também ouçam opiniões porque é preciso fazer todos pensarem o próprio trabalho", diz Marcelo.

Dinâmica

Rafael Ciccarini enxerga a mostra como uma forma quase psicanalítica. "Uma das características do cinema contemporâneo é a auto-reflexividade, ou seja, quando um filme reflete o seu próprio processo de criação e se assume enquanto linguagem. Sempre senti falta disso no cinema brasileiro. Mas aí vem filmes como ’Crime Delicado’, do Beto Brant, ’O Quadrado de Joana’, do Tiago Mata, ’Serras da Desordem’, do Andrea Tonacci, ou ’Jogo de Cena’, do Coutinho’, e tocam nessas questões de identidade", diz.

Relacionando as convergências entre pensar e fazer, e a importância disso para a constituição de cinematografias específicas, Cléber Eduardo, ex-crítico da revista "Época" e hoje um dos editores da "Cinética" (www.revistacinetica.com.br), contextualiza: "Em alguns momentos da história do cinema, aconteceram avanços e transformações na linguagem que eram reivindicados na crítica antes mesmo de se darem na prática. Nas vanguardas dos anos 20, por exemplo, os próprios realizadores eram também teóricos que tinham testamentos escritos sobre a questão da linguagem".

Cléber lembra os casos do neo-realismo italiano, do cinema soviético, do próprio Cinema Novo brasileiro e da Nouvelle Vague francesa. "Em muitos desses momentos de renovação ou de ruptura com a linguagem hegemônica, você tem a crítica como celeiro teórico de suas manifestações."

Diretor de "Almas Passantes" junto com Ilana Feldman, Cléber acredita que a dinâmica de filmagens distancia-se muitas vezes da reflexão crítica. "A produção de um filme é um território empírico, cujos problemas você vai ter que resolver na hora. Depende muito mais de uma capacidade de decisão e pragmatismo. A partir do momento que você passa para o exercício prático, você se depara com exercícios autônomos e todas essas contingências da prática que não têm nada a ver com crítica, mas, sim, com questões técnicas", pondera ele.

No momento, ele está envolvido em outro projeto - um documentário sobre a torcida do Juventus, de São Paulo. "Seja quando estive realizando ’Almas Passantes’ como agora, estou trabalhando com a motivação que nasceu do fato de escrever sobre cinema", conta. "Como tenho conhecimento da história dos filmes, do que já foi feito, do que ainda pode ser realizado, a atividade crítica é um estímulo para a realização. Ao mesmo tempo é uma angústia porque às vezes a consciência do que já foi feito pode ser inibidora. Aí você tem que quebrar mais a cabeça porque acha sempre que aquilo vai ficar óbvio."


FONTE: O Tempo

Por: Douglas Resende

'Jogos do Poder' traz Julia Roberts e Tom Hanks

Diretor Mike Nichols, de 'Closer', volta a discutir sexo e poder, mas desta vez na seara pública


Julia Roberts e Tom Hanks em cena de 'Jogos do Poder'

Clique na imagem para ampliar

SÃO PAULO - É um caso raro de inadequação de pessoa em Hollywood. Em Jogos do Poder, seu primeiro longa desde Closer (Perto Demais), Mike Nichols volta a discutir sexo e poder, mas desta vez ele sai da seara privada para a pública. Tom Hanks faz o congressista Charlie Wilson, mulherengo e cheirador (de cocaína), mas boa praça, que se associa a bilionária texana (Julia Roberts, loira) para expulsar os soviéticos do Afeganistão. O personagem é real, a campanha afegã é real, mas no final um letreiro informa que, no limite, o que a ação individual de Charlie conseguiu, ao não ganhar continuidade do governo dos EUA, foi fazer com que as armas entregues aos Mujahedins terminassem nas mãos dos talebans, voltando-se contra os próprios norte-americanos no fatídico 11 de Setembro.

Jogos do Poder entra sexta-feira, 29, em cartaz, depois de disputar uma solitária indicação para o Oscar - a de melhor ator coadjuvante para Philip Seymour Hoffman, que ele não ganhou (afinal, é o ano de Javier Bardem e Onde os Fracos Não Têm Vez). Onde entra nisso a inadequação de pessoa? Na verdade, são duas - de onde o diretor Nichols tirou que Tom Hanks era a melhor escolha para o papel? O próprio Nichols reabre a vertente da discussão sobre sexo, presente em sua carreira desde A Primeira Noite de Um Homem (e até antes - Quem Tem Medo de Virginia Woolf?), mas se a intenção era fazer um Closer em Washington ele quebrou a cara.

A explicação para Tom Hanks talvez seja simples. Nichols simplesmente não quis repetir John Travolta, com quem havia feito Segredos do Poder (Primary Colors), e o problema é que ninguém interpreta Travolta melhor do que o astro de Tempo de Violência (Pulp Fiction). Tom Hanks até que tenta, mas não dá. A cabeleira loira de Julia Roberts também não ajuda muito, mas pode ser que seja ironia do diretor - a mistura de franqueza sexual e fundamentalismo cristão da personagem dela teria de esbarrar em alguma coisa. Esbarrou na falta de apelo erótico de Tom Hanks. Ele pode ir para a jacuzzi, para a cama, cercar-se de belas mulheres no escritório do Congresso, mas o olhar safado de Philip Seymour Hoffman para o traseiro de uma das ‘garotas’ vale mais do que todo o esforço de Hanks.

Com alguma boa vontade, podem-se buscar (com lupa) as qualidades de Jogos do Poder. Nichols baseou-se no livro de George Crile, que conta uma história real - Charlie Wilson existiu, era um congressista do baixo clero e se reelegeu sucessivas vezes até meados dos anos 90 -, indo buscar ajuda no roteirista Aaron Sorkin, que escreveu a série West Wing, sobre os bastidores da Casa Branca. Sorkin escreveu um diálogo taco-no-taco, mas, ao contrário de Perto Demais, a narrativa que ziguezagueia do Congresso para a ‘Casa Branca’ (seja lá como se chame) do Paquistão ou as muralhas de Jerusalém, onde Charlie Wilson sela a alianças secretas de inimigos tradicionais, não se presta muito a esse diálogo ‘íntimo’. Ou talvez seja de novo o ator - é tudo tão cínico, mesmo quando os personagens estão sendo idealistas e sinceros, que seria necessária a cara-de-pau de Travolta para garantir a sustentação de Jogos do Poder.

Gostar ou não, eis a questão. Acreditar ou não. Charlie Wilson, na estrutura narrativa do filme de Mike Nichols, começa a narrativa sendo homenageado como o homem que derrotou a União Soviética, precipitando a Queda do Muro de Berlim. Mas, no final, depois que os Mujahedins expulsaram - com a ajuda da verba que Charlie Wilson conseguiu para eles no Congresso dos EUA - os soviéticos do Afeganistão, o herói, e por meio dele o diretor e o roteirista, lamentam que Washington não tenha querido continuar com a ajuda, construindo escolas para os afegãos, por exemplo. O erro foi fatal e, como conseqüência dele, embora esse quadro na vida real seja mais complexo de explicar, houve o ataque às Torres Gêmeas que mudou a geopolítica mundial a partir de 2001. Quem busca ‘mensagens’ não terá dificuldade de encontrar a de Jogos do Poder. O patriotismo é uma faca de dois gumes que, eventualmente, como aqui, pode se voltar contra os patriotas. Ah, sim, foi por isso então que Mike Nichols escolheu um ator certinho como Tom Hanks, para tornar o efeito bumerangue mais forte. Não deu certo, de qualquer maneira.


FONTE: O Estado de S. Paulo

Por: Luiz Carlos Merten

Globo exibe primeiro beijo entre homens

Na minissérie "Queridos Amigos", o homossexual Benny (Guilherme Weber) deu um beijo roubado na boca de Pedro Novais (Bruno Garcia). A cena foi ao ar no capítulo desta terça. Só se falava nisso, ontem na Globo, afinal a emissora nunca exibiu um beijo entre homens. Em "América", o beijo gay de Bruno e Erom Cordeiro, anunciado pela autora Glória Perez, foi vetado.

FONTE: Folha de São Paulo

Seleção de projetos abarca a diversidade

O programa Natura Musical, de patrocínio a projetos na área da música, acaba de divulgar os 13 selecionados no Edital Regional MG 2007 (clique na imagem ao lado para ver e ampliar). Eles abarcam diferentes estágios e processos, da produção à formação de público, passando pela circulação e pela formação artística. O valor total de recursos investidos corresponde a R$ 2 milhões, sendo R$ 1,6 milhão provenientes da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e R$ 400 mil em recursos próprios. A gerente de marketing institucional da Natura, Renata Sbardelini, observa que os projetos contemplados representam bem as propostas do programa. "A idéia é valorizar a diversidade cultural e abrir portas para que os músicos de todas as correntes e regiões de Minas Gerais possam mostrar suas criações a diferentes públicos e a um número cada vez maior de pessoas", aponta.


O processo de avaliação e escolha dos projetos foi conduzido por uma comissão técnica independente formada pelos jornalistas Mariana Peixoto, Patrícia Palumbo e Pedro Alves Madeira, que também atua como produtor musical. Eles elegeram os 13 selecionados a partir de um total de 94 projetos inscritos. Os resultados apontados por essa comissão ainda foram avaliados por executivos da Natura, que fizeram a escolha final dos beneficiados. Três tópicos foram utilizados para a avaliação dos projetos - o caráter inovador, o reconhecimento da excelência artística e a possibilidade de abrangência. Foram destacados projetos que têm como objetivo principal a viabilização de iniciativas originais, criativas e, preferencialmente, inéditas no cenário cultural brasileiro.

Matizes

No quesito relativo à abrangência, pesaram as propostas cuja execução seja apreciada pelo maior número de pessoas possível, independente de níveis socioeconômicos, escolaridade, idade, sexo e nacionalidade. Com base nesses tópicos, a comissão técnica priorizou os projetos que pudessem expor as diferentes matizes da produção atual e que abrangessem diferentes regiões do Estado. Os responsáveis pela seleção buscaram apontar, ainda, iniciativas que vão além da obra de um só criador, mas que possam lançar luzes em um número maior de artistas.

Foi observado, ainda, o critério de continuidade. Dos 13 projetos, seis já vinham sendo desenvolvidos com o patrocínio do Natura Musical, sendo o mais antigo o Música no Museu, da Veredas Produções, que dá sequência a uma parceria iniciada há três anos. Os outros quatro são: Uakti, Sabará Musical, Luthier - Arte, Ofício e Cidadania, 2º FAD - Festival de Arte Digital e o IV Jambolada - Festival de Música Independente, todos selecionados no Edital Regional 2006. Desde seu lançamento, em 2005, o Natura Musical contemplou 91 projetos de diversos gêneros artísticos e estágios de produção musical, atingindo 17 Estados brasileiros de todas as regiões do país e um público de mais de 200 mil pessoas.


FONTE: O Tempo

Por: Daniel Barbosa

Prêmio para fotógrafos

Aberto a fotógrafos profissionais e amadores, o Prêmio Brasília Céu Aberto distribuirá um total de R$ 100 mil para os melhores cliques em oito categorias diferentes. As inscrições estão abertas até 28 de março, nas categorias arquitetura, cultura, esportes, lazer, política, social, natureza e comportamento. As 10 melhores imagens de cada categoria também participarão de um catálogo e de uma exposição. Os vencedores serão anunciados no dia 21 de abril. Os apaixonados por fotografia ainda poderão participar da seleção Fale como Você Vê Brasília, que contempla fotos feitas por aparelhos de telefone celular. As imagens também devem estar dentro da temática do concurso. Mais informações e inscrições no site www.premiobrasiliaceuaberto.com.br.

FONTE: Correiro Braziliense

BOA LEITURA

OS EQUÍVOCOS QUE ENVOLVEM A ARTE E O ENSINO

Hannah Arendt, em seu livro A Condição Humana, diz no capitulo “A permanência do Mundo e a Obra de Arte”:
“Entre as coisas que emprestam ao artifício humano a estabilidade sem a qual ele jamais poderia ser um lugar seguro para os homens, há uma quantidade de objetos estritamente sem utilidade e que, além disso, por serem únicos, não são intercambiáveis, assim sendo, não são passíveis de igualação através de um denominador comum como o dinheiro; se expostos ao mercado de trocas, só podem ser apreçados arbitrariamente. Além disso, o devido relacionamento do homem com uma obra de arte não é “usá-la”, pelo contrário, ela deve ser cuidadosamente isolada de todo o contexto dos objetos de uso comuns para que possa galgar ao seu lugar devido no mundo … a arte assim sobreviveu magnificamente à sua separação da religião, da magia e do mito”.

Isso implica dizer que toda e qualquer utilidade que tenha a Arte transforma-a em arte. Radical? Sim, muito, porque a necessidade de sobrevivência de uma cultura também é radical. A Arte só sobreviverá se são atendidas as suas especificidades.

Quais seriam estas especificidades? A nosso ver, o atributo principal da Arte é a liberdade do artista, se ele não é contemplado pela sociedade como alguém imprescindível, possivelmente essa sociedade perca ou mutile o que de mais valioso tem: as economias mudam e seus sistemas de poder também, os acumuladores perecem e é claro que para o futuro longínquo só sobrará a Arte, se ela conseguir sobreviver. Mas a arte comercializada, estruturada, definida como arte, essa não sobreviverá.

A Arte precisa ser concretizada em objetos para materializar-se como idéia e poder perpetuar-se no futuro, a Arte materializada pode ser vista somente como objeto e transformada em mercadoria, podendo ser comprada e vendida, como se pudesse se comprar Arte, liberdade ou felicidade!

A Arte não é instrumento para nada, nem objeto de consumo, é como a Filosofia, ambas são os níveis de entendimento mais elevados (não heirarquizados) que uma sociedade tem sobre si mesma.

Logo, seria a figura do artista a que tem que ser valorizada, não a do professor de arte, do curador, do critico ou do jornalista. Como se arte pudesse ser ensinada ou convertida em objeto de consumo. Se ensinar Arte fosse possível poderia se ensinar talento, criatividade. Segundo Gregory Bateson, este nível de comunicação com respeito à Arte, Amor e Felicidade (ensino, critica, descrição da arte são formas de comunicação), é nada mais nada menos do que uma situação de double-bind, ou seja, um grave problema que conduz a esquizofrenia quando não se pode sair desse sistema doente de comunicação, explico melhor: se eu digo para o outro: seja criativo! aprenda! me ame! seja livre! isto é Arte! Estou dizendo ao outro que os meus padrões são os corretos para sentir, pensar e amar, o que possivelmente devido à natureza humana, que é única e irrepetível, seja um verdadeiro terror ou inicio de uma tirania muito perigosa, tão intolerável que o único refúgio é a esquizofrenia.

Por isso, devemos insistir que Arte é assunto de Estado, entendendo o Estado como a instancia máxima da organização social, contrariamente ao mercado, que, para mim, é a instancia máxima da desumanização da sociedade.

Deve ser o Estado quem tem que manter o artista, o Estado é que tem que velar porque a Arte não se converta em Mercadoria e porque sejam os artistas os que tem se ocupem da difusão da Arte, abrindo e mantendo os espaços necessários para tal.

Reflitamos um pouco mais: porque a Medicina é cuidada e exercida pelos médicos? porque a Economia pelos economistas e a Justiça pelos advogados? e são médicos, economistas e advogados que cuidam da formação dos mesmos. Não tem economista ensinando cirurgia nem oftalmologista ensinando Direito Comercial.

Se consideramos que a Arte é assunto de artistas e são eles os que podem transmitir melhor que ninguém o que é Arte, criaremos um problema sério de continuidade desta sociedade, para alegria de muitos e infelicidade de poucos.

Acabaria a hierarquização da Arte, acabaria o mercado e seus sacerdócios exercidos por uns poucos escolhidos que jamais tem contato com as periferias onde mora mais do 80% dos seres humanos.

Para o artista, existiria um campo de trabalho enorme, se ele for mantido pela sociedade, se ele for dignificado pelo reconhecimento da relação que ele estabelece entre o passado, o presente e o futuro de cada sociedade na qual está inserido. E se isto acontecer, talvez a sociedade possa mudar. Talvez a liberdade deixe de ser um ideal para transformar-se em um utópico viável, talvez a Arte reprimida possa brincar nas ruas e avenidas e não ser desvalorizadas pelos canais de difusão.

Construir mitos é e será tarefa dos meios de comunicação, destruir mitos também. Numa sociedade utópica os meios de comunicação estariam a serviço da arte e não vice-versa. Hoje, como na Arte, vemos que as notícias tem que pedir por favor para serem noticiadas, porque os meios de comunicação noticiam o que alguém, que nunca sabemos quem é, alguém absolutamente invisível, como o Mercado, este alguém soberano que determina quais notícias serão noticiadas e ordena quais mereceram ser difundidas.

Fato semelhante acontece com os artistas, eles nunca sabem o que os fará famosos, se pertencer a uma coleção famosa ou se, pela sua arte, alcançar o mérito suficiente para ser difundido e/ou convertido em Mito.
Mídia e Fama estão estreitamente ligadas e infelizmente mesquinhos interesses são perpetuados a partir deste sistema que não beneficia ninguém, ainda que garanta lucros a alguns.

Arte fabricada a partir de mídias e mitos termina sendo arte e arte nunca pode ser um negócio, muito menos um bom negócio. Em última instância, é um péssimo negócio para o futuro de uma sociedade.

Por fim, Arte não é objeto, não é mercadoria, não é moda. Arte é Arte, cabe ao artistas nos mostrar o que é a sua Arte e, nela, manteremos a infinitude e estabilidade do núcleo do que é o Humano.


FONTE: Cultura e Mercado

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Comentários do dia

Olá amigos leitores,

A partir de hoje estamos na ativa de novo, é isso aí, voltamos com o BLOG com suas atividades normais e publicações diárias.

São sempre 07 notícias culturais postadas todos os dias até o meio-dia, a novidade é a BOA LEITURA, que passa a veicular diariamente. O que chamamos de BOA LEITURA será sempre o último texto apresentado no rodapé de cada dia, é um texto bem maior que os padrões de informação rápida adotados pela internet. No BOA LEITURA de hoje a matéria Patrocínio de quem pra quem? do site Cultura e Mercado.

Bom, no mais é isso aí, contamos com todos de volta e façam bom uso.

Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura

Escritores e interessados de todos o país têm até o dia 29 de fevereiro para se inscrever no ‘Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura’. As inscrições devem ser feitas na sede da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais (Superintendência de Ação Cultural – Palacete Dantas/Praça da Liberdade, 317, Funcionários, BH/MG – Cep.: 30140.010), das 10 às 17 horas, ou pelo Correio, mediante entrega da obra, que deverá ser apresentada de acordo com as normas estipuladas no Edital. Informações: (31) 3213.1072.

Uma ação inédita do Governo de Minas e da Secretaria de Estado de Cultura, o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura chega para promover e divulgar a literatura brasileira, reconhecendo grandes nomes e abrindo espaço para os jovens escritores mineiros. De caráter nacional, o Prêmio disponibilizará R$ 212 mil (duzentos e doze mil reais) - maior premiação nacional no segmento -, a quatro categorias: I - Conjunto da Obra, em que um escritor brasileiro será agraciado; II – Poesia; III - Ficção; e IV - Jovem Escritor Mineiro.

“É o maior prêmio de fomento e incentivo à literatura no Brasil. Uma oportunidade ímpar de homenagear importantes intelectuais da nossa literatura e de revelar futuros talentos”, disse a secretária de Estado de Cultura de Minas, Eleonora Santa Rosa.

Conjunto da Obra
A cada Edital, o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura irá reconhecer um autor brasileiro, vivo, pelo conjunto de sua obra, com uma premiação no valor de R$ 120 mil (cento e vinte mil reais) – desse valor serão descontados os impostos previstos em lei. São autores cuja obra, sendo de inegável valor e qualidade, contribuiu de maneira decisiva para novos rumos da produção ensaística e teórica brasileira. No Edital/2007, que marcou o lançamento do Prêmio, em dezembro do ano passado, na Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte, o autor agraciado é o professor e ensaísta Antonio Candido de Mello e Souza. Para as próximas edições, esta categoria será avaliada por uma comissão julgadora, composta por três membros de reconhecida importância no cenário literário atual.

Poesia, Ficção e Jovem Escritor Mineiro
Nas três categorias, cada proponente poderá inscrever uma obra autoral, inédita e não publicada. Nas categorias Poesia e Ficção, o Prêmio é aberto a escritores iniciantes e/ou profissionais, sem limite de idade, e nascidos e residentes em território nacional. Já a categoria Jovem Escritor Mineiro é restrita a pessoas com idade entre 20 e 35 anos, nascidas em Minas Gerais ou residentes no Estado há pelo menos cinco anos.

A premiação será atribuída ao primeiro colocado de cada categoria: Poesia: R$ 25 mil (vinte e cinco mil reais); Ficção: R$ 25 mil (vinte e cinco mil reais); e Jovem Escritor Mineiro: R$ 7 mil (sete mil reais), durante seis meses, somando o valor de R$ 42 mil (quarenta e dois mil reais), para pesquisa e elaboração de um livro. Desses valores, serão descontados os impostos previstos em lei.

Clique aqui e confira todos os documentos necessários para participar!

FONTE: Secretaria de Estado da Cultura

Secretaria estadual de Cultura do Rio vai atualizar a Lei do ICMS

Após 16 anos de sua criação, a Lei de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, conhecida como Lei do ICMS, será atualizada. O processo de revisão da regulamentação da lei ocorrerá entre os dias 28 de março e 6 de junho de 2008 e será conduzido por uma comissão designada pela Secretaria de Estado de Cultura. Para adequar o processo de revisão às exigências contemporâneas, serão realizadas duas audiências públicas, dias 29 de abril e 20 de maio, com a participação de agentes culturais. Foi criado também o e-mail reformaleiicms@cultura.rj.gov.br para o recebimento de sugestões.

Os projetos protocolados na Lei do ICMS até 28 de março de 2008 serão avaliados no prazo de 30 dias. Os projetos já aprovados não sofrerão interrupção quanto a sua aprovação, fruição e prestação de contas. As prestações de conta em aberto devem ser esclarecidas no período de 30 dias a partir de hoje, data de publicação da resolução conjunta das Secretarias de Cultura e Fazenda.


FONTE: Extra!
Por: André Miranda

Festival de curtas em Minas

Vão até 14 de março as inscrições para as mostras competitivas brasileira e internacional do 10º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte – marcado para o período entre 25 e 31 de julho, no Palácio das Artes. Serão aceitos trabalhos de todos os gêneros, finalizados em qualquer formato de vídeo e em película (16mm ou 35mm), cujos lançamentos tenham ocorrido entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2008. O filme deverá estar finalizado na data da inscrição e ter no máximo 30 minutos de duração. As inscrições são gratuitas. Para efetuá-las, o interessado deve acessar o site oficial do evento (www.festivaldecurtasbh.com.br), onde é possível encontrar o regulamento. O anúncio dos filmes selecionados ocorrerá até o dia 20 de junho. Mais informações: (31) 3291-0524 e (31) 3291-1856.


FONTE: Correiro Braziliense

Pluralidade na tevê

Semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória 398/07, que cria a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) a partir da fusão da Radiobrás e da TVE. A nova instituição é a responsável pela TV Brasil, a primeira rede pública de televisão do País. Hoje, os deputados federais devem votar os destaques da MP para, só então, ela ser votada no Senado e poder vigorar para valer.

Apesar dos trâmites burocráticos ainda não terem sido concluídos, a emissora já opera, precariamente, desde o início de dezembro do ano passado. Atualmente, 18 emissoras regionais que eram vinculadas à TVE captam o sinal da TV Brasil (inclusive a TV Ceará). Por enquanto, a programação é composta, basicamente, pela própria grade da emissora que foi incorporada ao novo canal. No entanto, já está no ar o Repórter Brasil, programa jornalístico diário formatado pela própria EBC.

Na semana passada, o diretor-geral da TV Brasil, Orlando Senna, esteve de passagem por Fortaleza. Em entrevista ao O POVO, ele defendeu a importância da tramitação da MP não apenas para criar a EBC, mas para iniciar uma regulamentação sobre o campo público de TV no Brasil. "Isso resgata 50 anos de atraso no nosso País. Em qualquer outro país do mundo, a TV nasceu pública. Só aqui que ela nasceu privada", afirma ele.

Segundo ele, a TV Brasil permanece em processo de instalação até o fim de março. Daí até julho, o objetivo da emissora é conseguir delinear uma filosofia editorial própria e melhorar os programas herdados da TVE. Enquanto isso, o Conselho Curador, formado por 20 integrantes (dentre os quais, 15 são da sociedade civil), já fez reuniões para traçar objetivos para essa programação. A principal exigência dele, segundo Senna, é a presença da pluralidade em todos os programas para que haja a garantia de que o caráter público não seja soterrado por direcionamentos políticos pelo fato de o financiamento da emissora (R$ 350 milhões segundo o Orçamento de 2008) ser proveniente do governo federal.

De acordo com o diretor-geral, 18 emissoras públicas ligadas à TV Brasil já estão reunidas em um comitê que pretende discutir como deve funcionar o sistema de rede da emissora nacional e como ele pode alcançar, pelo menos, todos os estados da federação. A idéia é que essa rede seja descentralizada e horizontal, favorecendo o intercâmbio de conteúdos regionais e de produção independente de todo o Brasil.

O processo de co-produções e compra de programas seria feito por meio de edital, a exemplo de iniciativas já tomadas pelo Ministério da Cultura quando o próprio Orlando Senna era secretário do Audiovisual, como o Revelando Brasis (no qual moradores de várias partes do País escrevem e dirigem curtas-metragens com histórias de suas regiões) e o DocTV (documentaristas de cada estado são financiados para revelarem facetas de sua região e os produtos originados daí têm exibição garantida na TV). "O que se vê hoje é uma inversão total. Se vê o Nordeste sob o olhar do Sudeste. Nós queremos mostrar a visão de cada comunidade sobre ela mesma", aponta. A TV Brasil contaria com 40% de produção regional, 40% de produção independente e 20% de produção própria.

Apesar do entusiasmo, a construção da TV ainda vai demorar. O próprio ingresso dela em formato digital, previsto para o fim do ano passado, em São Paulo, foi adiado. "Nos próximos três anos, 90% das casas ainda vão receber captar somente o sinal analógico. Não adianta trabalhar um canal digital que ninguém vai ver". Senna avisa logo: não se monta uma TV em um ano. A previsão é de que a emissora só esteja inteiramente formatada em 2010.


FONTE: O Povo