A você que vai ao Teatro do Centro Cultural USIMINAS hoje assistir ao espetáculo “O Continente Negro” observe nos seguintes detalhes do espetáculo que à olho nu podem passar despercebido... mas preste atenção:
...antes mesmo de a peça começar, observe com atenção a cenografia de André Cortez. Vale apreciar em detalhes, tem até um carro em cena, e é o primeiro sinal de que o realismo nesta montagem não será sinônimo de obviedade.
...no detalhe do ‘mato’ que cresce aqui e ali sugerindo que há distância geográfica entre os ambientes. Espacialmente, estão estreitamente interligados, como se fosse cômodos de uma mesma casa, o que torna muito ágil e até mesmo surpreendente a movimentação em cena. É bom apreciar antes, porque como boa cenografia ela nada possui de decorativa, tem função cênica, serve aos atores, e só neles você vai se ligar depois que a peça começa.
...no celular desligado, toca o terceiro sinal, o palco se ilumina. Nos primeiros três minutos tudo pode parecer meio estranho. Não se assuste e atenção ao Ângelo Antonio. Você vai entender tudo pouco depois.
...na cena, bem curtinha, em que a atriz Yara de Novaes toma uma coca-cola iluminada pela porta da geladeira. Visualmente, ela remete tipicamente à imagem ‘momento de prazer’ de anuncio publicitário. Mas bastam duas ou três perguntas singelas de uma dona de casa a si mesma e essa imagem é destruída. Em seu lugar aparecem as universais rachaduras no molde lar doce lar do casamento monogâmico feliz para sempre.
...no desenho que Débora Falabella, no papel de uma adolescente, faz para falar de sua rotina ao chegar na casa da mãe. Pouco depois o espectador só precisará desse signo para entender o que se passa.
...na ironia que vem com a frase “coitado, deve estar desesperado” , dita logo após uma ligação para número de telefone errado, um engano. Quem a diz...
Nem preciso dizer que VALE A PENA assistir ao espetáculo não é?
FONTE: Publicado originalmente no jornal O Estado de São Paulo em 14 de abril de 2007. Página D8 do Caderno 2.
...antes mesmo de a peça começar, observe com atenção a cenografia de André Cortez. Vale apreciar em detalhes, tem até um carro em cena, e é o primeiro sinal de que o realismo nesta montagem não será sinônimo de obviedade.
...no detalhe do ‘mato’ que cresce aqui e ali sugerindo que há distância geográfica entre os ambientes. Espacialmente, estão estreitamente interligados, como se fosse cômodos de uma mesma casa, o que torna muito ágil e até mesmo surpreendente a movimentação em cena. É bom apreciar antes, porque como boa cenografia ela nada possui de decorativa, tem função cênica, serve aos atores, e só neles você vai se ligar depois que a peça começa.
...no celular desligado, toca o terceiro sinal, o palco se ilumina. Nos primeiros três minutos tudo pode parecer meio estranho. Não se assuste e atenção ao Ângelo Antonio. Você vai entender tudo pouco depois.
...na cena, bem curtinha, em que a atriz Yara de Novaes toma uma coca-cola iluminada pela porta da geladeira. Visualmente, ela remete tipicamente à imagem ‘momento de prazer’ de anuncio publicitário. Mas bastam duas ou três perguntas singelas de uma dona de casa a si mesma e essa imagem é destruída. Em seu lugar aparecem as universais rachaduras no molde lar doce lar do casamento monogâmico feliz para sempre.
...no desenho que Débora Falabella, no papel de uma adolescente, faz para falar de sua rotina ao chegar na casa da mãe. Pouco depois o espectador só precisará desse signo para entender o que se passa.
...na ironia que vem com a frase “coitado, deve estar desesperado” , dita logo após uma ligação para número de telefone errado, um engano. Quem a diz...
Nem preciso dizer que VALE A PENA assistir ao espetáculo não é?
FONTE: Publicado originalmente no jornal O Estado de São Paulo em 14 de abril de 2007. Página D8 do Caderno 2.
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