quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O Jazz Sacode a Poeira

Para deixar de ser o som do século passado, ele está se misturando com o pop e a música de diferentes países. A cantora Madeleine Peyroux, que se apresenta no Brasil neste mês, é representante da primeira vertente



O jazz já foi visto como vanguarda. Isso ocorreu nos anos 20, quando ele era considerado o retrato sonoro do futuro, e nos anos 50, quando o estilo bebop levou para o terreno da música popular as dissonâncias que haviam tomado de assalto a música erudita. Como várias vanguardas artísticas, o jazz chegou ao século 21 com a aura de "clássico", eufemismo para antigo, fora de moda em resumo, coisa do século passado. Isso vem mudando nos dois últimos anos com o surgimento de uma nova geração de jazzistas. Eles propõem dois caminhos novos para que o gênero deixe de soar como relíquia de outros tempos. O primeiro é a fusão do jazz com o pop. O segundo é a mistura com a música popular de diferentes países, numa saudável salada de sons e sotaques. A cantora americana Madeleine Peyroux, que se apresenta no Brasil neste mês, é representante da primeira vertente.

"A palavra jazz e a palavra pop deveriam estar livres para caminhar juntas. No jazz você tenta ser o mais humano possível, de forma que não pode soar sempre a mesma coisa", comentou Madeleine em entrevista a BRAVO!. Ela é dona de uma das vozes mais impecáveis da sua geração, técnica que sempre lhe rendeu comparações com a diva da canção Billie Holiday. A própria Billie Holiday não foi uma cantora exclusiva do jazz. Madeleine não nega a influência. "Billie foi um ser humano essencial, as possibilidades de sua voz abriram caminho para a criatividade de outros cantores."

Nesse sentido, e guardadas as proporções, Madeleine Peyroux está para o jazz moderno assim como Billie Holiday esteve para os anos 40 e 50, época de ouro do jazz canção. Uma intérprete versátil, que passeia pelo jazz tradicional, pelo folk do início da década de 1960 e pelo pop de forma cativante. Conhecida por recriar interpretações de artistas como Serge Gainsbourg e Bob Dylan, Madeleine é amante assumida da música pop, mas confessa não gostar de ouvir rádio. Sintonizada com seu tempo, defende o uso da internet como troca de música e informação. "É um ótimo instrumento de liberdade. Eu acredito na música livre e na educação que a web oferece às pessoas", diz ela.



As apresentações que fará pelo Brasil neste mês fazem parte da turnê do seu último disco Half the Perfect World, lançado em 2006 pela Rounder Records. Madeleine considera este o seu trabalho mais maduro. "Ele me permite expressar o que a música tem de mais espiritual, com monólogos e um tom mais dramático." É um álbum com mais pegada do que seu disco anterior, Careless Love, de 2004.

UNIVERSAL
Madeleine não está sozinha. O tradicional selo de jazz Blue Note que tem em seu catálogo nomes como Duke Ellington, Stan Getz e Miles Davis resolveu seguir a tendência e se diversificar. A gravadora lançou no começo deste ano o disco The Bird and the Bee, projeto que reúne a cantora Inara George e o músico Greg Kurstin. A união se deu pelo fascínio em comum pelo jazz, mas o som da dupla está muito mais próximo do pop eletrônico.

Em meio a essa diversidade sonora, a música fetiche de gerações criou asas e ganhou novos sotaques. Hoje, a importância do jazz produzido nos Estados Unidos não é maior do que no resto do mundo. Algumas vozes se destacam, como o italiano Mario Biondi. Seu disco de estréia, Handful of Soul (2006), caiu nas graças do público. O timbre remete a Louis Armstrong, e suas melodias suingadas reproduzem a batida da bossa nova. A música brasileira também está presente no trabalho da sueca Lina Nyberg, uma das divas de maior sucesso no norte da Europa atualmente. A cantora, por vezesousada, utiliza sua voz refinada para criar uma atmosfera mais intimista em suas interpretações. O jazz hoje se recria com a mente aberta, referências variadas e boas idéias. O coquetel ideal para a música amadurecer e se reinventar constantemente.

Conheça a nova geração do jazz e suas influências

Madelaine Peyroux se apresenta em Ipatinga dentro da programação do Ipatinga Live Jazz (www.ipatingalivejazz.com.br) no dia 15 de setembro, às 20h30. Os ingressos já estão à venda na bilheteria do teatro do Centro Cultural Usiminas e custam R$ 40,00 inteira e R$ 20,00 meia entrada, para estudantes, professores e maiores de 60 anos. Informe-se no (31) 3822.3031.*

Veja programação completa do Ipatinga Live Jazz aqui.


FONTE: Bravo!
Por: Mariana Paschoal
*colaborou: Marilda Lyra por telefone

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