O maior acontecimento da dança em Belo Horizonte está pronto para começar. A 11ª edição do FID - Fórum Internacional de Dança - inicia sua programação hoje, com a primeira de uma série de oficinas que serão realizadas na região metropolitana da capital (ver quadro de programação ao lado), e segue até novembro, com debates, programas de pesquisas, exposições, lançamentos de livros, e, é claro, espetáculos nacionais e internacionais, com preços "simbólicos". "Não é só uma ’campanha de popularização da dança’. Queremos ir muito além disso, e trabalhar, por exemplo, a ’resistência cultural do corpo’, com apresentações de guardas de congado de várias cidades do interior, sempre antes dos espetáculos", afirma Adriana Banana, diretora artística e uma das idealizadoras do FID.
Como indica a programação e o próprio nome, o FID não se presta simplesmente a realizar mostras de espetáculos de dança. É, antes disso, como diz Mônica Simões, diretora de planejamento, "um fórum pensante", que assume o papel de promover a produção de conhecimento, por meio de investigações acerca da linguagem da dança. O tema que irá conduzir esse "fórum pensante" será Museologia do Corpo que Dança.
Segundo Adriana, existe um entendimento atual da museologia que parte não apenas da memória estática guardada em museus, mas também de matérias vivas e dinâmicas, como por exemplo o corpo. "A intenção é tratar o corpo como história. Não uma história do passado, mas como o que virá. Não queremos ficar presos à história oficial, mas construir a nossa própria concepção de história."
Os programas
Este ano a programação do FID se estende por longos dois meses, dividindo-se em três esferas diferentes: Circulando Grande BH, Território Minas e Conexão Internacional. O ponto de partida acontece hoje, com a oficina Técnicas de Palco, ministrada por Leonardo Pavanello em Ribeirão das Neves, dentro do programa Circulando Grande BH, que abarca ainda mais duas cidades da região metropolitana - Sabará e Nova Lima.
Clique na imagem para ver a programação ampliada.
"Essa primeira parte é uma ampliação do Circulando BH, que atingia regiões socialmente menos favorecidas (apenas nos limites da região central da cidade)", comenta a diretora- executiva Carla Lobo. O programa divide-se em três atividades principais - oficinas práticas e teóricas, capacitação para os profissionais locais e espetáculos gratuitos. O segundo programa do FID (Território Minas) é a parte do fórum preparada para valorizar o mercado e os grupos de dança de Minas Gerais e incentivar a formação de novos criadores.
Dentro do programa, estão três grupos desenvolvendo projetos de pesquisa cujos resultados serão mostrados ainda dentro do FID, em apresentação no Museu Mineiro, onde também está sendo montada a Fidoteca, que irá expor o acervo audiovisual de dez anos de FID, incluindo todos os espetáculos apresentados até hoje no evento. Ainda dentro do Território Minas, acontece a mostra Dança Minas, em que grupos do interior se apresentam, "também pensando na projeção desses grupos", como afirma Carla Lobo.
"O Território Minas é mantido desde 1998 porque vimos resultado. Grupos que passaram pelo programa ganharam uma projeção muito grande. O Balé de Rua, de Uberlândia, por exemplo, chegou a se apresentar no Sesc/São Paulo. Outros nem mesmo existiam e foram formatados dentro do programa", conta Carla.
Por fim, a Conexão Internacional, que acontece no final de outubro, reunirá companhias de vários cantos do mundo, com destaque para a abertura países do Terceiro Mundo, como o Quênia, com os grupos Opyio Okach Gaara Projects e Andre Ouamba. Segundo Carla Lobo, este ano a mostra internacional quadruplicou.
"Primeiro, porque o dinheiro aumentou (foram aprovados cerca de R$ 700 mil pelas leis de incentivo federal e estadual)". Outra boa notícia foi a parceria do FID com outros três grandes festivais de dança - do Rio, de Recife e do Ceará, em que haverá uma espécie de compartilhamento dos espetáculos.
FONTE: O Tempo
Por: DOUGLAS RESENDE
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