Vista por muitos como manifestação da frivolidade humana, a moda é um dos meios utilizados pela ONG Corpo Cidadão, projeto social do Grupo Corpo, para trabalhar a autoestima e a formação da identidade de jovens que vivem em situação de risco na Grande Belo Horizonte. E será, portanto, através da transformação de desenhos de moda em roupa (os famigerados croquis) que a organização montará seu primeiro desfile, um das atrações do Imagine 2007, evento de moda e negócios promovido pela Federaminas e Fecomércio, que acontece de 7 a 10 de agosto no Expominas.
Logomarcas e sonhos
Tudo começou há cerca de três anos, quando o estilista Ronaldo Fraga resolveu passar as tardes de sábado (quinzenalmente) com os alunos do projeto que reúne meninos e meninas entre 13 e 18 anos. Entre as diversas oficinas, que têm como objetivo mostrar todas as etapas do trabalho do Grupo Corpo (leiam-se, portanto, iluminação, cenografia e outros), estava o desenho de moda, que, segundo Ronaldo, é um ótimo veículo para se falar de identidade: "Oficina de desenho de moda porque a moda é a mídia imediata, é a maneira principal que esse adolescente encontra para se apresentar para o grupo. A roupa para eles é imprescindível. Vi uma pesquisa recente que mostra que os meninos de rua roubavam só para comprar roupa de marca", complementa Ronaldo.
O estilista conta que os primeiros trabalhos de desenho desenvolvidos sob os olhos atentos da estilista Rosangela Mattana, a coordenadora da oficina, eram completamente diferentes e estavam impregnados de desejo e signos de ascensão social. "No começo, o que eles colocavam nos desenhos eram o V da Vide Bula, o raiozinho da Zoomp, a pantera da Puma e outras logos que fazem parte do imaginário deles e são seus objetos de desejo".
Hoje, no entanto, as imagens estão mais autorais e vêm dotadas de identidade e até de traços da moda estabelecida, já que os iniciados precisam ter afinidade com o desenho e interesse por moda para participar das oficinas. "Para estar lá, eles precisam também escrever uma espécie de cartinha de intenção dizendo o porquê do interesse", explica Ronaldo, que acredita também que a moda seja um excelente meio para se falar de arte com esses interlocutores.
Desejos em 3D
O grande barato do desfile marcado para o próximo dia 8, às 20h, na passarela montada no Expominas, é que os envolvidos verão a materialização de seus desenhos. Isso graças a 15 parceiros (entre estilistas, grifes e até uma chefe de cozinha) que foram convidados a "adotar" os meninos e toparam trabalhar a quatro mãos na execução das peças. "Escolhi marcas que tivessem algo em comum com os desenhos. Os que o Martielo Toledo executou, por exemplo, são a cara dele", esclarece Ronaldo, o pai da idéia.
O estilista acredita que a troca de experiência será muito rica para ambos e não pretende que a ação seja vista como paternalista ou filantropia pura: "Além de tudo, será uma forma de levar a nata da moda mineira para dentro de um salão de negócios". Do universo de 35 meninos, sairão 23 roupas e vários estandartes que ficarão enfeitando a entrada do evento. Depois de desfiladas, as peças ganham lugar de destaque nos corredores do Expominas e terão uma longa agenda de compromissos, podendo, ao final, ser inclusive leiloados.
"Passado o desfile, no mês de novembro, as peças estarão expostas no Grande Teatro do Palácio das Artes durante o espetáculo anual da ONG. Já em 2008, devem virar ilustração do livro sobre o Corpo Cidadão que está sendo editado". Mestre em traduzir a moda para os desenhos , Ronaldo se desmancha em elogios aos pupilos: "Os desenhos deles são tão bons que parecem de estilista japonês".
Responsabilidade social
A ONG Corpo Cidadão foi criada em 2000 para gerir o Sambalelê, projeto social do grupo de dança mineiro. O projeto, coordenado por Miriam Pederneiras, atende um total de 690 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social em parceria com quatro instituições que desenvolvem trabalhos sociais em comunidades de baixa renda em Belo Horizonte e região metropolitana.
O Projeto Sambalelê tem como objetivo promover oportunidades educativas e de desenvolvimento humano através da arte-educação, respeitando os diferentes códigos culturais, ampliando o universo de conhecimento dos jovens, estimulando sua autonomia e resgatando valores como ética, afeto, solidariedade, auto-estima e sensibilidade. Todo o trabalho está direcionado principalmente para o crescimento físico, emocional, intelectual e para a transformação do potencial dos educandos em competências pessoais, sociais, cognitivas e produtivas.
Através da formação artística (várias áreas da produção), espera-se capacitar os inscritos a criar e a buscar melhores alternativas de vida. Além disso, pretende-se formar também jovens multiplicadores desse processo educativo nas comunidades onde vivem. Segundo Ronaldo Fraga, alguns dos alunos das primeiras oficinas já foram incorporados ao staff e trabalham hoje na equipe que viaja com a trupe de balé dos Pederneiras pelo mundo.
Saiba mais no site www.grupocorpo.com.br ou através do email corpocidadao@grupocorpo.com.br.
Logomarcas e sonhos
Tudo começou há cerca de três anos, quando o estilista Ronaldo Fraga resolveu passar as tardes de sábado (quinzenalmente) com os alunos do projeto que reúne meninos e meninas entre 13 e 18 anos. Entre as diversas oficinas, que têm como objetivo mostrar todas as etapas do trabalho do Grupo Corpo (leiam-se, portanto, iluminação, cenografia e outros), estava o desenho de moda, que, segundo Ronaldo, é um ótimo veículo para se falar de identidade: "Oficina de desenho de moda porque a moda é a mídia imediata, é a maneira principal que esse adolescente encontra para se apresentar para o grupo. A roupa para eles é imprescindível. Vi uma pesquisa recente que mostra que os meninos de rua roubavam só para comprar roupa de marca", complementa Ronaldo.
O estilista conta que os primeiros trabalhos de desenho desenvolvidos sob os olhos atentos da estilista Rosangela Mattana, a coordenadora da oficina, eram completamente diferentes e estavam impregnados de desejo e signos de ascensão social. "No começo, o que eles colocavam nos desenhos eram o V da Vide Bula, o raiozinho da Zoomp, a pantera da Puma e outras logos que fazem parte do imaginário deles e são seus objetos de desejo".
Hoje, no entanto, as imagens estão mais autorais e vêm dotadas de identidade e até de traços da moda estabelecida, já que os iniciados precisam ter afinidade com o desenho e interesse por moda para participar das oficinas. "Para estar lá, eles precisam também escrever uma espécie de cartinha de intenção dizendo o porquê do interesse", explica Ronaldo, que acredita também que a moda seja um excelente meio para se falar de arte com esses interlocutores.
Desejos em 3D
O grande barato do desfile marcado para o próximo dia 8, às 20h, na passarela montada no Expominas, é que os envolvidos verão a materialização de seus desenhos. Isso graças a 15 parceiros (entre estilistas, grifes e até uma chefe de cozinha) que foram convidados a "adotar" os meninos e toparam trabalhar a quatro mãos na execução das peças. "Escolhi marcas que tivessem algo em comum com os desenhos. Os que o Martielo Toledo executou, por exemplo, são a cara dele", esclarece Ronaldo, o pai da idéia.
O estilista acredita que a troca de experiência será muito rica para ambos e não pretende que a ação seja vista como paternalista ou filantropia pura: "Além de tudo, será uma forma de levar a nata da moda mineira para dentro de um salão de negócios". Do universo de 35 meninos, sairão 23 roupas e vários estandartes que ficarão enfeitando a entrada do evento. Depois de desfiladas, as peças ganham lugar de destaque nos corredores do Expominas e terão uma longa agenda de compromissos, podendo, ao final, ser inclusive leiloados.
"Passado o desfile, no mês de novembro, as peças estarão expostas no Grande Teatro do Palácio das Artes durante o espetáculo anual da ONG. Já em 2008, devem virar ilustração do livro sobre o Corpo Cidadão que está sendo editado". Mestre em traduzir a moda para os desenhos , Ronaldo se desmancha em elogios aos pupilos: "Os desenhos deles são tão bons que parecem de estilista japonês".
Responsabilidade social
A ONG Corpo Cidadão foi criada em 2000 para gerir o Sambalelê, projeto social do grupo de dança mineiro. O projeto, coordenado por Miriam Pederneiras, atende um total de 690 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social em parceria com quatro instituições que desenvolvem trabalhos sociais em comunidades de baixa renda em Belo Horizonte e região metropolitana.
O Projeto Sambalelê tem como objetivo promover oportunidades educativas e de desenvolvimento humano através da arte-educação, respeitando os diferentes códigos culturais, ampliando o universo de conhecimento dos jovens, estimulando sua autonomia e resgatando valores como ética, afeto, solidariedade, auto-estima e sensibilidade. Todo o trabalho está direcionado principalmente para o crescimento físico, emocional, intelectual e para a transformação do potencial dos educandos em competências pessoais, sociais, cognitivas e produtivas.
Através da formação artística (várias áreas da produção), espera-se capacitar os inscritos a criar e a buscar melhores alternativas de vida. Além disso, pretende-se formar também jovens multiplicadores desse processo educativo nas comunidades onde vivem. Segundo Ronaldo Fraga, alguns dos alunos das primeiras oficinas já foram incorporados ao staff e trabalham hoje na equipe que viaja com a trupe de balé dos Pederneiras pelo mundo.
Saiba mais no site www.grupocorpo.com.br ou através do email corpocidadao@grupocorpo.com.br.
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