quarta-feira, 22 de agosto de 2007

DEBATE SOBRE A IMPRENSA CULTURAL

Sacrifícios de cantar e falar de um ministro
O Sacrifício
Parece que o Estado de S.Paulo precisa ler o francês Liberation para saber o que se passa no Ministério da Cultura. O Estadão repercutiu a entrevista do ministro que estava em turnê pela Europa, quando Gil afirmou que ser ministro é um sacrifício. “O sacrifício (de ser ministro) não é apenas financeiro. Toca também no meu desejo de expressão e de comunicação, além da demanda do meu público. Mas estou me saindo melhor que eu mesmo pensava. Eu tinha medo de não conseguir acordar cedo”.

“Já cantei bastante”
O portal de notícias da Globo, o G1, disse que Gil não deixou de ser ministro durante a estréia de Banda Larga em São Paulo: “A empolgação de Gil nas palavras levou a algumas pessoas da platéia a gritar ´canta!´, irritando mas não chegando a tirar o bom humor do ministro-cantor... ´Já cantei bastante [nesta noite], mas agora estou falando´". O mote do giro mundial do cantor é a permissão para fotografar, gravar e filmar, além do estímulo a modificar o conteúdo da apresentação. E foi mais próximo do final que a platéia abandonou as cadeiras (o show foi 100% mesa) para se aproximar do palco, deixando a apresentação mais interessante. Antes, parte do público já havia tentado o mesmo movimento, mas havia sido contida pelos seguranças. Sendo a idéia da turnê promover a liberdade do uso das novas tecnologias, essa proibição à moda antiga não deixava de ser irônica.

“Agora estou falando”
Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo de sábado pegou ainda mais pesado com a sua modalidade entrevista pinque-pongue non sense, sem sentido, começo meio ou fim: “FOLHA - O que o senhor pensa do "Cansei"? Gilberto Gil - Penso que as pessoas cansadas dizem que estão cansadas. Talvez eles precisem descansar. FOLHA - O "Cansei" diz ser um movimento apartidário... Gil - Como é apartidário se são contra o presidente? FOLHA - Eles se dizem contrários à situação que o país vive. Gil - Que situação que o país vive? Eles estão se queixando de quê, de quem? FOLHA - Corrupção, por exemplo. Gil - Mas e daí? Eu estava na Europa, não acompanhei direito, você acompanhou melhor que eu. Você sabe do que eles estão se queixando. FOLHA - Uma das principais queixas é a corrupção. Gil - Sim, mas e daí? Estão cansados de corrupção? E o que eles vão fazer? FOLHA - A Christiane Torloni criticou o Ministério da Cultura, disse que sofreu um "apagão". Gil - Ela criticou o ministério, criticou o ministro. Se as críticas são pertinentes, fundadas em fatos, em desempenho real... Mas não houve apagão, acho que é falta de informação. O ministério está funcionando. Era bom que se informassem direito.”

Alguém confirma?
E o Valor Econômico do dia 17, em reportagem sobre aliança entre o prefeito carioca César Maia (DEM) e o governador do Rio Sérgio Cabral (DEM), comentou sobre a possibilidade de Lula não concordar com a aliança, pois existem “rumores em torno do desejo do presidente” de lançar no ano que vem Gilberto Gil prefeito do Rio. Até rima. Mas alguém aperta o verde e confirma? O Estadão também fala sobre rumores de que Gil pretenda deixar o ministério e talvez dedicar-se à disputa pela prefeitura do Rio: “Seus assessores mais próximos crêem que, se ele deixar o MinC, vai ser para tirar o time de campo também da política”.

Parabéns ao National Kid
O Estado de S. Paulo desta segunda-feira comemorou os 50 anos de consumo do “pop tecnológico japonês”. Desde o seriado National Kid - super-herói inventado pela empresa National para popularizar o rádio com transístor, uma invenção japonesa - até o novíssimo game Blue Dragon, passando por ícones tecnófilos (com o carro de Speed Racer ou inúmeros robôs gigantes), super-estrelas do videogame (Mario Bros., Pokémon) e gadgets para todos os gostos (do Walkman ao Tamagochi), “o fascínio do Japão pela tecnologia criou uma nova cultura: ágil e sensível, exagerada e delicada, emotiva e violenta”.

Mas é tudo por dinheiro!
Mas reportagem pondera: Apesar de carregada de significado, a produção cultural de massa japonesa tem um propósito claro: fazer dinheiro. Mangás viram animes, que viram games, que viram brinquedos, que rendem histórias paralelas, que vendem CDs de música e DVDs e viram até parques temáticos. “É tudo por dinheiro, mas nem por isso deixa de ser uma excelente diversão”, diz o jornal.

Falha nossa
Ficou de fora de nossa pauta do 100canais, e para o nossa surpresa quem estava lá para cobrir foi O Estado de S.Paulo. Com o bordão Legislação, “Audiovisual dá partida para mudar legislação” apontou o que ninguém queria ver: “Tanto cineastas, produtores e exibidores quanto o governo concordam que lei não funciona mais para setor”. O Estadão abriu a reportagem afirmando que, “em apenas 10 anos, a lei brasileira de direito autoral tornou-se insuficiente, inapropriada e caduca para arbitrar as questões do audiovisual”. O que não ficou claro é para onde a família Mesquita pretende levar o debate. Não estávamos lá para ouvir.

Igualdade Colorida
Marco Aurélio de Mello afirmou na Folha de São Paulo de domingo que “A igualdade é colorida”, em artigo sobre os “18 milhões de cidadãos considerados de segunda categoria”. O ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral trouxe à tona debate sobre a criminalização da homofobia. Aguarda ainda apreciação pelo Senado o projeto de lei nº 5.003/2001, que enquadra a homofobia como crime, já aprovado na Câmara dos Deputados, onde tramita também projeto que proíbe os planos de saúde de limitar a inscrição de dependentes no caso de parcerias homossexuais.

Universal de MP3
E o Jornal do Commercio informou que a Universal Music, maior gravadora do mundo, vai testar a venda de músicas de artistas como Amy Winehouse, 50 Cent e Black Eyed Peas, sem tecnologia de proteção contra cópias. A companhia informou em comunicado que vai permitir a venda de milhares de seus álbuns e faixas no formato MP3 sem proteção contra cópias, software conhecido como administração de direitos autorais. O teste da Universal marca uma retirada da empresa da prática comum da indústria. As grandes gravadoras insistem que a tecnologia DRM serve para coibir o que eles chamam de pirataria.

Pingüim na janela
“Imagine você comprar uma casa e ter um cômodo no qual não pudesse entrar e você não soubesse o que acontece lá dentro”, compara o consultor Lucas Filho sobre a “caixa-preta” do formato OOXML da Microsoft, entrevista ao Diário do Nordeste. De olho nessa questão, a comunidade de software livre está organizando um movimento mundial contra o OOXML. O site www.noooxml.org pede para que os usuários votem “não” na consulta ISO DIS 29500 para padronização do OOXML. A página lista oito razões contra o intento da empresa de Bill Gates, dentre elas está a de que já existe um formato aberto padrão ISO 26300, o ODF.

Telefônica Digital
A coluna Outro Canal da Folha de São Paulo do dia 20 disse que a Telefônica fechou acordo com as Organizações Globo e distribuirá por sua operadora de TV paga via satélite o sinal aberto da TV Globo e os canais da Globosat (Telecine, SporTV, GNT, Globo News, Multishow). O objetivo do acordo é impulsionar a recém-lançada Telefônica TV Digital, que poderá competir com os mesmos conteúdos da Net e da Sky, que têm participação acionária da Globo. Depois da Sky, a Telefônica é a primeira operadora via satélite a ter TV Globo.

* Bom deixar claro - Não se pretende neste espaço, em momento algum, criar nenhum tipo de pseudo-observador de imprensa à moda de Alberto Dines, nem a pretensão de este autor ter se auto-intitulado o ombudsman do jornalismo cultural. Longe disso. O objetivo do Caderno 2.0 é inter-relacionar a pauta e a estratégia política dos meios de comunicação. Provocar o debate com o melhor e o pior que o jornalismo permite, sem sequer medi-los, apenas expondo-os. Dos comentários fofoqueiros sensacionalistas, às novas iniciativas e propostas tecnológicas. E assumiremos todas as nossas contradições.



FONTE: Cultura e Mercado
Por: Carlos Gustavo Yoda *

Um comentário:

Anônimo disse...

valeu galera de ipatinga que está conectada nessa rede de conversação sobre políticas culturais. mande notícias dos debates daí, colaborações, pautas. vamos formar juntos essa rede 100canais.. abreijos, yoda..