quarta-feira, 18 de julho de 2007

Pé na raiz, cabeça no mundo

Começa sábado mais uma edição do projeto TIM tambores, que, dessa vez, aposta na mistura de pop e rock, para divulgar e ensinar percussão em Minas Gerais. A programação é gratuita e inclui seminários, oficinas de música, exposições e shows em Uberlândia, Montes Claros, Ipatinga, Juiz de Fora e Poços de Caldas, até 10 de novembro. Também estão previstos três shows em Belo Horizonte, reunindo, entre outras atrações Maurício Tizumba, Tambolelê, Vanessa da Mata, Martinho da Vila, Mart´nália e o congolês Lokua Kanza.

“Esse trabalho não é só arte, é cidadania também. Não é só levar tambores para a periferia, mas sensibilizar as pessoas para a cultura afromineira. É um pé na raiz e cabeça na parabólica para ver o mundo. Não ficamos apenas ensinando menino a ficar quietinho com o tamborzinho dele”, resume Tizumba, um dos idealizadores do projeto. Em seu terceiro ano, o TIM tambores já atingiu cerca de 70 mil pessoas em 25 cidades, com shows e oficinas. Poços de Caldas será a primeira parada do projeto, sábado, com shows de Tizumba, Tambolelê e Pato Fu.

Este ano, o projeto tem três vertentes: tambores e sopros (oficinas para bandas marciais), tambores mineiros (oficinas ministradas pelo próprio Tizumba) e folias, foliões e seus instrumentos musicais (seminários, oficinas e apresentações de grupos tradicionais das cidades de Oliveira e São Francisco). “As bandas marciais são as nossas maiores escolas de música, mas sempre estão indo à falência. Queremos que elas comecem a somar elementos locais à música que fazem”, esclarece Santonne Lobato, do grupo Tambolelê, parceiro de Tizumba desde o início do projeto.

Tizumba e Tambolelê dividirão o palco com Vander Lee, Pato Fu, Tianastácia e Érika Machado, nos shows pelo interior. A fusão de linguagens musicais com o tambor foi fundamental para a continuidade do projeto, como explica Tizumba: “Nessa mistura, eu sempre acreditei. Isso fortalece muito a gente nessa caminhada. É uma mistura feliz. Não é forçada, é até muito natural”. Todas as atividades do projeto serão registradas em vídeo e há possibilidade de que o material dê origem a DVD.

Identidade mineira
Para Santonne, a percussão tem de ser vista como algo que deve definir a musicalidade mineira. “A percussão é a base, é o início da evolução da nossa comunicação. Assim como se vai ao Rio de Janeiro e é pego pelo samba, é um sonho nosso que Belo Horizonte assuma sua identidade sonora. Nós temos uma identidade, mas ela ainda está num cantinho. Estamos tirando isso da periferia e trazendo para o centro”, aposta.

Um dos destaques da programação, a oficina folias, foliões e seus instrumentos musicais inclui, além de palestras e apresentações, uma exposição itinerante de instrumentos musicais (balainho, pandeiro encerado e reco, por exemplo) e objetos do cotidiano típicos do interior mineiro. “Essa é uma oportunidade não apenas de mostrar musicalidade e religiosidade, mas de oferecer conhecimento para quem mora na região. O acesso dessa gente à cultura local não é difícil, mas fica restrito às festas religiosas. As outras influências culturais são muito fortes, e o interesse dos jovens pela cultura regional vem crescendo”, garante Antônio Raposo, coordenador da oficina.


FONTE: Jornal Estado de Minas

Nenhum comentário: