quinta-feira, 30 de agosto de 2007

O ensino de arte circense em debate

Até a década de 1970, quem quisesse aprender os meandros da arte circense só conseguia se estivesse inserindo em famílias circenses ou em circos de lona itinerantes. De lá para cá, porém, o acesso a essa linguagem artística se ampliou muito, por meio do surgimento de escolas fixadas nas cidades - como a Escola Nacional do Rio de Janeiro. É justamente essa transição nos meios de acesso o tema do seminário O Papel das Escolas na Produção Circense Contemporânea, destaque de hoje na programação do 4º Festival Mundial de Circo do Brasil.

A realização do seminário vem reforçar a proposta do evento de não ser apenas fonte de entretenimento, mas, também, de reflexão sobre o fazer artístico. "É importante que as pessoas conheçam a história do circo e de sua produção", destaca Fernanda Vidigal, uma das organizadoras do Mundial de Circo.

Estarão reunidos no seminário algumas das mais importantes academias de circo do mundo - entre elas a Escola Nacional de Circo da Bélgica, a do Canadá, a da França e a Spasso Escola Popular de Circo (BH).

Mediando o debate, duas importantes pesquisadoras da cultura circense: Alice Viveiro de Castro, que foi gerente de projetos da área, na Funarte, durante seis anos, e Ermínia Silva, que, além de mestre e doutora em cultura circense pela Unicamp, é filha de Barry Charles Silva, um dos principais representantes de famílias circenses do Brasil. Além do debate, as duas ainda farão lançamento de seus respectivos livros sobre o circo.

Ermínia adianta que um dos principais pontos a serem discutidos é a função das escolas como força propulsora de uma nova dinâmica entre os artistas. "As escolas não funcionam como agregadoras de novas tecnologias. O circo sempre foi contemporâneo e ligado às coisas de seu tempo, às expressões artísticas e invenções tecnológicas. As escolas, na verdade, têm um importante papel de ampliar a incorporação e a democratização da linguagem circense", avalia Ermínia.

"Antes, a arte circense só era passada de família a família, hoje há maior flexibilidade de aprendizado porque não há necessidade de uma pessoa se incluir num grupo itinerante para aprender. Ao mesmo tempo, cria um novo processo de organização da atividade circense, já que são os tradicionais artistas de circo que dão o pontapé inicial na fundação das escolas", completa.

AGENDA - Seminário "O Papel das Escolas na Produção Circense Contemporânea", de hoje a sexta-feira, das 14h às 17h, na Funarte Casa do Conde (rua Januária, 130, Floresta). Entrada franca (platéia limitada a 200 pessoas); Lançamento do livro "O Elogio da Bobagem - Palhaços no Brasil e no Mundo", de Alice Viveiro de Castro, amanhã, às 20h, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro); Lançamento do livro "Circo-Teatro: Benjamim de Oliveira e a Teatralidade Circense no Brasil", de Ermínia Silva, no dia 31, às 18h, também na Casa do Conde.


FONTE: O Tempo
Por: Liliane Pelegrini

Nenhum comentário: